sábado, 30 de abril de 2011

O desafio do longo prazo

I
O nosso desporto trata das questões em compartimentos estanques no curto prazo e sem uma perspectiva de sustentabilidade de longo prazo.

A discussão económica em Portugal e no mundo é efervescente publicamente e trata das questões do médio e principalmente do longo prazo.

A sustentabilidade do crescimento económico é a proposta do FMI, enquanto o BCE prefere a sustentabilidade de um quadro de racionalidade económica com défices baixos pretendendo castigar os países que não conseguem essas metas.

Simultaneamente não pretendem usar a solidariedade perante o impacto das medidas que aplicadas a economias mais desenvolvidas geram falhas de mercado em economias menos desenvolvidas como a portuguesa durante a criação do euro e que obrigou ao aumento dos custos monetários da periferia.

II
Esta explicação económica ajuda a iluminar os erros e o atraso em que sobrevivem as federações desportivas dependentes do Estado para um produto único, o alto rendimento, de complexidade elevada na ausência de uma estrutura de mercado privado alavancada por políticas públicas orientadas para a base da pirâmide e acumuladas durante décadas.

O Modelo Europeu de Desporto tem sucesso porque investiu durante mais de meio século em desporto para todos e desencadeou medidas de especialização da sua prática desportiva de forma racional em todos os níveis de produção da pirâmide de produção de desporto.

III
O discurso dos líderes desportivos nacionais inexiste porque a única coisa que sabem fazer é exigirem meios directos e indirectos para o seu alto rendimento.

Os líderes desportivos não discutem medidas de longo prazo e das consequências directas e indirectas das políticas desenvolvidas.

Ficam contentes com o seu evento, com o seu CAR, com o apoio à sua acção de formação, range os dentes porque lhes é cortado o financiamento público, corta na sua actividade desportiva porque o Estado não cumpriu a sua obrigação, o que o Estado também aceita porque o objecto da política não é a maximização do produto desportivo em toda a sua latitude.

Cala-se. Está agradecido porque consegue pagar os compromissos directos da sua organização e de todos que dele dependem. Agradece aos que compreensivelmente aceitam o atraso nos pagamentos.

Sabe que ninguém lhe vai pedir para cumprir metas desportivas e sabe que também não deve fazer perguntas sobre o que se passa com o financiamento público desportivo, o que vai acontecer aos estádios, aos CAR’s e como vai ter mais praticantes.

Não lhe passa pela cabeça perguntar porque é que ele não é financiado pelos resultados conseguidos.

Teme perguntar porque é que ele que foi eficiente em certos vectores, tem cortes no financiamento e outros que estagnam há décadas mantém níveis de financiamento.

Sabe que existem estatísticas e estudos que lhe são favoráveis mas prefere não fazer alarde delas e trata-as para obter margens que lhe parecem douradas. Dizer-lhe que essas margens são ilusórias tem como resposta que “é o possível, meu bom amigo!”.

O líder desportivo nacional sabe que o apoio que recebe da sua federação europeia e da mundial depende de resultados em que ele se compromete e não pensa de forma nenhuma faltar aos compromissos que assume.

Ele vê as eleições como a continuação do espírito da ‘Lei de Bases do Sistema Desportivo’ de 1990 e que os programas partidários já começam a reiterar o seu propósito supremo, como sempre foi feito.

Espera que os novos líderes do desporto do novo governo mantenham as valências anteriores consubstanciadas nas caras que representam os ‘bons valores’ do desporto português.


IV
Algumas destas coisas vão acontecer certamente e misturadas com algumas certezas.

A capacidade do desporto português reagir ao novo quadro institucional e económico é frágil.

As federações vão defender a ‘obtenção do subsídio do trimestre passado’ porque lhe vão dizer que não vai haver ‘espaço para milagres’ face à situação do país e o desporto ‘é um sector como os outros’ e ‘tem culpas na bancarrota do país com os estádios do Euro2004’ e os ‘apitos’ demonstram que o desporto tem áreas de corrupção.

O FMI, o BCE e a União Europeia vão avançar com medidas que estão para além da compreensão das federações e estas vão dizer que ‘assim, não se pode trabalhar’.

Terão inteira razão.

Interessante do ponto de vista da análise, política, económica e social, será observar quanto tempo vão as federações desportivas nacionais compreender que o modelo de produção das Leis de Bases soberanas e do Euro2004 morreu e que o país está a acelerar a sua divergência com a Europa.

Os presidentes do Benfica, do Braga e do Porto vão dizer que nunca o mundo português brilhou tanto.

E, contudo, Portugal afasta-se na União Europeia do desporto.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ainda os estádios do Euro2004

A questão do investimento em infra-estruturas é um dos fracassos fundamentais da política desportiva vigente porque é um dos pilares das desconformidades desportivas nacionais.

Isto não tem a ver apenas com o PS porque veja-se que o PSD não tem um modelo alternativo e não conseguiu na primeira metade da década passada criar elementos racionalizadores do modelo na área das infra-estruturas. Aliás as mesmas pessoas, o mesmo conceito, as estruturas do costume passam pelas décadas fora sem o mínimo pestanejar às contradições que se avolumam.

Agora é Estela Barbot, aqui, que refere que 'não foi agora que o Estado Social foi posto em causa. Foram as pessoas que resolveram fazer estádios de futebol - dez quando chegavam oito - e tantas autoestradas. ... era melhor com esse dinheiro fazer um hospital novo, dar pensões dignas aos reformados'

A falência do Estado português aguça a crítica social social ao desporto e desde há muito os estádios constituem o exemplo acabado do despesismo e do inaceitável.

O exemplo clássico da economia é o Presidente da Câmara que decide fazer uma ponte no meio do deserto. Dá o investimento a um empreiteiro que emprega umas dezenas de pessoas durante uns meses, faz uma inauguração de estadão e depois a ponte fica às moscas porque não é necessária económica e socialmente.

O empreiteiro ganhou dinheiro, o banco movimentou capitais e ganhou juros do empréstimo, o presidente da câmara subiu no partido, houve pessoas que estiveram empregadas durante alguns meses e a população local paga impostos mais caros para pagar o investimento, o serviço da dívida e a manutenção de uma coisa que não serve de nada. No concelho vizinho outro autarca investe na criação de uma indústria e de postos de trabalho e todos os meses a autarquia exporta milhões com a nova infra-estrutura.

