segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Este blogue chega ao fim

Desde há algum tempo várias questões sugeriam que este blogue deixasse de existir.

Em sua substituição surge um novo blogue com o nome 'Desporto e Economia' que se encontra aqui.

A todos os que acompanharam platonicamente e aos que deram troco directo e indirecto os meus melhores agradecimentos.

Se se derem ao incomodo a competição segue na sala aqui ao lado.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A mensagem subliminar do OE2012

A mensagem será:
  • O desporto gasta demasiados recursos públicos e deve depender menos dos recursos da administração central.
  • O desporto deve alterar o seu funcionamento nomeadamente racionalizando a sua produção para gerar mais  desporto com menos recursos públicos.
  • O desporto deve procurar financiamento noutras fontes, caso tenha necessidades que ultrapassem o valor agora determinado.


O algodão não mente:
  • Esta mensagem será razoável, nos seus pressupostos de diminuição acentuada do orçamento, se for exequível na obtenção de resultados positivos para o bem-estar nacional. 
  • Esta mensagem não será razoável se se demonstrar não poder haver maximização do bem-estar com a estrutura de financiamento proposta para 2012.

Desporto vai gastar menos 13 milhões do que na era Sócrates

Para copiar outros títulos na imprensa porque não fazer uma festa dado o desporto poupar ao Estado, como sói dizer-se, mais de uma dezena de milhões de euros.

O país agradece ou, se tivesse uma cultura desportiva europeia, desatava a chorar...

Obviamente não há quem compreenda o alcance da medida.

A posição de Paulo Trigo Pereira sobre o OE2012

Ver aqui no Público.


Destaco dois pontos:


"2. Escrevi aqui há um ano a propósito do OE 2011 (PÚBLICO 24/10/2010), e reitero, que não há pensamento único em economia nem propostas inevitáveis mesmo tendo em conta o memorando da troika. Os cidadãos já devem ter percebido que quando um qualquer primeiro-ministro diz uma frase semelhante à de Pedro Passos Coelho ("Este é o meio mais adequado para, no meio de tantas restrições, ampliarmos a nossa capacidade económica de criação de riqueza"), o que está a ser dito é algo muito diferente - este é o caminho que o Governo escolheu para alcançar o objectivo dadas as restrições.

3. Para escolher um caminho há que perceber as restrições, as variáveis que controlamos e as que fogem ao nosso controle. Tenho defendido a trajectória de consolidação orçamental rumo ao equilíbrio orçamental em 2016, sem o qual todos estes esforços serão em vão e não recuperaremos a soberania como país. Os défices excessivos levam à dívida galopante e à falência do Estado. Definir um objectivo permite medir se estamos ou não a aproximarmo-nos. Se os sacrifícios dos portugueses levarem a uma redução do défice, sem medidas extraordinárias, então estaremos a avançar para o objectivo, obviamente sacrificando outros no curto prazo (o emprego e o crescimento)."







O desporto tem de compreender processos de criação de política desportiva distintos daqueles que o prejudicam.


Estes dois parágrafos mostram que é possível ter outros comportamentos no desporto.

Pedro Lains considera Vitor Gaspar uma carta fora do baralho de Portugal, do euro e da Europa

Ver aqui o artigo do Jornal de Negócios.


Termina perguntando e respondendo:


"Há alternativa? Claro que há. A Europa não se gere pelos 5% de ideias económicas que infelizmente foram parar ao Ministério das Finanças. Nem de perto, nem de longe. Passos Coelho tem muito que aprender. Já está é a ficar sem tempo para o fazer. Vítor Gaspar tem um bocado de razão em pensar como pensa. É isso que acontece sempre, entre economistas. Mas deitou essa razão por borda fora, ao ir tão longe, tão fora da realidade do país, do euro e da Europa. Precisamos de recentrar o País, para o que convém começar por reconhecer as causas das coisas."

