quinta-feira, 31 de março de 2011

Um euro no desporto poupará pelo menos dois euros em custos na saúde e em termos sociais

A afirmação do deputado finlandês Hanno Takkula à revista Sport et Citoyenetté, ver aqui, não tem eco em Portugal.
Diríamos mesmo mais. Há em Portugal responsáveis que sabem desta realidade porque frequentam reuniões internacionais e o debate científico do desporto demonstra há mais de meia dúzia de anos que o desporto é custo-eficiente.
Este conceito económico significa que o custo com a actividade desportiva é uma aplicação óptima face ao valor assumido.
Não se houve na comunicação social nacional nenhum responsável do desporto discutir nestes termos a política desportiva, não se observa a Assembleia da República assumir uma posição, não existem agentes desportivos privados a dizer que o desporto por, por exemplo, ter um IVA de 23% para as actividades físicas contraria tudo o que a Europa desenvolvida faz.
A contradição gritante é ter-se feito uma Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto para depois não se ser capaz de assumir o impacto custo-eficiente do desporto.
Mais uma vez recordo que a economia está óptima mas que quem é prejudicado por este tipo de política é o desporto, a população portuguesa e os jovens.
Sem a interiorização do efeito custo-eficiente, por exemplo, os responsáveis da educação reflectem nas políticas escolares de desporto a austeridade na sua pior expressão porque de facto nada durante anos tem demonstrado aos portugueses que estão a perder capital humano, social, desportivo e cultural com o desinvestimento praticado sobre o desporto português.

Sem mais comentários, deixo algumas frases do ‘finlandês louco’:
“Sports and sports related activity is Finland's biggest "national movement" and it can be seen in daily life in various ways. This is evidenced by the considerable amount of space in daily newspapers, as well as news programmes, that is devoted to sports coverage. Sport as a health promoting activity is very fashionable in Finland, in both the public and private sectors. Through sports, it is easy to convey values related to health and tolerance. Sport greatly influences and supports activities aimed at fighting against racism, anti-Semitism, xenophobia, homophobia and other forms of discrimination.”


“Given the tight economic times, we “were aware of the budget related challenges, and therefore my sport enthusiastic colleagues and I wanted to launch the Working
Declaration (62) on "Increased European Union Support for Grassroots Sport". We especially wanted to highlight the voluntary and grassroots side of sports, because too often people associate sport with elite organisations, elite athletes and elite competitions such as the Olympics. Indirectly, we also wanted to emphasise the fact that sport has such enormous health benefits. My view has always been that a euro spent on sport will save at least two euros in social- and healthcare related costs. Among the main health areas which sport can play a major role include tackling weight problems, obesity, and chronic conditions such as cardio-vascular diseases and diabetes that arise from them. These must especially be tackled at the grassroots level.
We must make investments in sports since it will always save us money in the long-term and improve Europe's competitiveness. The working declaration which was signed by some 400 MEP's has helped to bring these issues to the wider attention of politicians as well as the general public.”

Está por fazer este discurso sobre o desporto português e está como é este o caso um think tank ter uma revista com intervenções sobre o futuro do desporto, as suas características e princípios.

Programas eleitorais

Agora que vão começar a surgir programas para as eleições e afim de os analisar na parte do desporto

Agradeço que me indiquem por comentário de um qualquer poste onde consultar ou me enviem para ftenreiro@clix.pt

Darei aos programas partidários uma contribuição crítica neste blogue

Não há golpe de asa possível

O cancelamento pela Assembleia da República da cerimónia do 25 de Abril é daqueles que nos explicam instantaneamente porque é que se cancela o desenvolvimento desportivo nacional.

Há quem desconheça o que foi o 25 de Abril, o conteúdo de valores universais que o criaram e a oportunidade de o debater, neste momento, ao mais alto nível.

Com isto, o desporto é um negócio, o Estado é para ajudar os amigos e atrasar a solução competente da crise, a qual pode ser provocada por interesses particulares de quem se recusa a sair e os partidos são incapazes de corrigir a mão de quem terão eleito democraticamente.

Pelo andar da carruagem surge a dúvida de saber de facto as eleições foram democráticas ou terá sido um golpe de um grupo melhor organizado, ou uma panelinha das várias capelas para a partilha do Estado.

Estas dúvidas, que podem questionar a seriedade nas instituições nacionais, alertam como a pressa de assumir o poder pode ter resultados que só mais tarde se verifica serem catastróficos a ponto de ninguém pôr as mãos no lume por elas.

O garantismo do edifício legislativo português assegura os maiores prazos face a exemplos europeus como a Irlanda e o Reino Unido e não protege face aos maiores dislates praticados pelos partidos do arco do governo como a história tão bem está a demonstrar.

Uma certeza na área do desporto: os países que são exemplos universais de produção desportiva possuem regimes democráticos solidamente implantados.

Sobre o debate da privatização da CGD

No blogue The Portuguese Economoy, aqui, diz Ricardo Reis que:

"This debate puzzles me. When I think of the big policy challenges in the Portuguese financial markets in the next 6-12 months, it is not privatizing the State bank that comes to my mind. Rather, it is whether or not to (partially) nationalize the private banks."

A questão sobre as opiniões distintas que as pessoas podem ter é o mais corriqueiro que pode haver para a saúde intelectual da sociedade portuguesa.


Entre os economistas a privatização da CGD toma posições diferentes prós, Álvaro Santos Pereira, e contra, Pedro Lains, enquanto Ricardo Reis coloca em cima da mesa a hipótese da nacionalização de alguns bancos privados portugueses.



No debate no Colectividade Desportiva sobre as questões do Direito do Desporto assumir posições diferentes da nomenclatura é heresia por parte de pessoas que assinam anonimamente e sugerindo que assumem posições oficiais.

A sugestão que instituições públicas e privadas de topo apenas se expressem pelo anonimato é uma figura inteiramente comprometedora, para não ir mais longe, para as ditas instituições.



Tomemos um caso em concreto relacionado com a economia do desporto e o tratamento que lhe é dado pela legislação portuguesa.

A comunidade espanhola de Valência publicou uma Lei do Desporto e da Actividade Física a qual possui inúmeras referências à economia e aos princípios económicos a que sujeita a produção da actividade desportiva valenciana.

Por este exemplo se vê o péssimo preconceito intelectual e o unanimismo do legislador e do decisor que na Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto de Portugal não usa uma única vez o termo economia e dela foge como 'o diabo da cruz'.

Mais importante ainda é que as consequências desse procedimento de retirar por lei a economia ao desporto português tem consequências que ou o legislador ignora ou actua com determinação clara, assumindo o prejuízo para o desporto, o que num caso e noutro é um acto preconceituoso contra o desporto português.

Estes actos não são contra a economia, eles são contra o desporto português porque para tratar das questões económicas do desporto os instrumentos mais eficientes são instrumentos económicos e não de qualquer outra ciência do desporto.

O que não quer dizer que a economia seja a única mas o que torna a liquidação efectiva da economia no desporto um acto gravoso para o desporto português é que se oferecem outras soluções como se fossem igualmente eficientes ou matando o debate técnico sobre o conteúdo e as implicações das políticas em todas as suas dimensões.