Este é o exemplo simples de investir dinheiros públicos para perder dinheiro e futuro e o investimento para o desenvolvimento sustentado.

O modelo actual do desporto português não sabe duas coisas:
  1. O que é o Estado Social no desporto;
  2. O que é fazer investimentos públicos que beneficiem o Estado Social no desporto.
O desporto não está preparado para os tempos muito difíceis que aí vêm e que vão ser muito violentos como assegura a consultora do FMI Estela Barbot.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Aprender com a Europa para produzir mais desporto

O presidente do grupo socialista europeu referiu que, aqui, algumas questões que era interessante os líderes federados lerem com atenção e conmpreenderem se terão algumas ilações a retirar para a sua situação ou não.
Diz Poul Rasmoussen cerca de negociações colectivas:


"Quando se ouve a Comissão Europeia a falar convosco, com Portugal, esse não é o meu caminho. Vocês precisam de negociar e de ser duros nas novas negociações(...) Há que perceber que não enfrentamos uma ditadura do FMI e da UE, são é negociações duras sobre o resgate e sobre as condições para receber a ajuda e auxílio", afirmou.

"A negociação colectiva é parte fundamental da moderna democracia e, basta olhar para a Escandinávia, para o meu país. Nós temos tido acordos colectivos em todos os anos desde 1945 e somos uma das economias mais fortes da Europa. A Alemanha tem também acordos colectivos. Por isso, penso que [a 'troika'] tem de dizer -- vamos para boas negociações com Portugal, vamos olhar para a economia, mas vamos perceber que os acordos colectivos vieram para ficar".



Em primeiro lugar há que negociar duramente, chame-se FMI,


 União Europeia ou Governo português;


em segundo lugar há que procurar as soluções que são seguidas


há dezenas de anos por essa Europa do desporto mais


competitivo do mundo.



Num caso e no outro as federações não o fazem porque ignoram


os  termos e limites das suas negociações segundo não

conhecem história e a situação actual do desporto europeu.


Isto que Rasmoussen sugere é distinto da violência verbal que em blogues de desporto certas pessoas usaram em anos recentes.

No programa eleitoral do PS

Está lá tudo e falta tudo.

O objecto do programa é demonstrar que tudo está bem como sempre e esse é o seu problema.

Há que falar do programa futuro de acordo com os desafios actuais do desporto e o texto escrito é uma pressa de falar de tudo sem falar do que importa.

Um elemento fundamental será observar qual será o partido que falará do seu programa de desporto com taxas e estatísticas construindo a partir daí a sua proposta aos eleitores.

O programa eleitoral do PS para o desporto português de 2011 e, pelo menos, para o próximo ciclo olímpico é frágil.

José Sócrates, Pinto da Costa e José Mourinho são eticamente mal criados

Os três criaram uma reputação de agressividade fora do normal.

Se no início de cada um a novidade da agressividade era uma característica da mestria, a reputação desenvolvida joga contra e causa prejuízos que nenhum já controla ou quer alterar.

No país e no partido, no futebol e no Real Madrid são comportamentos que impedem que as melhores soluções sejam assumidas e sejam capazes de gerar benefícios.

Ontem é discutível se o pontapé de Pepe não deveria ter sido controlado previamente.

A estratégia do Real Madrid era mais activa/agressiva do que a do Barcelona e a pressão sobre a bola por parte dos seus jogadores muito mais exigente psicologicamente.

Mourinho sabe que por tradição os seus jogadores são expulsos e deveria trabalhar este aspecto muito mais.

Deveria assunir a não agressividade ao ponto de não se irritar com os árbitros tornando o prejuízo do confronto mais pesado para o Real Madrid.

Nenhum árbitro hoje tem receio de expulsar um jogador do Real Madrid de José Mourinho.

Nenhum árbitro hoje tem receio de expulsar o treinador do Real Madrid que se chama José Mourinho.

É óbvio que José Mourinho já trabalhou o bastante para exigir que nas sessões de treino dos árbitros na UEFA e na FIFA haja um capítulo José Mourinho.

O Barcelona fica quase com a eliminatória resolvida graças a José Mourinho que canaliza as suas frustações para o domínio em que não foi contratado e onde deveria ter um comportamento exemplar e distinto.

A reputação de violência, contrária ao fair-play desportivo europeu, continua a ser a falha da brilhante estratégia montada pelo ainda melhor treinador do mundo.

Os clubes quando contratam treinadores deveriam passar a incluir uma cláusula a exigir o ressarcimento ao clube pelas expulsões dos jogadores e do treinador acima de um determinado nível técnico.

As federações e as ligas poderiam rever os seus regulamentos das competições para erradicarem estas violência latente e contumaz de alguns protagonistas dos seus espectáculos.

Ver aqui as declarações de José Mourinho.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Programa eleitoral do PS

Está aqui.

Nos próximos dias farei a análise da parte do desporto que aparece em último lugar.

As infra-estruturas desportivas de Matosinhos

Aqui, descreve-se que a Câmara de Matosinhos aprovou a aquisição, a prestações, dos estádios do Leça e Leixões.

A comunicação social também anuncia a venda de três jogadores jovens do Leixões ao Benfica.

A história tem todos os ingredientes para deixar o Pacheco Pereira 'aos berros'. Evidentemente que o PP 'aos berros' é uma contradição nos termos.

O facto de Narciso Miranda ter votado contra e Guilherme Aguiar a favor são elementos de enriquecedores do processo.