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quero dizer duas ou três questões sobre as consequências do OE2012

A situação do desporto português é muito difícil
O que se está a passar é uma tragédia
A brutalidade faz parte do problema

Está tudo em causa
O futuro do desporto português tem de ser muito pensado

Até ao final de 2011 é o prazo de conceber soluções, minimizar os estragos, concentrar os recursos escassos em vectores alavancadores de vontades e ter a capacidade de pensar o desporto português em profundidade.

Tudo o que está pensado tem de ser repensado,
Há que repensar cursos, conferências, conteúdos, actividades desportivas, ...

O desporto não terá líderes à altura do que se passa, como já foi dito e redito.
Porque mesmo sem líderes iluminados afinal não se pode dizer que não houve sinais e palavras de alerta para os erros cometidos e os fracassos encontrados.

Não há espaço e interlocutores, não há democracia e competência, não há vontade e voluntarismo, não há ética nem o querer a criação do bem-estar através do desporto, de acordo com as mais elevadas posturas públicas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Orçamento do Estado para 2012

O link está aqui.

Orçamento do desporto

Ver notíciado Público aqui.

Portugal não está habituado a ganhar

Ver aqui este curioso artigo de Pedro Bidarra no Dinheiro Vivo:

  • "Campeonatos da Europa? Nem um. Óscares ou Palmas de ouro? Nada. Ouro nos Olímpicos? Pouquinhos. Nobeis? Dois. Campeonatos do mundo? Zero."
É interessante ver o Desporto na companhia ilustre da Cultura com C grande.

A comparação é civilizacional e Nacional de Nação.


A semana passada referi a um líder nacional que o desporto tinha vários problemas.
Ele respondeu-me que o desporto era o único sector que criava campeões do mundo. 

Nós até ganhamos campeonatos da Europa e do mundo contrariando Pedro Bidarra e aceitando a argumentação do líder nacional.

Porém, há um sentido nas palavras de Bidarra que o líder não alcança que é o reconhecimento por terceiros da dimensão civilizacional que faz a Europa.

Portugal deveria ganhar europeus e mundiais e jogos olímpicos de tal forma que fosse reconhecido internacional e mundialmente.

Isso não acontece e as palavras e intenções do líder nacional são frágeis e dinossáuricas.

Bidarra tem a seguinte frase que é muito acertada: "A nossa organização social não recompensa o risco e a luta. É por isso que vencer não é um hábito português."

Eu não podia estar mais de acordo.

Existem líderes desportivos pelos quais poderemos ter amizade mas que sem saber tornam o país á sua dimensão e a dimensão dos seus propósitos e dos seus comportamentos são tão pequenos.

domingo, 16 de outubro de 2011

Austeridade há soluções alternativas

Um contributo do João Boaventura para o debate da Austeridade.
Trata-se da interpretação de Mark Blyths contrária proposta dos Governos, do FMI e da União Europeia.





sábado, 15 de outubro de 2011

A diferença do discurso político

O Governo está ciente que a sua acção tem de dar "resposta em três meses a questões que se mantêm por responder há anos", diz o secretario de estado da economia no caderno de economia do Expresso, pg 15.

No mesmo local Campos e Cunha "imputou as culpas da actual desordem financeira aos actores políticos e exortou à 'renovação do sistema político' e 'à criação de maior concorrência no 'mercado' dos votos'". Gostava de saber qual a solução de Campos e Cunha para introduzir factores de competitividade no sistema político nacional.

Nicolau Santos, na pg 5 do mesmo caderno, cita Fernando Ulrich e Henrique Granadeiro referindo que o documento da Troika 'é de uma enorme pobreza intelectual'. primeiro porque dá soluções que já tinham sido encontradas por outros ecoonomistas e tem 5 erros:
  1. cobra juros agiotas;
  2. define prazos exagerados;
  3. é arrogante na receita proposta em todas as suas implicações de correcção dos défices e de lançamento da economia;
  4. dá soluções sem solução;
  5. é teimoso em medidas que impedem o Estado de resolver os estrangulamentos que tem gerado para a economia e que são conhecidos.
Estes erros da Troika são o exemplo que fazer erros é possível mesmo aos 'deuses' e que a crítica e o diálogo em doses razoáveis são úteis para demonstrar atempadamente alternativas para solucionar problemas que depois se agudizam.