A história dos fundamentos e das consequências destes comportamentos poderá ser feita no futuro quando passar a haver mais informação e estatísticas que actualmente ou não são divulgadas ou não se sabe como analisar e compreender.

Desporto escolar desliga actividades desportivas

O desporto escolar depois de tentar acabar com o desporto escolar secando os professores passou para outro nível sugerindo que se limitassem actividades desportivas.

Desligar actividades é mais um erro a juntar aos anteriores.

A actividade desportiva para os jovens não se desliga, esteja o país como estiver.

A actividade desportiva para os jovens incentiva-se para acumular ininterruptamente capital humano e social num momento em que deve ser acumulado ou nunca mais o será.

Em Portugal há políticos, responsáveis públicos e ministérios que desconhecem estas questões simples da produtividade nacional.

Na avaliação das agências de rating

A avaliação do rating do desporto é realizado pelas próprias federações que competem entre si para conseguirem melhores resultados quanto ao impacto nacional, europeu e global das suas competições e pela performance nos Jogos Olímpicos para as modalidades lá representadas.

A União Europeia, ver aqui, questionou a agência S&P pelo último rating atribuído à Grécia iniciando um processo de retroversão no que até agora era domínio de intervenção apenas destas sociedades americanas de avaliação financeira.

Esta acção da UE mostra a plasticidade das novas e competitivas relações económicas e financeiras mundiais levando a incerteza através de uma intervenção pública para um domínio onde as agências privadas eram soberanas.

Na verdade a relação entre o domínio público e o privado das actividades económicas deve ser competitivo visando objectivos de desenvolvimento e estabilidade.

Ao desporto português faltam os objectivos de desenvolvimento e os agentes privados e públicos comungam de relações malsãs de estabilidade do 'business as usual' na cauda do desporto europeu.

O rugby discrimina produtos e preços

Os jogos de rugby das selecções nacionais são o exemplo da gestão de discriminação de actividades do rugby e de preços que outras federações deveriam prosseguir.

Quando há jogos da selecção nacional de rugby a federação organiza logo de manhã actividades com escalões dos jovens para os concentrar para a competição principal que acontece na parte da tarde.

Para além desta discriminação de actividades para interessar e levar ao estádio os adeptos e praticantes do rugby a federação cobra as entradas através de preços diferenciados.

Há vantagens de duas ordens com este procedimento:
  1. praticantes de rugby
    1. promover a excelência do rugby nos adeptos e praticantes jovens para criar os adeptos do futuro da modalidade
  2. receitas da federação
    1. directas - angariar alguma receita que no início será de menor monta para investir na estrutura da promoção
    2. indirectas - conseguir encher o estádio e assegurar para os patrocinadores uma maior audiência dando um maior retorno para o financiamento dos patrocinadores que neste caso terão sido a CGD e a Superbock
O rugby quando conseguiu vitórias significativas com as selecções de Tomás Morais ganhou uma visibilidade que lhe permitiu avançar para a remuneração dos espectáculos de rugby dados pela selecção.

Outras modalidades não poderão de um momento para o outro começar a cobrar receitas dos seus jogos, haverá que criar produto de excelência para conseguirem começar a obter receitas privadas.

Este transformação e alavancagem de receitas pode ser fortemente remuneradora conseguindo a modalidade alcançar um limiar de massa crítica.

A discriminação de produtos é um complemento da actividade regular ao nível dos clubes mais pequenos e o investimento no carácter lúdico das actividades ao nível mais baixo e suscitadas por um evento com a selecção nacional são dois aspectos onde a actividade das federações deveria ser incentivada.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Desporto e Actividade Física

Para a identificação do sector este deveria ter apenas um nome: Desporto.

Muitos outros sectores são conhecidos como Economia, Cultura, Direito, Engenharia, Saúde, Transportes, Finanças, etc.

No domínio da economia do desporto investigadores como Gratton e Taylor (1985, 2000) Sport and Recreation, e Downward, Dawson e Dejonghe (2009), Sports Economics: theory, evidence and policy, entre outros usam a definição do Conselho da Europa. Para os economistas a definição do Conselho da Europa mantém-se actual.



Tenho a ideia de que a actividade física, que acompanha o desporto em inúmeros documentos em voga na Europa, surgiu para além do querer das instituições desportivas federadas.

O título ‘desporto e actividade física’ ou vice-versa parece uma redundância se se considerar a definição de desporto de acordo com a sua essência.

A definição da Carta Europeia do Desporto do Conselho da Europa é um conceito útil porque tem os elementos bastantes para conseguir uma definição de desporto.

Nesta definição de desporto encontram-se os seguintes elementos:
1.    Todas as formas de actividade física;
2.    Jogos tradicionais e competições;
3.    Organização casual ou regular;
4.    Expressar o:
a.    Aumento da capacidade física;
b.    Bem-estar mental;
c.    Formando grupos sociais;
d.    Obter resultados em todos os níveis.

Como ler estes elementos na perspectiva de definição de desporto:
1.    A actividade física é o elemento nuclear de toda a actividade desportiva seja amadora ou profissional;
2.    A competição é a actividade que mede a actividade física nuclear seja a amadora ou a profissional;
3.    Toda a prática de desporto da base ao topo gera co-produtos e externalidades, por exemplo para poupar dinheiro na saúde;
4.    Existem níveis distintos de prática desportiva daí o amador e o profissional como níveis de uma estrutura.


Ou seja, a definição em múltiplos documentos europeus de ‘desporto e actividade física’ é uma redundância porque desporto é e contém na sua essência actividade física.

Há questões adicionais que reforçam a pirâmide de produção desportiva e que foca a pirâmide de produção desportiva cuja propriedade pertence às federações.

A actividade física individual é uma forma de trazer para fora da pirâmide a actividade de base dizendo que são as pessoas que não querem pertencer à estrutura federada.

Podendo aceitar-se o movimento do consumo desportivo para a informalidade o essencial acaba por ser para muitas pessoas a pertença a uma estrutura social chamada clube e que se encontra integrada numa estrutura produtiva vertical.

Esta a razão para as federações não terem compreendido o que se estava a passar à medida que lhes eram propostas definições de actividade física desintegradas do conceito de desporto.

Se a actividade física aparece fora do desporto então as actividade física pode existir plenamente fora da estrutura federada.

A questão é que é a estrutura federada que melhor possui os níveis de apuramento eficiente das actividades físicas de cada nível de produto desportivo.

O informal sendo uma possibilidade é de dificil acompanhamento e é mais cara do que a produção federada eficiente.

Será o futebol a salvação do país

Os economistas discutem a venda ou a não venda da Caixa Geral dos Depósitos e da TAP agora que estão baratinhos e os aforradores e grandes empresários portugueses não têm dinheiro para as comprar.

Por exemplo, Álvaro Santos Pereira, aqui, não tem objecções intransponíveis e Pedro Lains, aqui, já apresenta dúvidas substanciais. A distinção é que Pedro Lains conhece a história da CGD e daí a sua relutância em promover a sua venda.

Contudo a venda de património público é mais complexa e o património do Estado está actualmente a ser transaccionado para a uma sociedade pública chamada Estamo que paga por 10 para vender por 100 ou para arrendar aos próprios, que acabaram de ser beneficiados com os 10 e que com as rendas que irão pagar dentro de alguns anos definitivamente retirarão benefícios negativos do negócio colocado pela empresa pública.