Vejamos muito sucintamente alguns elementos:
  1. Há muitos clubes falidos e os seus líderes nada fazem;
  2. As estruturas do futebol não resolvem estes problemas que decorrem há muito tempo;
  3. Os estádios e espaços de prática são apetecíveis para os empresários do imobiliário por estarem no centro das cidades e terem um valor patrimonial significativo;
  4. As instalações desportivas são um capital público que pertence às respectivas populações e não é curial que os políticos locais ou centrais não criem condições para a manutenção desses espaços como capital público; 
  5. No passado quando as câmaras permitiam ao clube vender os espaços directamente aos empresários do imobiliário;
  6. A Câmara vai comprar a prestações o que é muito estranho no período de crise que atravessamos e face à enorme dívida que a Câmara de Matosinhos já tem;
  7. Haverá a possibilidade daqueles terrenos valerem mais do que o preço da compra?
  8. Na Europa esta venda de espaço desportivo para o imobiliário é proibido pelos lucros imorais que geram em benefício de um conjunto de pessoas e à custa do património público;
  9. À partida a Câmara de Matosinhos irá pagar um preço razoável, mas não se conhece quem avaliou o preço...
Um caso a acompanhar tanto na perspectiva da falência dos clubes envolvidos, da situação da Câmara de Matosinhos e do destino do património desportivo pertencente à população de Matosinhos.

A reputação do desporto em grande

Pacheco Pereira , aqui, diz várias coisas:
  • um dos problemas dos partidos é a sua transformação em oligarquias ...
  • são estruturas que priviligiam as carreiras interiores ...
  • faz com que as direcções estejam isoladas e não tenham a massa crítica à sua volta ...
  • acabam por se transformar como pessoas de uma claque de futebol ...
  • esse radicalismo é uma espécie de futebolização que os torna mediocres ...
Pode o desporto fugir a estas iamgens negativas coladas à sua pele?

Desta vez a reputação do desporto caiu vários graus!

Repensar os factores de produção desportivos

Um dos interesses do desporto é conhecer o que se fez nas infra-estruturas e o que vai afectar o futuro do desporto português.
1.      Saber o que está feito, quais as suas valências, como se estrutura com a produção da pirâmide desportiva é uma preocupação inicial.
2.      Conhecer a factura do investimento e do que falta pagar, assim como, do custo da manutenção e do serviço da dívida que incumbe às autarquias.
3.      Estabelecer o que é o interesse público da prática no desporto e como se estruturam os factores e meios de produção como os meios técnicos e tecnológicos, as infra-estruturas e os recursos humanos, sociais e organizacionais.
4.      A privatização pode ser uma solução mas o mais significativo é a eficiência da produção desportiva e da maximização do produto desportivo através do serviço público.
5.      Portugal tem 20% da população que é pobre e mais 40% que não paga IRS. É relevante dar actividade desportiva a estes 60% da população? Como, directa e indirectamente?
6.      Onde há falta de infra-estruturas e não havendo a possibilidade de criar mais, como se vai praticar desporto ou que desporto se vai produzir?

Para quando e onde debates entre ex-responsáveis do desporto?

Não tenho visto e gostaria de ver o debate de políticas desportivas entre ex-dirigentes da administração pública desportiva, assim como entre líderes das organizações desportivas privadas.

É diferente dos 'opinion makers' correntes e ter pessoas que tenham ocupado cargos de responsabilidade na AP.

Não sei se a limitação é da comunicação social, jornais, rádios e televisões, ou se é falta de projecção por parte das máquinas partidárias.

Haverá faltas de ambas as partes.

Também não tenho visto investigadores e universitários.

Creio que estes seriam elementos qualificadores do debate público.

Eventualmente o ensimesmamento do CND levou a esta situação.

Nas diferentes áreas serão escassos os líderes desportivos com capacidade mediática e uma posição de política desportiva.

A criação de uma imagem é um percurso longo que tem sido destruído em Portugal e não construído.

O mau confronto partidário nacional tem destruído a reputação do desporto pela fuga à assumpção das suas responsabilidades, debate de ideias e de princípios de suporte às políticas e também à incapacidade demonstrada de actuação sobre os desafios colocados pelos desajustamentos do mercado do desporto.

O desporto não tem de concordar com o que os seus principais tribunos dizem mas tem de lhes dar espaço para que a imagem do desporto fora do desporto cresça, crescendo o desporto com eles.

São poucos, são escassos e são únicos.

Indubitavelmente são estrelas como os melhores atletas e fazem falta ao desporto português, principalmente no actual momento de crise e de desconhecimento que modelo de produção adoptar.

Eles são também os referenciais éticos.

Na voragem da comunicação social realçam-se os elementos 'contumazes' cujo exemplo pueril, pejorativo ou pecaminoso atraem, abafam e negam o que de luminoso, entusiasmante e positivo o desporto tem tanto para oferecer.

Sem estes líderes para formar uma opinião pública desportiva nacional assiste-se a enormidades por líderes de outros sectores que falam de desporto de acordo com as suas experiências pessoais que não são muito ricas desportivamente falando.

Era bom que a comunicação social formulasse pedidos de presença em debates sobre o futuro do desporto aos partidos, solicitasse e insistisse com os líderes das federações ou que procurasse ex-responsáveis desportivos no caso de falharem alguns contactos.

O desporto para ser pleno precisa de líderes que não tenham receio de debater as suas ideias democraticamente.

Sabe-se também como há instituições que cortam pernas mas é importante olhar para o futuro e ver o que é melhor para o desporto se o silêncio actual ou se um desporto frontal e efervescente de ideias e de respeito pelo outro.

É a isso que se chama fair-play e se incentiva os atletas a praticar. Não é?

terça-feira, 26 de abril de 2011

A palavra aos políticos: critérios para a apreciação dos seus programas

O desporto tem de produzir mais produto.

O novo modelo económico do desporto português tem de ser eficiente para produzir mais desporto com o mesmo ou menos dinheiro.

Provavelmente terá que mexer na sua estrutura de produção, gerando economias em projectos que agora são ineficientes e concentrando os recursos escassos em projectos com maior potencial ou nos locais de maior carência.
Também não se trata de relançar a economia do desporto português porque este nunca teve uma economia lançada.

O desporto português necessita de uma economia capaz de produzir desporto segundo a estrutura e a racionalidade económica europeia.




São soluções para este modelo de produção desportiva nacional que deve ser pedido aos partidos que proponham aos eleitores.

Como esta solução de eficiência nunca foi exigida aos partidos políticos para o fazerem quando a economia e os meios financeiros fluiam abundantemente, agora tem de se pedir uma racionalidade capaz de responder positivamente, na óptica dos agentes privados desportivos, às restrições introduzidas pelos negociadores internacionais que talvez não tenham o desporto na primeira das preocupações.