A análise no desporto é mais distendida na resposta aos desafios atirando a sua resolução para além da urgência do orçamento de 2012.

Há neste momento erros a serem cometidos, equivalentes aos da Troika, salvo as devidas diferenças:
  1. há arrogância pelas soluções equacionadas equivalentes ao passado só porque agora a cor é outra;
  2. há medidas novas mal tomadas;
  3. há protagonismos errados e inaceitáveis, que se falam já há boca fechada;
  4. há teimosia e incapacidade de dialogar recorrendo apenas e só aos dinossauros e às grandes organizações do costume.
A causa da crise do desporto português é maioritariamente política.

Enquanto o sistema político que actua no desporto não tiver a arrogância de uma Troika a ditar, mesmo com erros, outra situação o desporto continuará a soçobrar.

Entidade Reguladora propõe taxa de utilização de telemóvel para financiar a Saúde

A asneira, apresentada aqui, relaciona-se com a obtenção de receitas sobre actos do consumidor cuja aplicação ninguém controla e que dão maravilhas como as taxas que se pagam com a factura da electricidade e ninguém controla.

No caso do desporto há o caso do financiamento dos jogos de fortuna e azar chamados apostas sociais e que tendo começado com o Totobola e o futebol é canibalizado há décadas por muitas aplicações.

Onde está o problema?

O problema está em que o Estado deve ser claro nas decisões que toma apresentando contas transparentes do dinheiro que recebe, da sua aplicação e dos resultados alcançados.

Os decisores deveriam ser capazes igualmente de uma vez alcançados os objectivos sociais e políticos desactivar a cativação de receita daquele fim mas o que acontece é que as coisas prolongam-se e tornam-se opacas servindo o que na teoria económica se identifica com interesses dos próprios decisores e funcionários públicos.

A regra simples de prestar contas com transparência é substituída em Portugal por processos em que face à incompetência tradicional dos decisores políticos públicos em terem comportamentos éticos, trabalharem com eficiência económica e transparência, descobrem soluções milagrosas como esta da Entidade Reguladora da Saúde.

Depois de perda de quase 30% acumulados dos rendimentos anunciado por Passos Coelho vêm estes Senhores da Saúde sugerir descontar no preço das chamadas do telemóvel.

Alguém lhes deveria sugerir que o facto deles se demitirem, para o Estado nomear pessoas capazes de decisões eficientes e transparentes, seria um magnífico contributo para as debilitadas contas públicas.

Uma voz que, hoje, faz a diferença

Em dia de Indignados, ver e ouvir a Susana Silva no Porto a cantar para 80.000 pessoas, aqui, no P3

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Comentário de Pedro Santos Guerreiro às novas medidas de austeridade anunciadas

Na RTP1 aqui.

José Gomes Ferreira: "(...)Não nos enganem mais..."

Na SIC aqui.

Há coisas que parecem não bater certo

O Aventar fez uma montagem no mínimo curiosa, aqui, recolhendo o 'Best of 2010-2011' de Pedro Passos Coelho, precisamente acerca das medidas que nos deixou ontem.

É a direita no poder porque a esquerda lá a colocou recorrendo inclusive a comportamentos menos éticos.

Esperemos que alguém (o Sr. Procurador será capaz de lá chegar?) faça o levantamento desses comportamentos em sede de Justiça.

Agora já pouco se esconde que o próximo ano e o outro vão ser impossíveis.

Há quem fale que o Estado deverá vir a despedir dezenas de milhares de funcionários públicos.

