quinta-feira, 24 de março de 2011

Oxigenar as soluções

O desporto português está sufocado.

É comum ouvir que os dirigentes desportivos dizer não estão preocupados com os praticantes dos clubes.

A política desportiva dirige-se para pequenos e micro líderes de organizações que lutam pela sua sobrevivência num mercado falido e subsídio-dependente do Estado.

Com essas micro e pequenas organizações conseguem subir aos níveis mais altos da nação.

Falta estatura, a quem com eles lida, para lhes indicar princípios e soluções de responsabilização e risco que os tornem homens de maior impacto social e económico geradores de produto desportivo competitivo e de externalidades abundantes na educação, saúde, economia e segurança dos portugueses.

Os políticos no desporto não ouvem nem conversam partindo para soluções de complexidade crescente que aliás não admitem porque a sua capacidade de diálogo é curta.

Gilberto Madail perdeu a eleição na Europa porque a UEFA percebeu que quem não consegue aprovar estatutos, está num país em bancarrota, nem tem resultados nas selecções nem na champions league então é de uma segunda ordem. Não percebeu que o modelo do Euro2004 chegou ao fim e que a Europa percebeu que a magia de Portugal chegou ao fim.

Não percebeu que deveria já ter projectado Luís Figo para os areópagos europeus do futebol, como não percebeu que as selecções de jovens já não vencem nada e que todo o pudor foi perdido quando Portugal leva à Europa problemas de má educação entre dirigentes de topo como se fossem assuntos de Estado. Não é o único líder a trabalhar mal as suas estrelas porque outros dirigentes de outras federações e organizações desportivas nacionais fazem o mesmo.



As soluções que tenho apresentado neste blogue não têm a pretensão de se projectarem no sistema desportivo.

As máquinas políticas têm uma vida própria e todas as ideias levam uma volta significativa até sair um instrumento de política acabado.

As ideias que vou colocando visam oxigenar as soluções de política desportiva.

O medo de levar instrumentos inovadores aos dirigentes desportivos portugueses aceita as suas características: são fechados, pensam que sabem tudo, fazem o que pensam, destróem a diferença, falam do que não sabem.

Os dirigentes desportivos portugueses pensam que o Estado existe exclusivamente para lhes dar dinheiro.

Estão redondamente enganados.

Os dirigentes desportivos dos países mais ricos do mundo recebem muito menos dinheiro do Estado, por vezes nenhum, e movimentam montantes de capital que os dirigentes desportivos portugueses nem sonham alcançar. Também têm o orgulho de não dependerem do Estado para cumprir os seus objectivos sociais e económicos.

Ouvir os dirigentes desportivos é importante para conhecer os limites e os fracassos da produção desportiva privada.


A política desportiva nacional necessita do oxigénio das ciências do desporto e das outras áreas o que actualmente, ou é recusado, ou são encontradas formas de forçar a mão da política menor sem fôlego de longo prazo.

Há vários anos fiz calculos estatísticos e caracterizei certo nível de prática desportiva.
Anos depois uma investigação noutra área da ciência coincidiu na caracterização.
Foi correcto ter feito a investigação. Ambas as investigações.
O problema é não promover a divulgação, o debate e as conclusões sobre o que fazer com esse conhecimento.
O debate deve ser umacto fácil como respirar sendo igualmente vital.

A característica que detectei há alguns anos corresponde a uma falha da produção desportiva, permanece e não é resolvida.

Os dirigentes desportivos não olham, não vêem e menorizam.
Chegam a ser arrogantes na sua teimosia.
A sociedade portuguesa sabe disso.

Oxigenar as soluções é um atentado à forma de fazer a política desportiva nacional porque as pessoas que actualmente fazem a política desportiva vivem um mundo pequeno e à parte com um modelo de trabalho que se apurou apenas em Portugal nos últimos vinte anos.

Irá esse modelo ser questionado ou continuarão as suas características reverênciais?

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