Por exemplo, olhemos para os programas dos partidos que aí vêm quanto ao:
  • Interesse em corrigir as políticas erradas;
  • Comprometimento na inovação das instituições privadas do desporto;
  • Desburocratização, simplificação e eficiência administrativa privada e pública;
  • Valorização das estruturas de regulação privadas quanto à sua desconcentração para um tecido associativo e empresarial competitivo;
  • Incentivos à prática desportiva baseada no associativismo e nas organizações económicas e sociais de base;
  • Existência de políticas claramente envolvidas com o bem comum através do desporto;
  • Resolução dos problemas com as infra-estruturas desportivas que estão mal concebidas, por excesso, por carência de consumo, por incapacidade de liderança técnica, por falta de estatísticas e de estudos, etc;
  • Incentivos aos recursos humanos diferenciados em toda a estrutura de produção desportiva da base ao topo;
  • ...

A produção do produto desportivo é o elemento que os partidos políticos portugueses trabalharam deficientemente nos últimos 30 anos não gerando o seu potencial nacional nem respondendo às suas carências.

Valerá a pena analisar os programas e votar naqueles que consigam demonstrar um envolvimento sério com o produto desportivo para alcançar as médias europeias.

As medidas direccionadas para o produto alavancarão as melhores estruturas federadas e que projectarão o seu produto em todos os níveis de produção da base ao topo.

Os programas dos partidos que realçarem resultados no alto rendimento devem ser tomados com cautela porque esse tem sido o receituário tradicional para a estagnação desportiva nacional.

Durante os últimos 30 anos apostámos mal nos resultados do alto rendimento gerados por investimentos públicos milagrosos.

O nosso último lugar europeu demonstra como esse objectivo fracassou.




Agora cabe a palavra aos políticos do desporto para conceberem a política de desporto equivalentes às que tiveram sucesso na União Europeia nos últimos 60 anos.

A 5 de Julho chegará a vez dos eleitores escolherem o modelo e a política que preferem.



Mais tarde chegará o programa de Governo.

Vamos avançando passo a passo.

E agora José?

Conta-se que quando o partido de um certo coelho chegou ao poder surgiram listas de pessoas para serem colocadas nos ministérios, secretarias de estado e institutos públicos.

E agora José?

O que dirão os programas eleitorais sobre resultados desportivos?

Para conhecer os resultados das políticas e dos processos de gestão das organizações económicas usam-se estatísticas da produção.

Estas estatísticas devem dizer quais são os produtos produzidos pelas organizações desportivas. Dizer que foram feitos pavilhões e centros de alto rendimento é importante para sustentar os resultados em termos de praticantes e medalhas do desporto português.

Neste sentido a relação entre as infra-estruturas e os praticantes existentes sem as infra-estruturas e com as infra-estruturas são indicadores preciosos para demonstrar que não se perdeu dinheiro e que os investimentos geraram resultados positivos.


Ou seja, os resultados a utilizar relacionam-se com os valores absolutos e com os valores relativos.

Os primeiros dão a ordem de grandeza positiva ou negativa do processo de produção considerado.

Os segundos qualificam os valores absolutos porque permitem a comparação com outras unidades de produção nacionais e internacionais equivalentes.

Os valores relativos permitem a comparação com países e as suas organizações que são equivalentes às organizações nacionais. Está neste caso a produção das federações que como têm a peculiaridade de serem monopólios nacionais e cuja comparação internacional é a abordagem adequada para compreender a sua performance.

Outro exemplo é o dos Jogos Olímpicos onde a comparação de Portugal com outros países europeus mostra que temos 24 medalhas e os países com a mesma dimensão já ganharam centenas e micro e pequenos Estados europeus se posicionam à frente de Portugal.

Quando queremos saber porque é que isto acontece com Portugal temos de usar valores relativos. No caso dos Jogos Olímpicos os países de leste podem ser deixados inicialmente de parte dados os processos técnicos e os regimes económicos e políticos que lhes permitiu marcar a conquista de medalhas olímpicas do pós-II guerra mundial.

Comparem-se alguns valores dos países do norte e centro da europa de dimensão igual a Portugal para compreender como se produz desporto na Europa.

Primeiro
A média do Produto Interno Bruto desportivo na Europa é de 2% do total do PIB europeu.
Portugal tem um PIB desportivo de 0,37% do PIB nacional, equivalente a 1,517 mil milhões de euros.
Se Portugal tivesse a média europeia de 2% do PIB total o PIB desportivo alcançaria os 3,4 mil milhões de euros.

Segundo
Quanto ao Consumo desportivo, a Finlândia, por exemplo, tem uma taxa de 1,56% do Consumo total.
Portugal tem um consumo desportivo de 0,42%, 605 milhões de euros.
Se Portugal tivesse o valor da Finlândia de 1,56%, teria um consumo desportivo 1,7 mil milhões de euros.

Conclusão
Os valores económicos da realidade desportiva nacional na comparação com a Europa sugerem que a nossa distância desportiva tem fundamentos económicos e sociais muito grandes.

O facto de países com a dimensão de Portugal, do norte e centro da Europa, possuírem indicadores económicos e sociais tão significativos sugere que a ineficácia desportiva nacional não se relaciona com o facto de sermos pequenos, originais e orgulhosamente únicos.

Portugal está longe da média europeia porque tem políticas ineficazes que aproveitam mal os seus recursos, cujas potencialidades sendo iguais a outros países, eles conseguem vencer desportivamente onde nós não conseguimos.

É bem de ver que os resultados nacionais no domínio do desporto não são determinados pelas crises internacionais.

Outra situação clara é que nenhum país, o FMI, as Nações Unidas ou o BCE virão salvar o desporto português com receio que a crise desportiva nacional afecte o desporto europeu.


Por estas notas é importante que os programas dos partidos às eleições legislativas tratem do produto desportivo e das estatísticas que demonstrem que as políticas são correctas, porque os investimentos que acompanham as políticas, correspondem ao interesse de consumo desportivo dos praticantes.