Portanto, a procissão ainda agora dá os primeiros passos.

A comunicação ao país

Os factos da senhora anterior são estes:
  1. Houve uma gestão perdulária dos destinos do país
  2. Houve decisões de política pública criminosas e ruinosas para o país e a população
  3. Há que pagar a factura do dinheiro que se pediu e que os credores exigem o retorno
  4. No desporto as políticas foram equivalentes às do país
  5. Houve milhões de jovens que não tiveram as actividades escolares, culturais e desportivas que o seu futuro e o do país exigiam
  6. Houve investimentos continuamente mal feitos em múltiplos vectores de produção desportiva
  7. Houve nomeação de líderes públicos inqualificáveis quanto à sua competência para o lugar, quanto à qualificação escolar e às relações humanas
  8. Houve líderes que face aos sub-líderes incapazes nomeados para os apoiar em equipa, ingénua e infantilmente lidaram com as suas responsabilidades desportivas como se fossem super-homens
  9. Houve líderes que se rodearam de parcelas da realidade, condicionando as suas possibilidades de sucesso, refiro-me ao dito direito desportivo
  10. Houve líderes que sabiam o que de mal se estava a passar, tal como tinha acontecido no passado do desporto, e mantiveram o percurso indiferentes aos sinais acumulando procedimentos equivalentes
O discurso promete resultados positivos em dois anos.

Há que deixar dito que há erros que estão a ser cometidos como foram anteriormente.

Há que deixar dito que é fácil mostrar que os factos actuais são erros e já estão cometidos tão cedo como agora.

Os erros cometidos repetem o passado e falham o futuro prometido.

A incapacidade de actuar perante uma realidade crítica complexa do desporto e do país mistura-se com ignorância das coisas europeias, a arrogância de não aceitar soluções necessariamente complexas e de com humildade estabelecer redes de conhecimento alargado de suporte às decisões necessariamente estruturadas e capazes do novo, que os mesmíssimos erros não produziram no passado recente.

Sabe a mão que ontem pediu tantos e enormes sacrifícios ao país e aos portugueses, o que anda a fazer a outra mão, tão pequenina que ela é e que tantos resultados dinâmicos produz noutros países desportivos europeus, menos em Portugal?

Tem consciência essa mão que o que pede está a ser deficientemente concebido e aplicado pela outra mão e vai ter consequências brutais na vida das federações e do seu aparelho produtivo de desporto?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Não há condições políticas para o bom desempenho dos líderes privados

Foi claro com Hermínio Loureiro que condições políticas adversas, no desporto, impediram o ex-líder da Liga de Clubes de maximizar o produto dos seus associados e do futebol profissional.

Não há milagres, nem almoços grátis como dizem os economistas e fechados na sala escura os parceiros desportivos, como clientes amantes de sensações fortes, sabem o que almoçam quando a comida lhes chega à boca e compreendem o que lá está a ser metido. Sem visão da constituição, da cor e forma sabem demasiado tarde o conteúdo da sua refeição.

Há agentes mais activos que como habitualmente beneficiam da resolução dos seus pequenos problemas.

Como no passado continua a não se observarem interlocutores privados com discurso sobre os fundamentos do desporto e que seja validado pela sociedade.

Esse atraso na existência de parceiros socialmente validados é fulcral para a dimensão e profundidade da crise actual.

Com «cautela e paninhos quentes» é plausível que o pior sobrevenha.

Com «cautela e paninhos quentes» pode ser o adequado e pode igualmente ser o pior dos mundos.