Estas actividades dão uma pálida ideia do que se faz com a contratação de jogadores de futebol sendo que no caso do futebol compram-se e vendem-se direitos de jogadores que cada vez mais são estrangeiros e não activos nacionais e geradores de valias financeiras entre outras funções sociais de não menor monta.

A Estamo terá actividades equivalentes aos clubes de futebol sendo que neste caso algumas são actividades que deixam os sócios desesperados.

De qualquer modo o desporto tem nestas compras e vendas vantagens definitivas, quanto ao saber-fazer, sobre o Estado português porque há décadas que os líderes desportivos do futebol são capazes de criar equipas vencedoras da Champions League, depois vendem os melhores jogadores e treinadores que conseguiram a vitória e no ano seguinte partem para novas vitórias, como é do conhecimento de todos.

É espantoso do momento que vivemos observar como procedimentos que se pensavam ser de melhorar no futebol e encontrar e trabalhar filosofias de acumulação de capital humano e social nos grandes clubes para lhes garantir performance estáveis no topo do futebol europeu e no longo prazo, afinal os comportamentos a evitar surgem como soluções de eleição do Estado português.

Pessoas que dá gosto falar e trabalhar, particularmente

Há muitos anos tinha acabado de fazer e de ser publicado um livro de estatísticas do desporto e diz-me um presidente de uma federação.

"Estive a ler o livro e você fala muito mal da minha federação!"

"Ainda bem que o escreveu porque é aquilo mesmo que eu tenho dito a todos na minha modalidade."

Há outros presidentes e funcionários das federações que não falam, não discutem, apesar de lerem.

Há outros que discordam, porque sim.

Para outros ainda é indiferente e odiarão falar desse tipo de coisas.

É evidente para mim que o primeiro tipo é o mais interessante.

Todos são importantes e para todos é necessários trabalhar.

Os primeiro são muito poucos e há que trabalhar para que o seu número aumente independentemente do risco.

É um desafio aliciante trabalhar essa realidade nacional.

Dimensões reais e potenciais

As dimensões desportivas, organizacionais, económicas e sociais dos clubes portugueses são desajustadas da realidade desportiva europeia.
Pode especificar-se que a actual dimensão associativa do desporto é incomportável com uma dimensão potencial do desporto português.

Distribuem-se recursos públicos aleatoriamente como no passado e com a dimensão do protagonista privado sem uma avaliação do custo e do benefício da decisão.
As organizações desportivas actuais não têm estrutura de autonomia e assumpção do risco própria dos agentes privados e dessa forma a contratação pública é frágil porque negoceia com agentes menores sem relevância no exigente mercado desportivo europeu, dos mais fortes em todo o mundo.
O potencial do desporto português apenas se resolverá com programas dirigidos ao associativismo do desporto no respeito das suas responsabilidades e na garantia de remunerações para o nivelar europeu, às instituições privadas desportivas que acompanharem as exigências colocadas por programas nacionais bem definidos legislativa e financeiramente.

Isto é fácil de dizer e é mais difícil de fazer.
Para isso haverá de se saber o que se quer dizer, para onde se está a ir e como se irá cumprir o que se disser como vai ser.
O tempo nacional que leva a responder e alcançar os desafios da média europeia demonstra ‘preto no branco’ como existem diferenças de grau e dimensões distintas que materialmente irão manter Portugal no lugar onde está, face aos seus concorrentes directos no mercado do desporto.

Dizia ontem António Nóvoa, que por sinal já demonstrou saber melhor que outras pessoas o que é o desporto, que a universidade não tem estado activa a resolver os problemas nacionais e que a universidade não lida bem com a exposição pública.
Creio que a universidade do desporto vive neste mundo ausente e mesmo quando colocada à mesa da administração pública trás os seus arquétipos e problemas em vez de assumir o papel transformador de uma visão articulada entre Estado e universidade.

Conviria que o desporto beneficiasse da resolução das contradições kafkianas que António Nóvoa sugeriu que a universidade sofre por parte do Estado e que o desporto igualmente acolhe.

Ontem foi mais um momento de convulsão da consciência nacional no prose contras a discutir a universidade e o país.

O desporto não estava e não esteve lá.

Quando Krus Abecassis queria a Feira Popular em Belém

O repúdio da população aumentou quando se começou a concretizar o projecto que visava aproveitar os terrenos da Feira Popular para o imobiliário.

O melhor sítio para colocar a Feira Popular era frente aos Jerónimos e ao palácio do Presidente da República.


Desde há alguns anos a ideia de vender a Lapa para o imobiliário para salvar a dívida das finanças e da República é de igual jaez.

Afinal se existe bairro mais nobre é o da Lapa onde existem embaixadas, palácios, uma faculdade, a Assembleia da República, a residência do Primeiro-Ministro para além de um bairro popular que se vai transformando como já aconteceu com o Bairro Alto e que mantém também populações modestas.

É neste nicho alfacinha que se quer colocar um imobiliário e eventualmente um centro comercial e sabe-se lá mais o quê.

O Complexo Desportivo da Lapa de facto pode perder algumas das suas características desportivas actuais mas deveria ser o centro cultural de uma zona de excepção.

Tanto no tempo de Krus Abecassis como agora "há pessoas que não as pensam" são ignorantes e perigosas e não concebem o que é o potencial da Lapa e do Complexo que deveria ser um centro de vida comunitária com áreas culturais, desportivas e de outras valências que não me cabe aqui discorrer.


De facto o Complexo da Lapa deveria ser apropriado pelos seus residentes, principalmente pelos intelectualmente mais interessantes e interessados, para que dissessem o que esperavam daquele espaço e as instituições locais deveriam ter o direito de propriedade do mesmo.

O inquérito à população e às suas forças vivas e um concurso de ideias certamente traria para o bairro da Lapa uma face renovada e a capacidade de resolução de desafios que certamente este bairro possui e que pela sua história mereceria ver concebida e criada, para alem de abrir janelas para o futuro e o bem-estar comum de lisboetas de diversa origem.

Construir mais propriedade imobiliária e centros comerciais iguais ao que por aí prolifera é uma solução que retira valor económico à propriedade da Lapa que está num patamar superior de oferta de história e cultura para bem viver e ser lisboeta.

Para isso é necessário que haja líderes que assumam o projecto de excelência único para a Lapa.

Sendo a Lapa residência de tantas pessoas importantes é de ter a certeza que se o imobiliário tiver sucesso no Bairro da Lapa de Lisboa então pouco mais haverá que esperar de muito mais coisas neste país.

terça-feira, 29 de março de 2011

This country is hungry for greatness

Esta frase atribuída a Nelson Mandela, no filme Invictus de Clint Eastwood e protagonizado por Morgan Freeman, encerra a acutilância da percepção de Mandela para o que de essencial concebia para a África do Sul.
Mandela serviu a África do Sul fracturada através de um instrumento do regime racista percepcionando a essência do desporto olímpico de todos os tempos: a galvanização dos povos através do ideário em torna da excelência desportiva.
Em nenhum momento do filme se observa que Mandela se tenha servido do rugby e do desporto em proveito próprio.