Evidentemente deve haver a preocupação de saber sobre o que irão os programas dos partidos dizer sobre as estatísticas do produto desportivo de suporte aos princípios e às medidas de política desportiva.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jorge Sampaio falou sobre o exemplo dos desportistas

Enaltecendo os exemplos de várias profissões o ex-presidente da República referiu os desportistas o que sendo uma raridade nos tempos que correm fica como um incentivo ao Desporto.

A mensagem é se o Desporto fizer bem as coisas a sociedade e as suas instituições olharão para os actos do Desporto e, por exemplo, não farão cortes cegos e economicistas mas apoiarão projectos de desenvolvimento desportivo sustentado em que o desporto se comprometa a alcançar resultados positivos em benefício do país.

Hoje, com Jorge Sampaio, a reputação do Desporto subiu umas décimas.


Sabiam que o Dr. Jorge Sampaio esteve na origem da formação do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol?

Conta o SJPF, aqui, que "Jorge Sampaio, presidente da República, foi constituído como advogado do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, em 1968, a convite de António Simões, com a missão de elaborar os estatutos do organismo representativo da classe e de discutir a formalização do sindicato com o Governo de então, liderado por Marcelo Caetano.".

Mais uma jovem morre afogada

No DN, aqui,
Alter do Chão

Jovem de 17 anos morre afogada na albufeira da barragem

por LusaUma jovem de 17 anos morreu hoje afogada na albufeira da Barragem da Cunheira, concelho de Alter do Chão, distrito de Portalegre.
Segundo fonte da GNR, a jovem estava com uma amiga, junto à albufeira, "escorregou e caiu para dentro de água", tendo morrido afogada.
Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Portalegre disse à Lusa que o alerta foi dado às 14:44, e que o corpo da jovem foi encontrado às 16:12, durante as buscas efectuadas por dois mergulhadores dos Bombeiros Voluntários de Alter do Chão.
Segundo o CDOS, o corpo da jovem foi transportado para a casa mortuária do Hospital de Abrantes.
Estiveram envolvidos na operação seis bombeiros da corporação de Alter do Chão, apoiados por quatro viaturas, e a GNR.

domingo, 24 de abril de 2011

O turismo de Portugal em autofagia

'Portugal em autofagia' é a peça do empresário do turismo e do golfe (?), Fernando Nunes Pedro, no Público de hoje.

O Sr. empresário queixa-se amargamente das críticas aos 6% do IVA, enaltece enormemente os milhões de turistas do golfe e não se esquece da crítica aos estádios do Euro2004.

As preocupações de Fernando Nunes Pedro não estão em compreender o desporto e em autofagia junta os estádios do Euro2004 à liberdade de defender o seu negócio.

Os estádios do Euro2004 na verdade contaram com a aceitação do Turismo para terem turistas em todo o país. Vir agora alguém do Turismo criticar os estádios quando estiveram do lado de quem decidiu a má estrutura dos estádios nacionais e o seu projecto incapaz é uma enorme peripécia.


Esta é a consequência da reputação do desporto no seu melhor. Ter por parceiros os elementos que na primeira oportunidade demonstram os princípios laterais que os regem.


Contemos uma história para demonstrar como as coisas são maravilhosas no empresariado do Turismo e do Golfe português.


Num jantar do Panathlon Clube de Lisboa, há muitos anos, foi convidado um prestigiado líder do Turismo para falar da relação entre o Golfe e a natureza.

Durante a intervenção só havia passarinhos a chilrear, cheirava a flores e todo o ambiente transpirava natureza pura, ecologia, equilíbrio, respeito pelo universo e as mais altas virtudes desportivas, humanas, sociais e globais.

Já para o fim no momento das perguntas imbuído pelo sentido ecológico e ecuménico da intervenção referi que o empresário André Jordan dizia que era necessário não construir mais campos de golfe porque se assistia a uma saturação no Algarve onde também a escassez de água doce estava a pôr em perigo toda a região.

Como se costuma dizer o Sr. líder do Turismo e do Golfe ficou alterado e disse que havia corrupção porque um empresário tinha colocado como secretário de estado do turismo um funcionário seu e que tinha construído 3 campos de golfe na reserva agrícola e na reserva ecológica nacional.

Os passarinhos fugiram esbafuridos, as flores murcharam instantaneamente e o cheiro a corrupção, que dizem que é doce, apropriou-se do final da reunião.


A reputação do desporto é um valor intangível que se o desporto não lutar por ele frontal e decididamente arrastará o sector por décadas e impedirá o desporto de dar o mínimo passo para o seu desenvolvimento e do país.

O Sr. empresário Fernando Nunes Pedro faria melhor em demonstrar que os seus estudos económicos sobre os 6% de IVA são diferentes como os que justificaram a construção dos estádios do Euro2004 e que o Turismo na altura aceitou.

Provavelmente a sua preocupação foi a mais-valia absoluta que o Turismo recebeu do Euro2004 e agora se quer furtar ao momento de sacrífio que Portugal vive.

Há limites para o Turismo e há potenciais benefícios para o Turismo, se o Turismo respeitar os outros sectores e particularmente se respeitar as características de um desenvolvimento sustentado do desporto português.

Na verdade a autofagia até pode ser a crítica a quem sempre voga por cima dos problemas nacionais, desde há décadas, capturando mais-valias certas que deixam os outros sectores mais pobres e mais na mesma.

Por algum motivo a comunicação social abre as portas com regularidade e 'todos os dias' aos conhecedores empresários do Turismo para cantarem loas ao seu potencial e autofagiarem a desgraça de parceiros sociais que contam no país.

Quando é que o Turismo irá apreender que ganha mais com o desporto se investir para que o desporto seja maior?

sábado, 23 de abril de 2011

A carta de Eduardo Catroga a Pedro Silva Pereira (segundo poste)

Continuação de aqui.