O desporto está como o sapo que não nota como a água onde está emerso borbulha com cada vez maior intensidade.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

1. Análise crítica e semântica do Decreto-Lei n.º 96/2011, de 21 de Setembro


Um novo poste de João Boaventura que se agradece


Como vem sendo norma consuetudinária, a cada novo governo constitucional cabe, dentro da respectiva cronologia, o desempenho do papel de jogador do Direito, ou o de reconstrutor e renovador das normas jurídicas do futuro Direito Desportivo, que ora nos interessa, e no pressuposto de que se trata de um sub-sistema integrado no sistema social global, contemplando as interacções jurídicas, ou os laços afectivos que devem ligar o actor legislador ao actor que joga dentro da sociedade civil desportiva, para que a razão jurídica transmita a racionalidade do mundo desportivo que objectivamente se propõe.

Isto para dizer que o modelo jurídico deve corresponder ao modelo sociológico, ou que ambos se devem justapor, para que a eficiência, a exclusividade e o dinamismo de ambos tenham reflexos no sistema desportivo. Da distinção entre o retrato jurídico e o retrato sociológico resulta uma luta de domínio entre ambos, porque à lógica jurídica contrapõe-se a lógica sociológica, e deste afrontamento resultam os efeitos que não se desejam, com prejuízo para o mundo do deporto. Daqui se depreende que a lógica jurídica do direito desportivo não deve sobrepor-se à lógica da sociologia desportiva, sob pena de as interacções comunicacionais entre o direito e os agentes desportivos saírem defraudadas.

Talvez se possa agora entender as razões do título do anterior post “O Direito Desportivo traído pela Sociologia”, cuja tradução simplista especifica que, pelo estudo da sociologia desportiva, se pode descortinar a desadaptação da estrutura normativa à realidade desportiva, por não corresponder às expectativas dos destinatários. È, de certa forma, um combate permanente que exige uma compreensão comum dos problemas que afectam o desporto, em todos os seus campos de actuação.

O duelo também se situa noutras áreas, como no trabalho de André-Jean Arnaut et Pierre-Yves Raccah, “Le droit trahi par la philosophie” (Bibliothèque du centre d’étude des systèmes politiques et juridiques de Rouen, 1977) que a editora espanhola LSJ (San Sebastian, 1990) traduziu para “El Derecho sin Máscara”, e os brasileiros, logicamente, como “O Direito traído pela filosofia” (S.A. Fabris, Porto-Alegre,  1991). Na mesma linha de pensamento André-Jean Arnaut publicaria mais tarde “Le droit trahi par la sociologie. Une pratique de l’histoire” (LGDJ, Paris, 1998), inspirado na asserção de Lawrence Friedman de que as duas disciplinas, a sociologia e a história, se podiam comparar a “dois barcos que se cruzam na noite”.

Da mesma forma o sistema educativo também foi traído pela sociologia quando Jean-Claude Passeron e Pierre Bourdieu publicaram “Les héritiers. Les étudiants et la culture”(1964), seguido da  “La reproduction. Éléments pour une théorie du système d’enseignement” (1970), denunciando as universidades como centros de reprodução da desigualdade, e que levaram ao Maio de 68, em Paris. Também aqui há uma relação de poder já que a sociologia da educação pode revelar as fraquezas do sistema educativo, ou do sistema jurídico que lhe dá suporte.

De uma forma simplista poder-se-á retratar esta relação de forças pela comparação literária quando  se considera que Corneille descreve os homens, não como eles são, mas como eles deveriam ser, enquanto Racine já os retratam tal como eles são. Se a comparação se permite, sem a forçar, dir-se-ia que o Corneille literário, seria o Corneille do direito desportivo que se permite impor a reestruturação do desporto, enquanto o Racine literário, o Racine da sociologia desportiva, porque corrige a reestruturação do desporto que não corresponda aos desejos do destinatário.

Estamos na presença de dois poderes, sociológico e jurídico, incomunicáveis, a que acresce o poder do Estado que, utilizando o jurídico, lhe confere um duplo poder. E é deste duplo poder que dependeu todo o desporto do passado, como irá depender o do presente e o do futuro.

sábado, 8 de outubro de 2011

O fecho da EMA é uma boa notícia para o desporto

A Empresa Municipal de Aveiro vai ser extinta pela autarquia, segundo o DN, aqui.

