sexta-feira, 11 de março de 2011

O cálculo económico do investimento num museu do desporto

Haverá dúvidas sobre a oportunidade da iniciativa do COP e também que existam investidores privados dispostos a trabalhar um projecto cuja rendibilidade não está demonstrada nem sequer se tentou no artigo do Expresso de hoje.


Linearmente aqui ficam alguns elementos que deveriam estar subjacentes à protecção da memória do desporto português, adequado ao momento difícil que o país atravessa.

Este é um exercício 'escolar' que poderia solicitar a apresentação da análise económica necessária para fundamentar a decisão pública sobre a realidade da museologia do desporto em Portugal e que maximizasse o bem-estar social e o produto olímpico.


1 - Face ao actual momento medidas cautelares seriam úteis. Portugal não tem tradição na promoção da história do seu desporto. Há memória do desporto, há cidadãos que dedicaram a sua vida ao desporto e famílias que guardam o espólio de familiares, há ideias e projectos. Desconhecesse a sua sustentação económica e principalmente o custo de oportunidade entre este investimento e as necessidades do olímpismo que deixam de ser realizados com esta aplicação.

2 - Houve três iniciativas: Sob a liderança de Maria Emília Azinhais o Panathlon Clube de Lisboa desenvolveu algumas ideias de protecção do espólio desportivo nacional existente desde o nível autárquico e do alertar para a perda irreparável, nada se fazendo. A Câmara Municipal de Lisboa parece querer transformar o Pavilhão Carlos Lopes num Museu do Desporto para o qual possuirá um conceito desportivo e histórico apelativo. O Museu Olímpico é um projecto antigo do COP e que agora parece avançar.

3 - O nosso desporto deveria equacionar se de facto existe dinheiro e procura para dois museus do desporto em Lisboa. Investir agora milhões de euros em projectos duplicados quando o dinheiro é escasso, quer para acudir aos erros do passado que para potenciar o futuro, pode ser um erro que irá acrescer exigências de financiamento ao futuro com a gestão de projectos que por mais tecnologicamente evoluídos que sejam não se conhecem estudos a suportar o esforço exigido.

4 - Para resolver da melhor forma este desafio economicamente colocam-se os seguintes pontos:

a - Analisar 4 alternativas museológicas a serem explicadas científica e tecnicamente nos domínios desportivo, da história, da filosofia, entre outros:
i - Um conceito museulógico para a CML;
ii - Um conceito museulógico para o COP;
iii - Um conceito museulógico e desportivo único agregando a iniciativa da CML e do COP;
iv - A hipótese de atrasar o projecto, não fazendo nenhum museu mas criando uma política activa de salvaguarda do espólio nacional de todo o desporto. Neste caso deveria ser explicitado quais as características do prazo necessário a que as condições do desporto e do país justificassem uma determinada solução museulógica.

b - Qual o custo de cada uma das alternativas desde o investimento, à gestão durante o período de pagamento do investimento realizado. A procura pela museologia do desporto e o desenvolvimento de áreas adicionais como a investigação histórica são apontamentos de avaliação dos custos e das receitas .

c - Estudo de questões adicionais como as soluções de direito de propriedade e de gestão das quatro soluções por uma ou mais do que uma organizações privadas e da expectativa do envolvimento do Estado na sua dimensão Central e Local estendendo-se não só a Lisboa mas a todo o país como uma rede de interessados sem o qual alguns espólios locais correrão o risco de desaparecer.

d - Avaliação económica custo-benefício dos impactos das quatro alternativas, da criação de postos de trabalho, e dos custos de oportunidade face a necessidades alternativas que se deixariam de realizar.

Estes pontos parecem demasiados, mas são possíveis de fazer desde que se queira fazer e impossíveis de fazer se se acredita que nada adianta.


Nota final, de um processo que exige um trabalho de grande fôlego:

A agregação do COP e da CDP seria um contributo que daria outra dimensão e legitimidade às pretensões amplas do associativismo desportivo no domínio da museologia.

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