4.       Fiscalidade:
a.       A recente definição de 23% do IVA para a actividade de formação e prática desportiva geral corresponde à profunda iliteracia do país e particularmente das finanças e da impotência da política desportiva perante o momento que o país vive e face também ao passado;
b.      O desporto deveria ser integrado naquilo que o PSD apelida “cabaz alimentar básico, protecção dos reformados e despesas das famílias na saúde, educação e habitação”. Se não estou em erro o PSD está à direita do PS. Talvez o que esta proposta queira dizer é que existe espaço para um consenso à direita e à esquerda para áreas como o desporto assumirem uma postura inovadora face ao passado;
c.       Mais uma vez o PSD “entende … que na política fiscal é crítico conciliar os objectivos de equidade, competitividade e eficiência, alargando a base tributária e reforçando as medidas de moralização fiscal e de combate à economia informal”, o que de novo abre as portas ao consenso, desde que …
d.      Se considere que os clubes e associativismo de base não são parte da má economia informal, mas sim da boa economia informal, que, aliás, constitui a base da produção da pirâmide europeia de desporto;
5.       Sistema bancário e o financiamento da economia:
a.       O desporto necessita genericamente de capital aplicado às suas características e considerando um horizonte de vinte anos para 2030;
b.      O desporto não é um sector de bens transaccionáveis, estando fora do quadro explicado pelo PSD, mas definitivamente é um sector com um contributo fundamental para a produção de bens transaccionáveis como o seu capital humano, social e cultural;
c.       Quanto às empresas desportivas do SEE a situação é diferente e exige um trabalho de análise e investigação sem medo dos resultados e decidido quanto aos novos objectivos que devem ser definidos;
d.      Por fim, a independência dos subsídios estatais por parte da produção desportiva nacional deve assentar em pressupostos de competitividade que as organizações desportivas devem ser as primeiras a procurar;
6.       Crescimento económico e reformas estruturais:
a.       Neste ponto a questão relevante para o desporto é o da sustentabilidade do modelo de desenvolvimento que concomitantemente gerará crescimento económico e criação de postos de trabalho;
b.      O potencial de crescimento do modelo de produção desportiva vigente está comatoso e em entropia com os subsídios tóxicos do Estado e das relações malsãs geradas pela governance de partidarismo agudo no Conselho Nacional do Desporto e que é instrumentalizada pelos agentes do arco da governação. Tal como o PSD considera “insuficientes as medidas estruturais acordadas em sede de Concertação Social” há que pensar o papel do CND;
c.       Não existe produto desportivo nacional que sustente a privatização de activos desportivos públicos nomeadamente os colocados no SEE.
d.      O objectivo de crescimento económico deve colocar-se no desporto para o médio e longo prazo na medida em que as primeiras medidas começarem a gerar impactos positivos e demonstrarem a correcção dos objectivos definidos no curto prazo;
e.      Caso se mantenha a actual ineficiência das políticas e se acumularem os resultados dos actuais débitos e erros a tendência para a destruição de valor do desporto manter-se-á mesmo que alguns agentes e sectores beneficiem de rendas segmentares e específicas à medida que toda a economia do desporto se reduzir.
O desafio para o desporto e que esta proposta do PSD abre algumas sugestões é a necessidade de actuar sobre o produto desportivo em toda a fileira da base ao topo, para todos os agentes sem finalidade e com finalidade lucrativa, simultaneamente para a regulação privada e a regulação pública e aferidos por objectivos quantificáveis europeus e mundiais.

O desporto português necessita urgentemente de novas políticas para gerar externalidades que beneficiarão o país.
A visão do lucro imediato, por exemplo através do fisco, destruirá a hipótese do país alavancar o capital económico, social e cultural que a população contém e que exige medidas que estão para além dos pacotes de austeridade que têm sido aplicados e brandidos.
O trabalho é imenso e o debate não existe porque os líderes desportivos estão educados numa cultura do medo que os está a matar.

Há espaço para medidas de direita e de esquerda, o que o debate ajudará a corrigir excessos de parte a parte que prejudicam o bem comum.

O bem comum é o que nos interessa não é?

Boa Páscoa a todos

Porque é que os capitais livres deste mundo não são atraídos pelo futebol português?

A resposta é complicada e obscura porque não se estuda, não se publicam números e análises adequadas à complexidade que o futebol moderno vai exigindo.

O futebol português não assegura margens interessantes num quadro de direitos de propriedade garantidos.

Seria interessante ter investidores internacionais nos clubes nacionais?

Porque não, se houver fair-play financeiro como propõe Platini?

Porque é que Gilberto Madail em todos os seus mandatos não desenvolveu a estruturação do futebol profissional português que alterasse a fisionomia e a sustentabilidade do futebol portuguêstanto desportiva, como económica e social?

Há certamente formas de defender o interesse dos sócios dando-lhes mais a palavra num quadro actual em que a transparência não é o maior dos predicados dos clubes portugueses.

O Judo vai bem

Joana Ramos, Telma Monteiro e João Pina estão à maior nos Europeus de Judo, faltam agora os mundiais e os Jogos Olímpicos.

José Jorge Letria diz que a Cultura não pode perder o estatuto de ministério

No Público de ontem, 22 de Abril, JJL defende o Ministério da Cultura.

Já tenho defendido uma posição que o Desporto ganharia em integrar o ministério com a Cultura.

Sucintamente ambos os sectores produzem excelência em competição com o mundo e na base têm o consumo de toda a população desde que nascemos até morrermos.

A questão posta nestes termos é muito simples.

O Desporto perdeu em trinta anos nos ministérios da Educação e da presidência e de outros.

A Cultura em Portugal é 30% mais pequeno do que o Desporto e por exemplo nos Estado Unidos é várias vezes superior.

Há portanto, uma realidade contraditória no mundo que importará ao Desporto e à Cultura nacional ultrapassar unindo esforços.

Há muitos dos produtores de base produzem actividades desportivas e culturais para além da unicidade de consumo de toda a população.

A criação de uma unidade orgânica na administração central comum especializaria e concentraria funções perante o Estado e perante toda a sociedade e economia.

Quer seja ministério ou secretaria de estado a Cultura e o Desporto deveriam estar juntos.

O que pensam os intelectuais e os líderes do desporto sobre esta matéria?

Terá o desporto coragem para ir até ao fim?

A situação do desporto é grave e todos os líderes desportivos estão agarrados ao financiamento público por menor que este se transforme.

O desporto tem pés de barro com um modelo de produção macrocéfalo e pés de barro.

Essa cabeça maior do que o corpo tem células mortas que consomem o oxigénio e os alimentos das células que produzem com maior competência.