Devemos ter vergonha de frases e discursos que realçam a pequenez de Portugal o que é uma redonda mentira.
Na Europa os países mais pequenos possuem produtividades olímpicas superiores aos grandes países.
A pequenez existe e reside nos líderes que são incapazes de equacionar um objectivo de grandiosidade para Portugal no desporto global.
Essa pequenez é infame para além de passar inteiramente à margem da ética olímpica que a Europa toda pratica e que em Portugal há quem assegure que se pratica.
Podia lá ser de outra forma?

Procura-se um Mandela para o desporto português!

segunda-feira, 28 de março de 2011

No Sporting o importante é tratar da sua vidinha?

Já por duas vezes chamei à atenção para a importância de umas eleições transparentes no caso do Atletismo, que afinal não se concretizaram, e no caso do COP para 2000 e tal.

Porém, a situação do desporto nacional é muito mais difícil.


As eleições do Sporting demonstraram como pequenas coisas como o regulamento eleitoral são relevantes para a democracia interna e para a imagem do futebol e do desporto.

Isto tem menos a ver com leis da república e regulamentos da UEFA e FIFA do que de pessoas que se esperaria ter a casa arrumada e, afinal, pouco fazem e falham serviços mínimos quando ocupam cargos.

Não tendo ouvido certas pessoas queixar-se de salários, cartões de débito e outros benefícios em atraso, supõe-se que receberam em tempo oportuno todo o acordado com a instituição.

Ouvir estas pessoas na televisão e ver as entrevistas nos jornais é um exercício da mais alta erudição pelo ideário exposto com veemência, por vezes em altos berros.



O trabalho para o futuro do desporto português é grande, é preciso ser humilde, é preciso arriscar, é preciso assumir as suas responsabilidades no momento certo, é preciso estudar, conceber novas soluções, discutir, consensualizar, criar objectivos possíveis e europeus, instrumentos eficientes, e é preciso tanto fazer cumprir o que se acorda, como reanalisar e encontrar soluções de continuidade face aos princípios que se acordaram prosseguir.

Este trabalho é de muito longo prazo e de elevado nível de exigência porque haverá sempre um Bruno Carvalho que, com as suas limitações, poderá trazer novo sangue, como haverá um Godinho Lopes assente em valores tradicionais, independentemente das restrições que possam introduzir ao desenvolvimento.

É a democracia dos debates, do funcionamento das instituições e do respeito pelos princípios superiores em prol da população, dos praticantes e dos adeptos que manterá este processo no sentido certo.



Dias Ferreira é um duplo derrotado nas urnas e na turva eleição que deveria ter sido o primeiro a garantir a transparência e a eficácia e também o bom comportamento dos seus associados mais intransigentes.

Agora os votos estão nas mãos da polícia.

Um lindo serviço e amanhã vão pedir ao Tribunal Arbitral do Desporto em Lausane na Suíça para resolver a situação depois do Tribunal Arbitral do Ministério da Justiça de Portugal ter decidido aquilo que alguém intransigentemente não vai concordar.

Há PEC's e PEC's, há ir e voltar

As afirmações de Braga de Macedo, ex-ministro das finanças dão algumas pistas para a situação do desporto quanto ao Plano de Austeridade em Curso. Ver link do Jornal de Negócios aqui.

BM refere que "Um programa de ajustamento é austeridade e crescimento, tem de ser verdade dos dois lados. Senão as pessoas começam a pensar que lhes vão ao bolso só por incompetência.”

No desporto nos últimos anos o que se assistiu foi ao financiamento no alto rendimento, à relevância das infra-estruturas desportivas e à recusa objectiva de apoiar o fomento da prática desportiva da população e da modernização do tecido associativo de base relacionado com os clubes de bairro.

Em virtude destas opções de política desportiva o crescimento da produção de desporto é nulo ou negativo, tanto no alto rendimento, como nos outros níveis de produção desportiva. As federações têm menos praticantes inscritos e do informal nada se sabe mas pensar-se que há mais praticantes com a actual crise é capaz de não ser muito certo.


Sobre o FMI diz o artigo: “Será inevitável a intervenção do FMI e do Fundo de Estabilização em Portugal? “Inevitabilidade não é maneira de pôr. É um instrumento". “

E acrescenta sobre a qualidade do PEC: “Quanto ao plano de austeridade, Braga de Macedo diz ser fatal o facto de as medidas estarem a forçar os impostos em vez de forçarem as despesas. "O PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento) tem de existir, tem de ser credível politicamente e para os mercados. Este não era uma coisa nem outra".”

Estes dois elementos o PEC e a sua qualidade sugerem ao desporto a oportunidade de propor a adequação das medidas de austeridade ao desporto e colocar medidas alternativas que navegando nas águas nacionais, para não surgir como uma recusa intransigente, aproveitar os meandros das decisões tomadas para obter vantagens decisivas na grave crise que Portugal atravessa.


Por fim refere o Jornal de Negócios: “O ex-ministro das Finanças defende que as contas portuguesas deviam ser auditadas pelo FMI. "Está a haver inquietação excessiva com o pedido, mas eu preferia queria saber a situação da economia e das contas públicas". “

 
O desporto necessita de se conhecer.

Só com estudos e estatísticas esse conhecimento pode ser frutuoso para todos.

Os estudos e as estatísticas abrirão oportunidades para a dinamização e racionalidade do mercado do desporto.

domingo, 27 de março de 2011

Maravilhoso mundo da distribuição

No Caderno de Economia do Expresso, de 26 de Março de 2011, Nicolau Santos ilustrando o mercado da distribuição dá a imagem do que se passa em alguns sectores do desporto e da explicação para a morte dos clubes de bairro.

O que acontece na distribuição é que a concentração do comércio nas mãos dos hipermercados continente e Pingo Doce alcança 50% do mercado nacional da distribuição enquanto em Espanha os correspondentes Mercadona e El Corte Inglés têm uma quota inferior a 13%.

Se a história da morte das mercearias de bairro está por fazer quanto aos seus impactos sociais, no desporto essa realidade é fácil de equacionar no alto rendimento e no capital humano e social que é retirado ao país para o seu desenvolvimento sustentado.

Portugal está no último lugar europeu porque lhe falta o tecido associativo de base especializado para apurar localmente as valias humanas que os clubes locais fazem bem e de forma económica.

No desporto a morte do tecido associativo desportivo faz-se pela maior actuação das federações a nível local com preços socialmente mais elevados, pelo decréscimo da relevância das associações que acompanha o estrangulamento dos clubes locais, pelo surgimento dos ginásios nos bairros das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e das cidades médias aproveitando o desenraizamento das populações urbanas e pela valorização dos clubes médios e dos grandes clubes que conseguem ter sucesso num ambiente empresarial com finalidade lucrativa. Há clubes médios como Lisboa Ginásio ou o Ateneu com dificuldades de afirmação que anunciam a falência.

O associativismo desportivo de base e toda a sua estrutura são a base do desporto moderno.

A estrutura de produção privada criada em Portugal nos últimos anos não tem capacidade de se sustentar no mercado onde não consegue colocar a totalidade dos seus débitos e dependendo muito da acção do Estado caminha para a falência porque nenhum Estado europeu tem dinheiro para financiar toda a actividade desportiva e consegue através da racionalidade económica financia o potencial da actividade desportiva pelo seu custo mínimo.

