terça-feira, 15 de março de 2011

O desporto, o Museu e a austeridade

O anúncio do Museu Olímpico pelo COP é uma situação estranha a que a sociedade portuguesa se habituou observar no desporto.

O Museu o Desporto é um objectivo que teve no desporto grandes dirigentes como Orlando Azinhais, ex-dirigente da ex-Direcção-Geral dos Desportos, e que o desporto durante os últimos trinta anos não resolveu.

Mais recentemente na década de 90 o projecto do COP terá crescido após a construção da sede à semelhança de outros comités olímpicos internacionais e nacionais cujo espólio olímpico era incontornável.

Este talvez o elemento interessante que é o facto dos resultados olímpicos do desporto português serem humildes longe de outros países e daí o Museu do Desporto nunca surtir efeito porque o esforço das políticas se centrava na produção e na ultrapassagem das dificuldades da produção desportiva e se compreendia que pouco haveria para mostrar ou ser difícil mostrá-lo.

Hoje, quando a negação da conquista das medalhas por Portugal é respeitada pela comunicação social, ver entrevista de Vicente Moura ao Record e à Antena Um, é que o COP vem dar o Museu como um facto a custar 4 milhões de euros.

Como se o número apresentado fosse sinónimo do valor ser cumprido e de não haver custos de oportunidade de necessidades dos atletas e do desporto protuguês, quando as crises do país são as maiores de muitas décadas e o desporto se dever preparar para cortes certos que irá sofrer nos próximos anos.

Já ninguém se lembrará das promessas do Euro 2004 que foram iguais a estas. O Estado não ia gastar nada, os clubes e o desporto iam ter cornucópias de infra-estruturas, as receitas cresceriam de forma nunca vista e o custo estimado ia ser financiado pelos patocinadores privados.


Um outro facto demonstra como o desporto trabalha por vezes não consolidando os esforços realizados.

Por um lado, a Câmara Municipal de Lisboa apreciou um modelo de Museu do Desporto a que deu a sua aprovação de princípio e que, por exemplo, José Manuel Constantino também teve conhecimento e elogiou no blogue Colectividade Desportiva.

Por outro lado, o Panathlon Clube de Lisboa alertou para a perda de espólio desportivo que poderia estar a acontecer no país chamando a atenção para medidas de salvaguarda descentralizadas com a actuação do associativismo desportivo e das autarquias locais.

O anúncio do COP parece não olhar para estes esforços de outrém no domínio da museologia desportiva e não terá tentado consolidar os esforços verificados, ou talvez tenha.


Afinal a Câmara Municipal de Lisboa que teria em mente criar o Museu do Desporto no Pavilhão Carlos Lopes é a instituição que dá os terrenos para o Museu Olímpico.

Talvez se possa compreender a actuação e as boas intenções da Câmara Municipal de Lisboa se se compreender que as cidades actuam como monopólios em competição diferenciando as suas ofertas e instalando capacidade excedentária para competir no mercado das cidades do mundo. Os dois museus são também um activo da cultura que aqui benefícia e beneficia-se do desporto.

Os dois museus, o do Desporto e o Olímpico, parecem ganhar uma lógica nova na perspectiva da qualificação da oferta cultural de Lisboa mas do ponto de vista do desporto haverá dúvidas que os dois sejam um benefício e não há garantias que a prazo não se transformem em novos desafios como já acontece com outras infra-estruturas desportivas por esse país fora.


Confuso e 'para o' deprimido?

Espere pelas cenas dos próximos capítulos.

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