Na economia em geral fala-se em deixar falir as empresas ineficientes para as outras poderem viver com os poucos recursos que existem.

As organizações privadas que dependem maioritariamente do Estado e cujo produto desportivo consumido pela população é nulo, tem sentido manter o subsídio público?

As empresas municipais dedicadas ao desporto poderão continuar a existir com estruturas de custo desajustadas ao seu produto desportivo e social?

Como resolver os desafios do património desportivo edificado e cuja produção desportiva e social é um consumidor bruto de fundos públicos locais e que continuarão nos próximos anos a exigir recursos avultados só para não se degradar o património?

O economista Nogueira Leite dizia no outro dia numa discussão na TVI24 que as autarquias não poderão todas ter um polidesportivo. Que resposta dá o desporto a estas ideias?

É aceitável incentivar a população a praticar actividade física para aumentar a sua condição física em áquinas e ginásios e deixar morrer os clubes e federações. Como é que funciona este modelo de produção? Isto é exequível ou é uma invenção sem benefício social e desportivo alargado à população, excepto para aqueles que já fazem e melhoram a sua condição física onde e como querem?

Reorganizar o Estado

Diz o Expresso em editorial que "chegou a hora de acabar com governos civis, fundir autarquias, encerrar institutos e empresas municipais, mover funcionários para onde são precisos. Em poucas palavras, de reorganizar o Estado. Porque o Estado existe, para servir os cidadãos".

Os dois últimos verbos sublinhados serão os maiis importantes: reorganizar e servir.

Falta um que é o de reconceber as funções do Estado.

Há actualmente funções que são inaceitáveis e impróprias para "servir os cidadãos".

Se se vir na comunicação social os discursos são raros ou inxistentes os que falamem repensar o serviço público.

Este repensar tem consequências como desconcentrar para a administração regional e local e descentralizar privatizando, podendo o Estado assumir novas funções de concepção das políticas que actualmente os gabinetes políticos usurpam a concepção e o desenvolvimento das medidas de política pela elaboração jurisdicional de despachos e leis errados e prejudiciais ao desenvolvimento desportivo, por exemplo.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Exprresso regozija-se por estarmos no topo dos doutorados

Afinal as estatísticas europeias servem para Portugal se classificar entre os melhores.

Será que será legítimo exigir ao desporto que alcance metas equivalentes a estas indicadas na pagina 21 do caderno principal do Expresso de hoje 22 de Abril de 2011?

Há uma situação diferente que é a Europa ainda não ter muitas estatísticas europeias no campo do desporto.

Mas tendo e sendo essas estatísticas produzidas qual deveria ser o lugar de Portugal?

Pode o desporto fazer diferente?

Segundo o jornal i, aqui, um estudo internacional refere que o "bem-estar dos portugueses está ao nível de países atingidos pela guerra".

O desporto pouco resolverá se tudo estiver mal.

Porém, se as coisas se encarreirarem o desporto pode ser um factor para gerar resultados mais do que proporciionais do que o impacto inicial.

Quererão os líderes do desporto conceber e tomar uma via alternativa?

'Wishful thinking' no Desporto do Turismo

O Turismo é um sector que é protegido tradicionalmente pelas políticas económicas para captar receitas do exterior e melhorar a Balança de Transacções Correntes de Portugal.

O Desporto deveria conhecer bem o Turismo pelos benefícios que dá ao Turismo e não vê retribuição de monta dos benefícios económicos avultados que o Turismo retira com a actividade desportiva.

Estão neste caso os eventos desportivos que em regra as federações e organizações desportivas criam e que o Turismo beneficia directa e indirectamente cabendo ao desporto pagar os custos desses eventos.

Para quem lê jornais económicos ou a secções económicas dos jornais generalistas não há 'dia' que não apareça um empresário do Turismo a queixar-se das condições nacionais e internacionais, quaisquer que elas sejam.

Enfim o Desporto não o faz em seu nome próprio e dá-se bem com a situação e não serei eu a criticar os líderes desportivos por não fazerem o que o senso comum leva outros líderes nacionais a fazer com sucesso.

Agora os representantes do Turismo foram chamados à "Troika" e sem surpresa vêm dizer que a "Troika" viu com interesse as sugestões do Turismo de baixar o IVA para 6% no golfe. Ver aqui.

Pois! Fantástico não é?

Algumas questões:
  • Beneficiaria mais o Desporto aprender a fazer estas coisas?
  • O Desporto tem estudos sobre as matérias fiscais e tem feito propostas ao Governo?
  • O que tem respondido o Governo?
  • ...
  • Esta medida é verdadeiramente eficaz para a competitividade internacional do Turismo ou é um subsídio novo que o Turismo quer receber do Estado?
  • O Turismo pediu autorização ao Governo para fazer a promoção das suas propostas?
  • É importante para o Turismo o que o Governo pensa da sua iniciativa mediática?
  • ...
  • Quem deveria falar em nome do desporto? Uma federação? O COP ou a CDP?
  • Um novo líder?
  • ...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os líderes desportivos não estão errados

O que está errado no desporto português não é a decisão e a preferência dos agentes desportivos.

O quadro macroeconómico e o modelo de produção desportivo nacional não lhes oferece saídas no contexto do desporto moderno.

A política desportiva nacional não explicitando um quadro macroeconómico e não exercitando um modelo de produção contém estruturas e determinantes económicas ineficientes resolvidas no quadro das relações de política e de legislação criada à luz dos melhores interesses particulares  e sem uma visão de um modelo que tenha como objectivo o interesse nacional.

Nesta óptica não haverá presidente de federação que não diga que não tenha encontrado nas respostas do Estado aquilo que pediu.

Estando o modelo vigente em regressão acentuada duas hipóteses se vão colocar aos líderes das federações:
  1. Aceitar os dados da equação económica como fizeram até hoje, levando os seus associados a aceitar os limites do modelo;
  2. Alterar os dados da equação e dos factores que a suportam.

A carta de Eduardo Catroga a Pedro Silva Pereira (primeiro poste)

Esta carta, ver aqui, ajuda a compreender os desafios do desporto face aos programas eleitorias e independentemente deles.


