quinta-feira, 3 de março de 2011

Poste de João Boaventura que se agradece

A demissão de Fernando Mota é apenas um sinal de que o edifício desportivo está doente, mas torna-se necessário saber qual é o edifício, porque a FPA é apenas uma pequena parcela.

A locação do edifício desportivo, que poderá ter outro desenho, variável com o projecto ideológico de quem o vai construir, compõe-se de, por exemplo:

7.º andar – Outros
6.º andar – Clubes Amadores
5.º andar – Associações
4.º andar – Clubes Profissionais
3.º andar – COP, CDP
2.º andar – Federações e Ligas
1.º andar – IDP
Rés-do-chão – Secretários de Estados
Alicerces – o Governo e seus Ministérios

Toda a locação dos elementos de fundação bem dimensionada e executada de maneira precisa e correcta é fundamental para a qualidade final do edifício porque a execução de todo o restante vai depender deste posicionamento, já que constitui a referência para a execução da estrutura, que passa a ser referência para as alvenarias e estas, por sua vez, são referências para os revestimentos bem armado, e de mais material. Isto é o que dizem ao da arte, depois de bem escolhido o terreno pela sua fiabilidade.

Vê-se assim como uma boa base sólida pode dar um edifício confiável, duradouro, estável e bem estruturado. E quanto maior e mais firme a área de sustentação, maior as probabilidades de todos o edifício permanecer em harmonia e crescimento. Mas, qualquer que seja a sua dimensão no terreno, se os alicerces forem agredidos por trepidações sísmicas, ou oscilações inesperadas, todo o edifício vai sofrer as consequências, exactamente como as pernas desiguais de um indivíduo vai provocar deficiências na coluna.

O caso da FPA, bem como as mudanças paradigmáticas dos modelos de desporto, têm vindo a registar, como um sismógrafo, que a base de segurança, a base do terreno, acusa, a cada novo modelo ou projecto desportivo, deficiências gradativas que vão degradando o edifício desportivo. Os sinais que Fernando Tenreiro aponta são testemunhos de que, estando a base doente, todo o edifício se ressentirá.

Se examinarmos a evolução da estrutura-etiqueta do desporto (Direcção-Geral da Educação Física, Desporto e Saúde Escolar – Direcção-Geral de Educação Física e Desporto – Direcção-Geral dos Desportos – INDESP – IND) vem diminuindo na mesma proporção em que vem reduzindo a sua eficácia, e as suas funções. São sinais não desprezíveis porque constituem sintomas da doença que se tem agravado, cumulativa e consequentemente como reflexo do mal-estar das base do edifício.

Isto para concluir que o edifício desportivo, quaisquer que sejam os projectos, os paradigmas, os planos, os programas, os documentos programáticos que pretendam emancipar o desporto, estão condenados à partida, porque a base está apoderecida, e em terreno malsão nada cresce nem floresce.

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