Desta forma se demonstra uma vez mais que o problema é o país e o desporto tem uma menor 'culpa' do caminho que leva a falência do desporto nacional.

O Desporto não é uma ilha rodeado de crise

Diz Daniel Bessa, no Expresso de 26 de Março, pg 3, do Caderno de Economia que:

"O Estado português está há muito em processo de falência."
...
"Não vejo outra solução que não seja falar verdade (enfrentar a realidade, dizia aqui, apenas duas semanas atrás) Saber do que falamos e de quanto falamos (municípios e regiões autónomas, empresas públicas, BPN, parcerias público-privadas, avales prestados) e tentar um recomeço. Não vai ser fácil; e, sem verdade, será impossível. É a maior de todas as mudanças que espero de um novo ciclo político."



O desporto não é uma ilha isolada rodeada de crise nacional.

O desporto deveria ser capaz de falar da sua produção de alto rendimento, do desporto dos jovens em idade escolar, da finalização do ciclo de Londres 2012, da falência dos clubes, das licenciaturas de desporto, da investigação em desporto aplicável ao desenvolvimento desportivo, da criação de um único Museu do Desporto e qual a melhor oportunidade para o fazer, e, principalmente, da definição de um objectivo consensual que chegue a todos estes segmentos relevantes.

Tocar em cada uma destas matérias mexe com interesses que determinam o nível de produção do desporto que está na cauda da Europa.

Se um responsável tem interesse lucrativo numa compra ou venda para a sua organização o produto da organização é corroído por uma margem que o mercado não justifica. Estas margens pequenas e irrisórias quando acumuladas impedem a definição e o assumir de objectivos maiores que são ínfimos no contexto nacional.

Portugal necessita de levantar 8,3 mil milhões de euros nos próximos dois meses e vai pagar juros anuais de 8% que corresponde a um valor anual de mais de 600 milhões de euros. Este valor fica próximo de quase do dobro do que o desporto recebe das autarquias e do Estado.

Ou seja, o desporto 'não conta' para a falência nacional de que fala Daniel Bessa e que é muito maior do que as necessidades de curto prazo, mas é compreensível que vai 'comer pela medida grossa' por essa sua insignificância como demonstrou o caso do aumento do IVA para 23%. Alguns dirão que há sectores do desporto mais iguais do que outros e passarão incólumes desta tempestade e essa é das questões que importava analisar com verdade.

A verdade que sugere DB é o desporto não saber dizer que faz parte da grande solução nacional para a situação de falência do país e que a pequenez nacional do desporto foi feita pelos mesmos princípios e processos que criaram a falência do país.

O desporto está silencioso porque ‘tratou da sua vida’ e de vez em quando produziu um resultado que deixava todos contentes. Depois vinham os escândalos que o sector nunca criticava e corrigia, porque outros faziam o mesmo, e as coisas tornavam-se difíceis.

Passaram-se décadas nisto, os clubes de base faliram, os ginásios são a solução científica que as universidades alimentam com licenciados empreendedores para o desemprego ou para arejarem as poupanças das famílias que rapidamente se arrependem, as novas empresas de desporto são alimentadas pelo Estado central e local porque são eles que produzem o desporto bom e sofrem a concorrência dos clubes de bairro.

A verdade de Daniel Bessa é um caminho longo porque o discurso está contaminado pelo que os agentes se envolveram na melhor das boas vontades para produzirem mais e melhor desporto e o melhor que conseguiram foi ficar no último lugar europeu.

É este o processo de falência desportiva em que nos encontramos e sobre o qual importa falar verdade.

sábado, 26 de março de 2011

A crise económica sugere que o modelo do desporto nacional possa estar desajustado

A crise macroeconómica de Portugal exige que todos os sectores da actividade se ajustem a uma realidade diferente da que viveram na última década.

O desporto tem problemas próprios e tem desafios que lhe vão ser colocados pela realidade macroeconómica.

Que problemas tem o desporto português?
1.       Tem um problema no modelo de desenvolvimento cujas características principais são a regulação pública estar centrada no alto rendimento, a regulação privada não maximizar o interesse humano, social e económico do seu produto e haver uma captura sistemática dos produtos que são propriedade do associativismo desportivo de base;
2.       Tem instituições formais e informais insuficientemente e também tem algumas mal definidas;
3.       Não se rege e não instrumentaliza os princípios desportivos maiores relacionados com o olimpismo, a ética e o fair-play;
4.       Tem uma definição de objectivos políticos inadequada para os termos que regem os competidores directos de Portugal ou seja os países com dez milhões de habitantes, de média dimensão territorial no continente europeu mas que são por tradição os produtores de bens e serviços desportivos de referência em todo o mundo.
5.       A imagem do desporto na sociedade e economia portuguesa caiu depois do Euro2004 fruto de erros de estratégia dos líderes desportivos

Quais são as características da crise macroeconómica nacional?
1.       Existe uma dependência nacional do financiamento público;
2.       Há sectores que conseguem alterar a sua produção valorizando os produtos transaccionáveis enquanto outros que geraram maiores benefícios financeiros recentemente atravessam maiores dificuldades;
3.       As margens de lucro que garantem o rendimento das famílias e patrocina as actividades desportivas estão e ainda vão ser esmagadas;
4.       Os sectores não transaccionáveis como a educação, saúde e segurança social, entre outros, e que financiaram alguma actividade desportiva, cortarão igualmente a sua despesa relacionada com o desporto;
5.       As políticas de austeridade nacionais e europeias irão ter um impacto adverso e particular no desporto.

O que fazer neste quadro genericamente descrito será, por exemplo, pensar, debater, estudar, consensualizar objectivos e estratégias para lá chegar, actuar e fazer por cumprir o consensualizado e, por fim, reanalizar os resultados para acertar a melhor via para os objectivos definidos.

Esta actuação tem uma diferença em relação ao passado.
No passado tudo o que era feito, era estupendo e em coisas estupendas não se mexe.
No futuro para bem dos nossos filhos é bom que as coisas que devem mexer se mexam e se mexam para melhor.

Nenhum país do mundo enfraquece o investimento no alto rendimento

O prémio Nobel Paul Krugman fala de Portugal e dos impactos esperados da austeridade. Ver link aqui.


Apliquemos estas preocupações à essência e viabilidade do alto rendimento nacional.


A austeridade actual alerta-nos para o modelo de produção desportivo nacional.

O alto rendimento tem uma das intensidades de capital por resultado produzido, tão alta como os sectores de ponta na ciência e na investigação.

Fazem-se investimentos de muito longo prazo para contratação dos melhores especialistas e trabalha-se com os melhores de acordo com as condições que o seu trabalho exige.

O Reino Unido assumiu por inteiro o custo dos Jogos Olímpicos de Londres apesar da crise que atravessa.

A Grécia já o tinha feito anteriormente em 2004 com as consequências que se observam na falência do país e que chamam a atenção para a necessidade de não fazer os projectos megalómanos dos gregos.


O problema de Portugal é não trabalhar visando objectivos segundo os princípios científicos e técnicos mas andar atrás de ideias que equipas de pessoas voluntariosas definem e que são reconhecidos como os únicos possíveis num quadro já coarctado do seu potencial.

É esta a essência do debate que se faz no Conselho Nacional do Desporto e que acontece há décadas.

Há projectos que se fazem como os Centros de Alto Rendimento que necessitam de estruturas que vão da prática desportiva informal da população ao envolvimento económico e social em torno do alto rendimento e que Portugal não tem porque nunca entregou o trabalho de concepção do desporto nacional a pessoas a quem foi dado esse objectivo específico.

O processo de política desportiva mais complexo que o desporto português possui é o de conversar com os líderes desportivos sobre os problemas que possuem para manterem as suas organizações em funcionamento.

Isto foi feito por exemplo em meados dos anos noventa para decidir que infra-estruturas iam ser financiadas com os dinheiros comunitários e depois veio a ideia da candidatura ao europeu de futebol para salvar o Dr. Gilberto Madail e o Governo pegou logo nela e depois fizeram-se as instalações até chegar à construção dos CAR’s.

Agora, antes da demissão do governo, pretende-se fazer um programa de longo prazo e as federações esfregam as mãos de contentes porque o programa vai ser feito por elas no seio do CND.

O desenvolvimento desportivo nacional conseguido com a acumulação de capital desportivo que apesar de tudo se faz nas federações e nas estruturas desportivas gera resultados pontuais que morrem seguidamente à medida que os factores decisivos que suscitaram o crescimento fenecem.

Assim, os projectos desportivos nacionais nascem e estão sujeitos às dificuldades que a sua actividade de intensidade técnica e económica sofrem do meio envolvente.

A crise actual estará a repercutir na produção de alto rendimento as dificuldades do país porque faltando ao projecto os meios, estes deixam de fluir e políticas como as de austeridade são aplicadas sem proteger a especificidade do alto rendimento.
Para terminar, como realcei a fraca estrutura envolvente acaba por afectar o produto do alto rendimento em vez de o potenciar.

Se não há prática desportiva informal e praticantes federados em dimensões críticas elevadas para alavancar a complexidade da estrutura produtiva, por si só, o modelo do alto rendimento é incapaz de suster o impacto da austeridade e de manter o nível de prestação próprio do alto rendimento de nível europeu.

Esta é uma situação que a generalidade dos líderes desportivos não entende, não quer ouvir e recusa-se a equacionar senão para discutir a quadratura do seu círculo familiar.

Afinal o sucesso de hoje da seu alto rendimento que tanto orgulho dá a alguns dos nossos políticos, pelo menos é o que eles deixam entender, é o sucesso pequeno de pessoas de boa vontade que dão o seu melhor e que consideram a mais não serem obrigados.

Daí o assumirem serem o alfa e o ómega do bom desenvolvimento desportivo nacional.

Sem nenhum segundo sentido tenho de admitir que estão absolutamente certos.



Só que … Só que esse desporto dos grandes líderes desportivos portugueses está na cauda da Europa e olhar para o futuro mostra que este posicionamento é insuficiente, incapaz, incompetente e eticamente inaceitável para aqueles que são os beneficiários do desporto moderno e que são a juventude e a população portuguesa.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Alguém devia-lhe dizer que basta, o que basta

Terá falado demasiado em mais de uma ocasião, disse coisas que há pessoas que não o dizem e as coisas descontrolaram-se.


Portugal perdeu o Mundial e Portugal foi enxovalhado ao levar um caso ao Tribunal estrangeiro, o que não devia lá ter chegado.


Era bom que tivesse amigos que o aconselhassem bem.


As crises actuais que afectam o desporto português exigem a atenção de todas as pessoas e o Tribunal colocou um ponto final que deve ser respeitado.


As pessoas já compreenderam alguma coisa de tudo o que se passou e tiram as ilações desses factos.


É mais importante para o seu currículo continuar a sua vida e fazer o que sabe fazer melhor ganhando competições para aqueles que o contratam do que tirar o esforço adicional daquilo que a Justiça já deu.


É rico porque é um profissional de sucesso e de fama mundial e deve ser magnânimo fazendo coisas que levem a população portuguesa a admirá-lo ainda mais pelos seus feitos nos campos de jogos de futebol e não nas salas dos tribunais.

Pede ao supremo magistrado da nação que actue, envolvendo terceiros num processo em que quem atirou uma das primeiras pedras está claramente definido por todos os tribunais.

A sua riqueza aumentará ainda mais se se concentrar no seu trabalho e ganhar muito mais competições, inclusive procurando compreender o que se passou na África do Sul, e estava na sua mão e de mais ninguém trazer a Taça para Portugal, como ele tinha prometido aos portugueses que ia fazer.

O desporto pode ajudar a identidade europeia

Neste link é possível aceder às declarações de Laurent Thieule, presidente de o think-tank europeu Sport et Citoyenneté, acerca da construção da identidade europeia através do desporto.


Diz Laurent Thieule telegraficamente:
  1. O desporto é uma porta para a construção de uma identidade europeia comum;
  2. O desporto é um meio para a União Europeia mobilizar os seus cidadãos;
  3. O desporto pode, especialmente em tempos de crise, ser um catalisador para a política da União Europeia o qual pode valer o seu peso em ouro;
  4. É do conhecimento comum que o desporto unifica e quebra barreiras entre as pessoas permitindo-lhes conhecer-se reciprocamente;
  5. Acreditamos que o desporto pode ser considerado como uma cultura comum europeia e um denominador para todos os povos europeus;
  6. Descreve o desporto como um veículo tremendo para a educação e a cidadania;
  7. Muitos membros do Parlamento Europeu acreditam no poder do desporto;
  8. O investimento da UE deveria focar na promoção da igualdade e desenvolver o desporto como um instrumento para a inclusão para combater a discriminação relacionada com o racismo, sexismo e a homofobia;
  9. Rejeita as acusações de dominação do futebol e afirma que o futebol pode servir como um modelo para outras modalidades;
  10. O que interessa é a existência de desejo político.


A questão é semelhante para Portugal que constatou com o Euro2004 como o desporto foi um catalisador da população, organizações e instituições nacionais quanto à sua identidade única e que num momento de crise como o que actualmente vivemos poderia resultar em benefícios extraordinários semelhantes.

Portugal também sabe que em todos os Jogos Olímpicos a mobilização da sua população é um momento de exaltação e que tem pecado por manifesta exiguidade.
Este é mais um dos inúmeros argumentos que demonstra como o desporto é um instrumento que contribui para o fortalecimento da identidade, para a acumulação do capital humano e social e a produtividade nacional.

As medidas de austeridade que recaem sobre o desporto podem ser fortemente contestadas pela sua irracionalidade cega e contribuição para a destruição de capital humano e social nacional, precisamente no momento em que as valias do desporto mais deveriam ser incentivadas.

Acontece que não existem dirigentes desportivos nacionais capazes de fazer este discurso e de se baterem por estes valores europeus em benefício do desporto nacional.

Portugal tem de ganhar o interesse pelos seus jovens através do desporto

De uma turma de 20 alunos de gestão de organizações desportivas, de 2010, apenas 3 alunos conseguiram emprego. Uma percentagem de 85% está desempregada há mais de 360 dias para conseguir o primeiro emprego.

As novas orientações da Educação fragilizaram o desporto escolar que produzia actividades desportivas para cerca de 150.000 jovens de um universo de menos de dois milhões, uma percentagem inferior a 10% e certamente uma das marcas mais baixas na Europa.