O desporto poderá melhorar dois vectores:
  1. A defesa das características da produção do desporto;
  2. O sentido das medidas que serão aplicadas ao país e afectarão o produto desportivo.
Estas sugestões contribuem para que o desporto se coloque melhor sob a perspectiva correcta do programa de ajuda, alternativamente a ficar mudo e expectante que o céu lhe caia sob a cabeça.

Colocarei cada questão relevante e a seguir indicarei uma possível solução para a política do desporto segundo a esquerda e segundo a direita:

1.      No texto da carta:
a.       O ‘perímetro contabilístico’ referido várias vezes e que no desporto até hoje corresponde ao orçamento do Estado e à flutuação dos dinheiros das Apostas Mútuas deve ser alargado ao conhecimento de toda a contabilidade pública, central e local, incluindo as empresas públicas locais:
                                                              i.      Esquerda: foi incapaz de ter políticas económicas e sociais e produzir estatísticas desportivas, económicas e sociais;
                                                            ii.      Direita: tendencialmente ouve outros sectores como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa como quando impediu o desporto de aceder aos primeiros dinheiros do Euromilhões;
b.      “Só apresentará as suas propostas de medidas e a sua avaliação das medidas que vierem a ser sugeridas, quando tiver acesso a toda a informação que para o efeito considere relevante”. É uma posição que ensina ao desporto que só se trabalha politicamente com informação fiável e com transparência;
2.      No anexo – Modelo de programa:
a.       Ajustamento macroeconómico:
                                                              i.      Esquerda: políticas de equidade, actuando pelo lado da procura para atribuir direito de acesso aos serviços desportivos a sectores carenciados e contribuir indirectamente para uma reacção do lado da oferta na procura desse consumo socialmente equitativo;
                                                            ii.      Direita: políticas de eficiência, diminuindo os impostos de sectores considerados nucleares para o crescimento do produto, privatização de empresas e serviços públicos mesmo ao nível local. Nunca foi colocada a hipótese, por exemplo, da privatização do Estádio Nacional e de outras áreas ainda dependentes da administração central e que agora poderão ser equacionadas;
b.      Fortalecimento do financiamento bancário no sector dos bens e serviços transaccionáveis. O desporto não é totalmente um bem não-transaccionável mas pode ter um contributo nos sectores produtores de bens e serviços transaccionáveis e este resultado deveria ser profundamente analisado à direita e à esquerda;
c.       Agenda de crescimento económico e emprego: a tónica para o desporto é a da criação de um modelo de desenvolvimento sustentado que o torne independente da subsídio-dependência prosseguindo o modelo que a Europa social-democrata e cristã-democrata criou em todo o século XX;
3.      No anexo – Consolidação orçamental e austeridade:
a.       “o próximo governo deve dispor de flexibilidade para fazer propostas de alteração do mix de políticas de despesa e de receita”. O desporto não tem beneficiado do exercício de políticas de receita, cabendo-lhe algum grau de liberdade apenas na despesa. Para saber mexer e ter a capacidade de fazer propostas competentes do lado da despesa e da receita o desporto necessita de estudos, meios humanos, lideranças sensíveis e influentes, e um sentido muito claro sobre os factores que beneficiando o desporto maximizam o produto e o bem-estar nacional;
b.      “objectivos ambiciosos de optimização das estruturas e de redução de custos do SPA, do SEE e PPPC, … consolidação orçamental saudável, baseada na redução da despesa e não no aumento da receita”, há estruturas do SPA que não sabem produzir desporto, há estruturas do SEE do desporto que são falidas;
                                                              i.      Esquerda: protegerá o SPA redefinindo o SEE e o PPPC;
                                                            ii.      Direita: actuará sobre o SEE dando-lhe estruturas financeiras e de rácios de endividamento que a banca exige ao sector privado. Diminuirá o SPA;

Continua noutro poste

Por onde anda a reputação do desporto português

O estado do nosso desporto observa-se no novo arraial de pancadaria com a polícia de choque a intervir num jogo entre o Benfica e o Porto.

É possível fazer diferente porque em Espanha onde a rivalidade do Barcelona e do Real Madrid também é imensa e os adeptos dos dois clubes não se guerreiam, nem assumem que desporto é maltratar o adversário.

A situação é insustentável e devem encontrar-se as razões para isto estar a acontecer em Portugal.

Há muitas instituições a intervir na violência no desporto e nenhuma instituição sai de mãos limpas.

Podemos começar pela Assembleia da República, pelos mais altos magistrados que ou não actuam, ou actuam mal, ou não dão exemplos, ou não criam bons exemplos.

Chegar ao fim da legislatura com arraiais de pancadaria é mais um factor que sugere o fracasso da política desportiva de agentes públicos e privados.

Os arraiais de pancadaria custam dinheiro ao erário público, retiram-no de outras aplicações úteis ao desporto e à população e causam prejuízos privados com a destruição de propriedade.

Os prejuízos intangíveis observam-se na descredibilização do desporto e de prejuízos de enorme monta na sua reputação e no que seria o benefício de toda a actividade desportiva para jogos que deveriam enaltecer a componente lúdica e o respeito pelo vitorioso e pelo derrotado.

O Benfica e o Porto perdem porque os estádios não esgotam e a venda de merchandizing e os contratos de publicidade ficam abaixo do potencial.

Indirectamente o benefício de outras modalidades e de outros eventos desportivos negocia também longe do potencial caso o entusiasmo pelas competições desportivas transbordasse como parece acontecer por essa Europa.


A política desportiva tem de olhar para a reputação do sector como o elemento central para colocar o desporto em todas as suas manifestações e produtos como um factor decisivo para a edificação da imagem e do amor-próprio dos portugueses.

A impotência do jogo de ontem é o fracasso de clubes que não conseguem ser grandes onde se destruiu a relação entre o saber ganhar e o saber perder e o prazer que o desporto tem de um momento bem passado entre amigos e em sociedade.


Que terra é esta, que desporto é este, que política desportiva é esta onde não existem leis que ilegalizem as claques, não existem personalidades da sociedade e dos clubes que antes, durante e depois não falam, não aparecem juntas, não se misturam com os adeptos dos clubes e não afastam definitivamente com actos os arraiais de pancadaria dos jogos entre os maiores clubes portugueses?