quinta-feira, 10 de março de 2011

Qual a diferença, no produto económico do futebol, entre Gilberto Madail e outro líder

Para o Estado em Portugal deveria ser indiferente que à frente do futebol ou no seu interior estivesse o líder A, B ou C, ou uma qualquer estrutura de associados, desde que o futebol actuasse com competitividade monopolística contribuindo para a maximização do produto desportivo nacional.

Coloquemos de lado as questões éticas e as legais.

Tratemos apenas a questão económica.

O Estado português, os governos e as autarquias, ao subsidiarem o futebol durante décadas como um monopólio natural, desde antes do 25 de Abril, tornaram a federação um quase monopólio público. Sem o risco da actividade privada e o benefício de rendas públicas.

A garantia de subsídios públicos, aos agentes do futebol, principalmente aqueles com finalidade lucrativa, independentemente dos resultados desportivos e das mais-valias humanas e sociais produzidas pelo sector terá gerado preferências de liderança que sustentam o modelo.

A regulação pública subsidiou o futebol como extensões públicas e não visando a eficiência económica e a concorrência dos monopólios do desporto. Desta forma a regulação pública no desporto nacional não define e não alcança objectivos europeus e preferirá os líderes desportivos que se compromentem menos com a produção de resultados desportivos do que a conformidade dos princípios da regulação pública.

Gilberto Madail tem o mérito de manter durante o seu mandato as rendas que os seus associados mais activos necessitam, gerando níveis financeiros interessantes através dos eventos, dos estádios e da liberalização do futebol profisisonal.

Noutra perspectiva para além do aspecto da democraticidade o desconforto das associações do futebol pode relacionar-se economicamente também com as queixas das estruturas federadas centrais junto do financiador público acerca dos custos que arcam com a existência das associações distritais ou regionais.
Ao retirar a força administrativa das associações nas federações, a legislação poderá ter adequado a realidade da maior parte das federações correspondendo ao interesse de concentrar os fundos públicos no financiamento de alto rendimento pela estrutura central de cada federação.

Se esta nova realidade vai gerar mais produto desportivo ou se vai permitir a acumulação de benefícios financeiros através do alto rendimento no topo federado é uma realidade que será interessante observar.

Num caso e no outro não é por enquanto claro qual a geração de mais-valia desportiva, humana e social que estas novas composições administrativa e financeira terão no produto das federações e, em particular, no futebol.

A retirada de valor às associações é uma tendência que vem detrás por dois impulsos:

- Um, a necessidade pública de concentrar meios financeiros escassos em novos agentes com maior relevância para o alto rendimento;

- Outro, a subvalorização ou mesmo a quebra de relevância das associações desportivas ligadas aos clubes de base, que as associações deixaram de representar face à valorização das organizações com finalidade desportiva mais ágeis na captura das rendas da actividade desportiva e dos subsídios públicos por vezes os centrais e também os locais.

Que alternativa para esta situação?

Por exemplo: um modelo de desenvolvimento desportivo novo passando pela consideração das federações como monopólios em competição pela conquista de mercado desportivo em todos os segmentos de prática como no informal e no formal recreativo e no alto rendimento.

Uma coisa é certa: nenhum Estado do mundo tem dinheiro para desenvolver o seu desporto para a maior parte da população apenas com organizações com finalidade lucrativa.

Esta análise económica demonstra a necessidade de racionalidade e modernidade para que as federações tenham pontos de desenvolvimento desportivo mais sólidos na sua base.

Com associações ou organizações de outro nome as federações necessitam de órgãos técnicos desconcentrados para trabalharem com a base da sua pirâmide.

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