Independente dos resultados eleitorais o desporto está enrascado nos seus problemas mais do que aflito com as limitações nacionais para potenciar o seu produto desportivo.

O potencial de crescimento do desporto português é significativo quer quanto ao consumo, quer quanto ao capital humano desperdiçado.

Alavancar a massa crítica da actividade desportiva de dois milhões de jovens é garantir que no futuro as mais-valias co-produzidas e externalizadas para a educação, a saúde, a economia e a segurança social terá uma dimensão de centenas de milhões de euros e milhares de milhões de euros à medida que o investimento agora dado aos jovens frutificar ao longo dos anos.

O desporto é dos sectores cujas necessidades de investimento actual são pequenas mas cujas mais-valias humanas, culturais e sociais serão fundamentais para desenvolver sustentadamente Portugal no médio e no longo prazo.

Retirar a actividade física e o desporto a milhão e meio de jovens como foi feito ao longo dos anos é um acto perdulário que apenas se compreende pela iliteracia desportiva nacional.


O problema central do desporto é a armadilha do alto rendimento em que os políticos 'do desporto' preferem distribuir o orçamento público pelas federações sem se comprometerem mutuamente pelos resultados desportivos da civilização europeia.

Há que ater ao fortalecimento das instituições desportivas para prosseguirem os mais altos desígnios europeus.

O desporto é um sector que não se exporta, é não transaccionável, e isso limita o prosseguir os objectivos da moda.

O sector é diferente porque o desporto está na base da formação do capital humano, cultural, social e tecnológico que está na base das sociedades modernas do mundo.

Os jovens são a única saída do desporto para conseguir combater e sair das crises em crescimento gerando simultaneamente valias abundantes para a sociedade e a economia sejam os sectores orientados para as políticas sociais como a educação, a saúde e a segurança social como para os sectores vocacionados para a produção de bens transaccionáveis.

Conseguirá o desporto fazer passar a sua mensagem e potenciar o produto agregado do desporto nacional deixando para trás os 'dias de pedra' do seu subdesenvolvimento?

Qual o cenário ideal e o possível para o futuro

O que vai o desporto ter a curto prazo e no meio de seis crises política, social, económica, financeira, orçamental e desportiva?
  1. Um secretário de Estado diferente, para criar com determinação um futuro europeu;
  2. O mesmo segundo o interesse das organizações desportivas, para o 'business as usual'.
Podendo parecer melhor ao desporto a solução mais fácil, a indicada alterrnativamente seria equacionar o futuro pretendido para decidir como chegar lá.

A pergunta a colocar é se José Sócrates vencer as eleições ou formar governo em coligação se haverá, apesar de tudo, a esperança de haver 'vinho novo em odres velhos'.

O bom direito não é para colocar processos e para arrastar para os tribunais

O desporto devia aprender com o Caso INDESP e não aprende.

Com o Caso INDESP a agência técnica do desporto ficou decapitada da sua liderança desportiva e o desporto ficou sem o lugar do saber da produção do desporto.

As finanças, turismo, segurança social, transportes, saúde, educação são órgãos do Estado que tomam conta de áreas da produção desportiva porque as secretarias de Estado não vão lá.

Quando o Caso INDESP aconteceu já as coisas estavam mal porque as coisas boas passaram-se nos anos noventa com a criação da Lei de Bases do Sistema Desportivo, o estudo da procura desportiva, a importância económica do desporto, os manuais de infra-estruturas e o PROIDD, entre outros como as colecções de documentação técnica.

O CEFD ainda é um desenvolvimento tardio deste impulso e que o Caso INDESP tinha traçado o destino para acabar, porque o objecto da agência técnica era regular a produção desportiva por decreto.

Os agentes desportivos privados convenceram-se da sua independência para liderarem as suas organizações vivendo do subsídio público e não tendo de apresentar contas da produção desportiva por esse dinheiro público.

Hoje, o Estado português, para além das leis e dos decretos sem consequências directas para o produto desportivo, captura o Tribunal Arbitral do Desporto e exterioriza-o do desporto para o Ministério da Justiça e demonstrando a sua incompetência para resolver os litígios envia para instâncias internacionais a decisão soberana dos infindáveis processos instruídos internamente.

Os países europeus têm orgulho em resolver os seus próprios problemas e desafios e consideram uma ingerência quando instituições internacionais se envolvem nos assuntos internos.

Em Portugal por uma estranha teimosia deixa-se nas mãos da Justiça a regulação do direito desportivo e pela incrível incapacidade desta não se tem peias de colocar a incompetência nacional aos olhos da Europa e do mundo. Como o futebol tem feito, para gozo da FIFA, da UEFA e o Tribunal Arbitral do Desporto, todos com sede na Suíça.

Também hoje líderes desportivos nacionais falam demasiado, e dão importância a minudências que aquecidos por profissionais do ruído tomam o caminho da incompetência provada dos tribunais nacionais.

Também o Caso INDESP começou a encher desta forma, com o que se diz, se escreve e se envia para a comunicação social e para órgãos do Estado, e a partir de determinada altura o escândalo nacional vende notícias e o desporto vê diminuído mais alguns graus de liberdade da sua realidade já enfraquecida.

Trata-se do mau direito que sem princípios pretende tudo determinar e que colocado como o instrumento de democracia tolhe o respirar mínimo da vida do desporto português.

Em síntese o desporto português necessita de:
1.       Privatizar o exercício da justiça desportiva trazendo para o associativismo desportivo o Tribunal Arbitral do Desporto;
2.       Combater a litigância militante que é excelente negócio para os juristas e a comunicação social e uma perda de valor económico para os envolvidos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Porque caiu Gilberto Madail?

As razões são várias:
  1. Do ponto de vista internacional o futebol português:
    1. Não é vibrante: as selecções inovaram há vinte anos e morre de Mundial para Mundial e o Porto por tradição o subsídio dos clubes de futebol portugueses saiu da Champions;
    2. É quesilento: Carlos Queiroz e José Mourinho não conhecem o fair-play europeu e arrogantemente combatem o fair-play europeu;
    3. A candidatura ao Mundial 2018 com a Espanha não tornou clara a relevância de Portugal e retirar GM é uma diminuição do actual apoio de Espanha;
  2. O futebol português sugere que é incompetente para resolver os seus problemas em casa e fazer subir à Europa apenas os grandes desafios e aqueles que marcam a diferença para o futuro europeu:
    1. O caso de Carlos Queiroz é um erro que nunca deveria ter saído de Portugal;
    2. O caso dos estatutos deveria ser resolvido entre-fronteiras;
  3. Os clubes grandes apresentam dificuldades financeiras e Portugal e a FPF não antecipam o fair-play financeiro de Michel Platini.

Gilberto Madail sempre actuou como José Sócrates forçando projectos extraordinários.

Nunca actuou no sentido de fortalecer o tecido desportivo do futebol, não reformou a federação, com o Euro 2004 passou a gerir com dinheiro na mão e o olho no negócio, como confessou ser o seu objectivo na candidatura conjunta com a Espanha para o Mundial de 2018.

O presidente da FPF durante inúmeros mandatos projectou-se servindo a UEFA e a FIFA, tendo usado as posições destas organizações internacionais para forçar os governos no sentido de interesses que nunca foram colocados com transparência.