Um bom exemplo a ser seguido por outras autarquias que sobre um mau investimento criaram um sorvedouro de dinheiros que teriam aplicações alternativas positivas no desporto.

Uma evidência que tarda em ser implementada nacionalmente.

Os maus exemplos tardam em ser corrigidos e em criar instrumentos políticos de correcção.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Moralismo insultuoso diz Paulo Morais do Blasfémias

É claro que pedir à população que tem os indices de desigualdade mais altos do mundo para poupar mais é insultuoso.

O econoomista Cavaco deveria atender a isto.

O mais importante seria o Presidente Cavaco pedir medidas de política melhores e mais eficientes.

Mas isso era pedir muito...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Direito Desportivo traído pela Sociologia


Poste de João Boaventura que se agradece o contributo:


Talvez valha a pena dar uma vista de olhos pelo filme do organismo destinado a orientar o Desporto Nacional, desde a sua criação, em 1942, e regulação, em 1943, até à actualidade, o que representa a provecta idade de 70 anos, com direito à história do seu nascimento, vida e morte… anunciada.

Esta primeira parte é necessária para escalpelizar as arquitecturas políticas em que se inseriram, ou das quais dependeram, e de como foi impossível configurar-se uma linha de desenvolvimento estrutural, perante as constantes mudanças de ministérios e de secretarias e subsecretarias de Estado, embora Foucault assevere que a história é feita de saltos - os das referidas instituições, os dos órgãos oficias de orientação desportiva e os da juventude - cada um procurando soluções para os problemas, como se a linguagem visual das mutações dos organismos constituísse suporte ou pista para alcançar os objectivos para que foram criados.

De certa forma os Governos assemelham-se às empresas que solicitam aos publicitários a invenção de nomes que motivem os clientes à aquisição dos produtos, mesmo que nada haja de científico na qualidade ou na designação dos mesmos. Se o facto se justifica em publicidade parece não justificar-se nos Governos, a menos que se trate de uma função mimética – se resulta na publicidade, resultará nos Governos – ou uma forma de marcar o território político, partidário ou ideológico, mas aí a história interpretará que o fundamental foi preterido, dado que as coisas sem sentido foram consideradas mais importantes do que o sentido de coisas simples a fazer.

Se se examinar panoramicamente o corpus lexicográfico como uma floresta, com tão diversa e abundante floração dos mais diversos tipos de árvores que ornam ou partilham o direito desportivo nacional, verifica-se que as de longa duração (DGEFDSE, DGFD, DGD, INDESP, IND) prevalecem sobre as reduzidas esperanças de vida de outras, (Ministérios, Secretários e Subsecretários de Estado) que rapidamente adoecem, e morrem, e dão lugar a novas árvores (Ministérios, Secretários e Subsecretários de Estado), mas, ou porque o terreno não é apropriado, ou porque já atacadas por qualquer fungo, vivem doentes e morrem. E deste ciclo não se sai, porque as árvores são os homens.

O que foge ao nosso entendimento é a causa da imunidade das árvores com maior esperança de vida (DGEFDSE, DGFD, DGD, INDESP, IND) que não se deixam contagiar. É provável que se deva a algum tipo de enxertia que, apesar de as manter vivas, não lhes permite expandirem-se, crescerem, tornarem-se frondosas, e darem os frutos desejados; ou possivelmente por estarem plantadas longe das doentes. O tempo de vida das restantes, encurtada pelos fungos, explicam a semi-apatia.

Mesmo assim, se teve três períodos de grande imunidade 1942-1970, 1973-1992, e 1997-2007, ou seja, respectivamente, 29, 20 e 12 anos de vida, com sinais de degenerescência, porque decrescente, a que se podem associar as alternâncias havidas em 1971-1972, 1993-1996 e 2007-2011, ou sejam 2, 4 e 5 anos de vida. Considerando que o IDP de 1997-2003, foi reformulado pelo mesmo Governo de 2003-2007, mudando o nome para IDP,IP, considerou-se institucionalmente como ocupando o tempo de 1997-2007, ou seja, 12 anos.