Agora a FIFA deixou-o cair porque Gilberto Madail não sabe sair como tantos outrosentre nós. Tendo o hábito de forçar a mão espera que a queda não tenha consequências, porque ninguém em Portugal vai analisar publicamente os benefícios e as limitações da sua passagem pela FPF.


Na ausência de uma cultura desportiva nacional o desporto português presta-se à existência de líderes das organizações desportivas que resolvem problemas que são pontuais, na perspectiva do desenvolvimento desportivo sustentado, enquanto é a política nacional que permite suportar projectos de efeito instantâneo como os eventos desportivos europeus e mundiais em inúmeras modalidades.

A queda de Gilberto Madail é todo um tratado do fim do modelo de desenvolvimento relacionado com o Euro 2004.

A vertigem do Sporting Clube de Portugal

O SCP vive um momento extraordinário em que a queda da direcção trouxe alguma má moeda que inviabiliza o debate transparente e 'sério'.

É evidente que os candidatos ao Sporting são sérios.

As condições em que esse debate é feito é que são difíceis de ler.

As desconformidades devem ser observadas por limitações da actuação privada da Liga, da federação e pública.

A oferta de capital para o Sporting pode fazer-se por dois motivos:
  1. Por espírito altruísta de um empresário ficando a gerir o capital directa, indirectamente ou doando-o ao clube mediante a liderança de um presidente da sua confiança;
  2. Pelo cálculo financeiro e a expectativa de obter no Sporting um retorno superior a outras aplicações financeiras no mercado bancário nacional e europeu.
A ausência de uma regulação transparente para a gestão dos clubes portugueses afastará o primeiro tipo de patrocinadores e levanta dúvidas sobre a capacidade do Sporting gerar com transparência recursos suficientes para remunerar o capital com valores superiores ao mercado bancário nacional e internacional preservando simultaneamente o capital social e cultural do clube.


A partir da década de noventa a colocação no mercado do capital social, histórico e cultural dos clubes portugueses fez-se num período de euforia bolsista através do desporto europeu que a proposta de fair-play financeiro consensualiza os interesses éticos e públicos da União Europeia e da UEFA, para além de corresponder ao modelo que países como a Alemanha, a França e outros países de menor expressão possuem no seu território.

As imagens que passam na comunicação social do saco de gatos verde e branco é menos bonito de se ver considerando o que deveria ser a maximização do interesse do futebol português e dos sportinguistas.

A existência de soluções privadas é relevante mas a produção de mais-valias nos grandes clubes profissionais depende igualmente da racionalidade do modelo de produção profissional e das externalidades abundantes do modelo que o clube e a sua SAD poderão beneficiar.

Sem a garantia de governance europeia, como acontece no modelo da FPF de Gilberto Madail, o futuro do Sporting não é diferente do Porto, Benfica, Estrela da Amadora ou Farense.

Há demasiados graus de liberdade no futebol português e no seu produto profissional quando a escrita neste nível e em todo o mercado deveria ser de rigor.

Sendo o património leonino que está em causa ele depende sobremaneira de factores que assistem à eleição como a inexistência de um programa de desenvolvimento sustentado para a modalidade e para o desporto português de que o SCP como clube ecléctico depende sobremaneira.

Os diferentes segmentos amadores e profissionais, tangíveis e intangíveis, para além das dimensões local, nacional e internacional dos nossos grandes clubes estão interrelacionados, para além de uma regulação pública capaz de fazer boas leis, fazê-las cumprir e exercer a obrigação do seu cumprimento caso os agentes presentes no mercado prevariquem.

Hoje, em Março de 2011 é duvidoso que todos estes elementos estejam presentes e acautelados no desporto português e o esforço e entusiasmo de todos os sportinguistas poderá estar condenado e sem rumo como os sócios dos seus competidores directos, mesmo que assegurem o contrário.

No trambolhão de Gilberto Madail

As razões são várias:
  1. Do ponto de vista internacional o futebol português:
    1. Não é vibrante: as selecções inovaram há vinte anos e morre de Mundial para Mundial e o Porto, por tradição o subsídio dos clubes de futebol portugueses, saiu da Champions;
    2. É quezilento: Carlos Queiroz e José Mourinho não conhecem o fair-play europeu e arrogantemente chegam a combater o fair-play europeu;
    3. É perdulário: a FIFA e a UEFA sabem que a desculpa do desastre dos estádios do Euro2004 lhes é atirado quando sabem que países como a Suíça, Áustria, Bélgica e Holanda têm processos desportiva e economicamente impecáveis, com as mesmas regras que Portugal atira culpas para as regras europeias e mundiais;
    4. A candidatura ao Mundial 2018 com a Espanha não tornou clara a relevância de Portugal e retirar GM é uma diminuição do actual apoio de Espanha;
  2. O futebol português sugere que é incompetente para resolver os seus problemas em casa e fazer subir à Europa apenas os grandes desafios e aqueles que marcam a diferença para o futuro europeu:
    1. O caso de Carlos Queiroz é um erro que nunca deveria ter saído de Portugal;
    2. O caso dos estatutos deveria ser resolvido entre-fronteiras;
  3. Os clubes grandes apresentam dificuldades financeiras e Portugal e a FPF não antecipam o fair-play financeiro de Michel Platini.
  4. Gilberto Madail terá sido incapaz de chamar a si Luís Figo e transformá-lo no grande líder do desporto português.
Houve resultados positivos mas estes não alavancaram o futebol português para o único resultado aceitável:
Gilberto Madail não conseguiu, com uma geração de ouro em jogadores e treinadores, vencer o campeonato do mundo, só 150.000 praticantes estão inscritos na federação e as falências dos clubes existem, assim como, a praga dos salários em atraso que é a forma de sobrevivência de clubes falidos desportiva e financeiramente.


Gilberto Madail sempre actuou como José Sócrates forçando projectos extraordinários.

Nunca actuou no sentido de fortalecer o tecido desportivo do futebol, não reformou a federação, com o Euro 2004 passou a gerir com dinheiro na mão e o olho no negócio, como confessou ser o seu objectivo na candidatura conjunta com a Espanha para o Mundial de 2018.

O presidente da FPF durante inúmeros mandatos projectou-se servindo a UEFA e a FIFA, tendo usado as posições destas organizações internacionais para forçar os governos no sentido de interesses que nunca foram colocados com transparência.

Agora a FIFA deixou-o cair porque Gilberto Madail não sabe sair como tantos outros entre nós. Tendo o hábito de forçar a mão espera que a queda não tenha consequências, porque ninguém em Portugal vai analisar publicamente os benefícios e as limitações da sua passagem pela FPF.


Na ausência de uma cultura desportiva nacional o desporto português presta-se à existência de líderes das organizações desportivas que resolvem problemas que são pontuais, na perspectiva do desenvolvimento desportivo sustentado, enquanto é a política nacional que permite suportar projectos de efeito instantâneo como os eventos desportivos europeus e mundiais em inúmeras modalidades.

A queda de Gilberto Madail é todo um tratado do fim do modelo de desenvolvimento relacionado com o Euro 2004 e José Sócrates.

A ausência de laços duradouros e transformadores com as grandes estrelas do futebol português e de outras modalidades, mostra como o desporto português está longe do futuro e dos valores que o podem tornar grande.