Para uma visão panorâmica temos este filme cronológico dos 6 períodos: 29-2-20-4-12-5, que nos permite deduzir o plano inclinado em que o organismo resvala porque no novo e actual governo esse órgão, pela sistema nanotecnológico, ficou reduzido a uma “Vice-Presidência para a Área do Desporto.” Não há direito desportivo que o salve.


Vejamos então a floresta onde vive escondido o animal Desporto, em meio pouco propício para a sua vida.

1942 – Direcção Geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar (DGEFDSE) -1970
1936-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL-1974
1936- Mocidade Portuguesa (MP)-1974
1937-Mocidade Portuguesa Feminina (MPF)-1974

1971 – Direcção-Geral da Educação Física e Desportos (DGEFD)-1972
1971-Subsecretário de Estado da Juventude e Desportos
1971-Secretariado para a Juventude

1973 – Direcção-Geral dos Desportos (DGD)-1992
1973-Secretário de Estado da Juventude e Desportos

1974- 6 GOVERNOS PROVISÓRIOS-PÓS 25 ABRIL-1976
1974-I, II e III G.P. - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA-1975
1974-Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis (FAOJ)-1988
1975-IV e V G.P. - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA-1975
1975-Secretário de Estado dos Desportos e Acção Social Escolar-1975
1975-Secretário de Estado dos Desportos e Juventude-1976
1975-Instituto Português da Juventude
1975-VI G.P.-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA-1976
1976 -I Governo Constitucional-1977
1976-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA-1978
1978-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA-1978
1978-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA-1979
1979-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO-1980
1980-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA-1981
1980-Secretário de Estado da Juventude e Desportos-1981
1981-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DAS UNIVERSIDADES-1982
1981-Secretário de Estado da Educação e da Juventude-1983
1981-MINISTÉRIO DA QUALIDADE DE VIDA-1985
1981-Secretário de Estado da Juventude e do Desporto-1985
1981-PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS
1982-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO-1985
1985-Secretário de Estado da Juventude-1987
1985-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA-1987
1987-MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO-2011
1987- Ministro Adjunto do Primeiro Ministro e da Juventude-1991
1988- Instituto da Juventude-1993
1989-Ministro da Juventude e do Desporto-1989
1990-Secretário de Estado da Juventude-1991
1991-Secretário de Estado da Juventude-1993

1993 – Instituto Nacional dos Desportos (INDESP)-1997
1993-Secretário de Estado da Educação e do Desporto
1993-Instituto Português da Juventude-2007
1995-Secretário de Estado da Juventude-1999

1997 – Instituto Nacional do Desporto (IND)-2003
1997- Secretário de Estado da Educação e do Desporto
1999-Secretário de Estado do Desporto
2000-Secretário de Estado da Juventude e Desporto autonomizou-se e ganhou o estatuto de Ministério da Juventude e do Desporto
2002-Secretaria de Estado da Juventude e Desporto

2003 – Instituto do Desporto de Portugal (IDP)-2007
2004-Ministro da Juventude, Desporto e Reabilitação-2004 (durou apenas 4 dias)
2005-Secretário de Estado da Juventude e do Desporto-2009
2005- MINISTRO DA PRESIDÊNCIA-2011

2007 – Instituto do Desporto de Portugal (IDP,IP)-2011
2007- Instituto Português da Juventude-2011
2009-Secretário de Estado da Juventude e do Desporto-2011

2011 – Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ)
Vice-Presidente para a Área do Desporto (VPAD)
Vice-Presidente para a Área da Juventude (VPAJ)
2011-Secretário de Estado do Desporto e Juventude
2011-MINISTRO ADJUNTO E DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES