quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um feito do Atletismo digno de nota

Susana Feitor, Ana Cabecinha e Inês Henriques nas dez primeiras nos 20 km marcha nos mundiais de Atletismo na Coreia do Sul.
 ver artigo do Público aqui.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Agosto trouxe um novo blogue sobre direito e desporto

A sua animadora chama-se Marina Albino e o blogue Re( flectir) sobre Direito e Desporto, ver aqui.

É altura de deixar jogar, para o Desporto ganhar

Durante os últimos anos no Colectividade Desportiva e em 2011 neste blogue marquei uma posição crítica sobre o que se passava na política desportiva.

Tal como num jogo de xadrez ou de futebol ou do que se quiser, é chegado o momento de esperar pelo jogo do adversário de competição para o deixar respirar e poder colocar em jogo todo o seu potencial.

A capacidade de expor o jogo e de responder a esse jogo, éo que se passa no desporto diariamente e em todas as modalidades, é o que se vai passar.

Os tempos e os intervenientes são mais fluidos e indeterminados mas o espírito equivale-se. O espírito é o mesmo, o espírito é ganhar-lhes, para fazer o desporto português desenvolver-se sustentadamente.

Nesta fase do jogo e do campeonato uma intensicação do esforço é escusado e eventualmente mal compreendido.

Independente dos sinais e da postura, o jogo tem de correr e contar com o melhor do adversário ou adversários que aparecerem a jogo.

Esperemos todos que o ou os adversários consigam dar o seu melhor, não se dope, não seja corrupto, nem actue com violência.

Esperemos que não desiluda quem neles acreditou e surpreenda pela positiva aqueles adversários que têm capacidade de se surpreenderem pelas coisas boas.

Tenha princípios éticos elevados e com fair-play britânico saiba ganhar e saiba perder qualquer que seja o seu output desportivo no terreno de jogo.

Para que a população portuguesa maximize os benefícios que retire de um consumo desportivo pleno.

domingo, 28 de agosto de 2011

Segundo o Expresso de 28 de Agosto de 2011 o "Revisor oficial arrasa as contas do IDP"

O IDP e os seus congéneres anteriores tiveram inspecções das Finanças e do Tribunal de Contas que foram mais ou menor virulentos e que os presidentes em exercício nos momentos auditados tiveram de defrontar-se.
Neste caso parece ser a primeira vez que um revisor oficial tenha uma posição igualmente forte.
Junta-se o recorte do Expresso:

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O problema do risco moral

Os eleitores elegem os governos esperando determinados resultados a partir das promessas feitas pelos candidatos eleitorais.

Porém, o funcionamento das instituições que são lideradas pelo candidato vencedor tem características que os candidatos dominam e que são difíceis de controlar pelos eleitores.

O risco moral é o eleitor esperar que o PSD faça diferente e melhor do que o PS e depois não consegue distinguir a actuação de um e do outro.

No caso do desporto a austeridade imposta pela Troika amarra 3 candidatos que assinaram as propostas dos estrangeiros e o votante desportivo não compreende a relação entre as medidas da Troika e os desafios do desporto.

O discurso do candidato vencedor fala de austeridade, fica contente com os sub-20 e dá-lhes os parabéns pessoalmente na final, diz que vai poupar milhões com uma fusão de vários organismos, fala de sub-facturação na máquina do Estado e nada deste discurso fala dos desafios antigos do desporto nem dos novos que estão a surgir.

Os eleitores estão em branco porque eventualmente as suas preocupações serão:

  1. Como aumentar o consumo desportivo da população portuguesa para mais de 60% do seu total?
  2. Como capturar os benefícios externos gerados para dentro do próprio desporto?
  3. Como capturar os benefícios externos gerados para benefício escolar e de saúde dos jovens?
  4. Qual a dimensão do benefício total gerado pelo produto desportivo antes e depois de alcançada a meta dos 60% de prática?
  5. O discurso da austeridade e a poupança com a fusão terá impactos negativos no consumo desportivo de que dimensão? 
  6.  Que outras medidas deveriam estar a ser anunciadas?
O candidato vencedor é que conhece ou vai passar a conhecer a máquina do Estado para o desporto e isso levanta outro conjunto de questões:
  1. Está a orgânica do Estado e das federações preparada para desenvolver o consumo desportivo para mais de 60% da população?
  2. Se o produto económico do desporto valer 1,5 mil milhões de euros como diz o INE e o crescimento para os 60% de consumo desportivo valer 2,5 mil milhões de euros, está a orgânica do Estado preparada para regular bem esses 2,5 MM€?
  3. Ou pelo contrário a máquina do Estado e os eleitores estão mal preparados para implementar medidas de alavancagem do produto desportivo nacional? 
  4. Por exemplo, os apoios que o desporto tem dado para o desporto automóvel podem sustentar-se no orçamento do desporto ou deveriam ser contidos e diminuídos pela parte do desporto, indo buscar valias aos sectores do turismo e da economia que beneficiam dos 96 milhões de euros indicados pelo estudo económico do ACP? 
A questão relevante do risco moral é que a máquina do Estado nem o seu eleitorado não estará preparada 
para produzir desporto para a média europeia. Vejamos dois pontos:

  1. Em termos económicos pode dizer-se que a estrutura administrativa e jurisdicional criada é incapaz de produzir o diferencial de 1000 milhões de euros de produto desportivo necessário a Portugal aproximar-se mais rapidamente da média europeia. Estamos mal ao nível da máquina do Estado.
  2. Nenhum país do ocidente europeu durante o século XX e neste início de século XXI desenvolveu o seu desporto sem recurso a medidas de desenvolvimento sustentado e de eficiência económica. Os países do leste europeu procuraram manter resultados com a sua transição no início dos anos noventa e agora estão imparáveis. Estamos mal ao nível do conceito nacional de desenvolvimento do desporto.


Há desafios novos, muitos que são velhos, que surgem todos os dias e demonstram como tem havido lacunas de capital de regulação pública.

Esses desafios são a arbitragem, a compra de direitos do futebol profissional, a competitividade do futebol profissional, o imenso pacote das infraestruturas, a criação e formação de quadros técnicos qualificados, a falência dos clubes desportivos de base, o desporto para os jovens, o erro mantido da Fundação INATEL, a compreensão do desporto automóvel e das super-motos, o alto rendimento desportivo e a produtividade olímpica, os talentos desportivos nacionais, o mercado dos jovens jogadores profissionais,os mega-eventos desportivos, etc.

A regulação pela via legislativa do modelo desportivo português tem quase cem entradas no site do IDP e está feito com uma racionalidade que impede a competitividade desportiva, económica e social dos parceiros privados e que os leva a assumir comportamentos que visam a captura de rendas públicas.

O Estado tem pouca capacidade de regulação e potenciação pelo mercado privado destas parcerias como se observa nas palavras do presidente do ACP dizendo publicamente que o Estado lhe deve 2 milhões de euros de subsídios atrasados.

A máquina do Estado tem de ser capaz de atribuir aos agentes privados exactamente o valor de subsídio público equivalente ao benefício que a população beneficia e no caso vertente é questionável que tal esteja a acontecer estando o Estado a atribuir subsídios que não beneficiam os consumidores desportivos e são externalizados para agentes da indústria automóvel e do turismo.

O que acontece é que a máquina do Estado não tem a capacidade para analisar os impactos das suas medidas e a conceber medidas de racionalização e eficiência no mercado do desporto nacional que beneficiem as população e os agente locais.

A actual máquina do Estado central dá sinais à sua máquina local para racionalizar a sua acção em direcção aos agentes económica e socialmente mais activos não contrariando os ciclos de prosperidade e de declínio sectorial e sendo pró-cíclica investe nos mais activos no momento do crescimento e retira aos mais carentes no momento da austeridade.

Laurentino Dias terá dado subsídios ao desporto automóvel em 2008 com o momento de expansão económica e depois terá revisto esse posicionamento com a contracção o que parece ter sido correcto.

Ter-lhe-à faltado know-how administrativo, técnico e político para suportar a alteração da política adequada ao novo momento da economia do país.



Neste novo momento da economia do desporto a necessidade de uma nova máquina do Estado e das federações vai para bastante mais além do que as medidas de austeridade anunciadas a contento da Troika.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

É importante ouvir Rummenigge


Rummenigge revoltado com a FIFA, aqui, na peça do Expresso

O ex-jogador alemão Karl-Heinz Rummenigge, presidente da Associação de Clubes Europeus, criticou Joseph Blatter e pediu uma revolução contra a corrupção na FIFA.

"Não aceito mais que sejamos liderados por pessoas que não são sérias e limpas. É altura de intervir. Porque saber que algo está errado obriga-nos a mudar." Karl-Heinz Rummenigge, ex-jogador alemão e presidente da Associação de Clubes Europeus, teceu duras críticas à FIFA e ao presidente Joseph Blatter, em entrevista ao "The Guardian" .
Rummenigge diz mesmo que "há um processo diário de corrupção" no organismo máximo que rege o futebol e não confia em Blatter. "Blatter diz que está a lutar contra a corrupção, mas a verdade é que ninguém acredita no que ele diz. Não estou optimista com o futuro do futebol porque eles acreditam que o sistema está e é perfeito. O futebol é uma máquina de dinheiro, Mundial após Mundial. E, para eles, isso é o mais importante, mais do que ter uma gestão séria e limpa", explicou.
O presidente da Associação de Clubes Europeus diz que o organismo - que sucedeu ao G14, que reunia os principais clubes europeus - quer ter mais protagonismo nas decisões referentes ao futebol mundial. Até porque, diz Rummenigge, são os clubes que detêm os passes dos jogadores, mas o calendário está apinhado de eventos de seleções, em excesso.
Rummenigge diz que todos os participantes do futebol mundial - clubes, federações, jogadores, árbitros e futebol feminino - devem ter uma voz ativa, e promete novidades nos próximos tempos, caso a situação não mude. "Vou-lhes dar uma oportunidade, mas estou pronto para uma revolução, se é a única forma de encontrar uma solução.

O desporto não necessita de esquizofrenia

O PSD tem tido entradas de leão no desporto esperemos que não tenha saídas de sendeiro. Os partidos políticos portugueses nunca se arrependem de nada e o PSD não seria a excepção se saísse como fez o PS.

Anunciar a fusão do desporto com a juventude sem fazer o estudo, como Laurentino Dias diz que está no Memorando da Troika e que o PSD assinou, sugere que foi uma medida apressada, para além de não juntar a Fundação INATEL indica que não tem a concordância do partido de coligação o CDS. A fusão, uma viagem a Bogotá para a final de sub-20 de futebol sem levar o secretário de estado e anunciar as facturas do IDP, ao contrário do que sugere certa ética de comportamento do bloco central, são três medidas de sinal político contrário que retiram sossego ao desporto principalmente quando acompanhadas de um silêncio absoluto quanto a medidas de política desportiva no sentido do desenvolvimento sustentado e maximização do bem-estar da população portuguesa.

O PS está sem fôlego. O seu homem para o desporto viveu na terça-feira no Parlamento a Diáspora política de toda a sua vida ao verificar que a ética que esperava do PSD e CDS não se tinha realizado e que pessoas que com ele trabalhavam uns dias antes não lhe tinham dado o mínimo sinal do que se estava a passar, nem a estrutura em que ele confiara e defendera durante 6 anos contra acusações várias de incapacidade, afinal ter-lhe-ia deixado uma encomenda tal que pelo menos inicialmente não se livrava do máximo desconforto e má publicidade políticos deixando em maus lençóis o trabalho político de toda a sua vida.

Nesta fotografia todos estão mal e não há um que se aproveite:

  • O PS criou o caso Queiroz e agora não tem de se queixar da esquizofrenia do opositor de política desportiva.
  • O PSD não tem e não está a tomar as medidas de política desportiva cautelares como os estudos aconselhados pela Troika.
  • O PSD está a trabalhar para a fotografia não fala de política desportiva ou de juventude que não tem, prega rasteiras à sua alternativa de poder para onde já comprou os vira-casacas do costume, vai às finais desportivas que enchem o olho da imprensa cor-de-rosa desportiva. 
  • O CDS enquanto parceiro governamental continua ausente do desporto apesar de conter uma fatia desportiva importante na actividade da Fundação INATEL.
  • Os outros partidos de esquerda não falam de política desportiva.
  • O Parlamento é um deserto de bom senso e maturidade. O Parlamento e as audições de desporto está cheio de jovens que falam e falam mal de juventude porque desconhecem, não sabem ter uma política de juventude, e de desporto nunca ouviram falar. 
  • Os partidos como um todo não discutem as suas juventudes e o mal que estão a fazer ao país.


Depois do caso INDESP, o Caso das facturas do IDP tem uma dimensão exasperante:
  • Quem dá a má imagem ao desporto é o PSD depois do PS ter criado o Caso Queiroz.
  • O PS não aprendeu nada com o Caso INDESP quando nomeou para a liderança da instituição pessoas inqualificáveis que depois acabou por tirar e que deixaram a sua marca de incapacidade que fragilizaram a estrutura cultural e ética da instituição.
  • O caso INDESP terá valido cerca de 60.000 contos.
  • O Caso das Facturas do IDP a confirmar-se a complicação e os seus valores são 1,2 milhões de contos, o que eleva a fasquia da inconformidade legal para níveis absolutamente inaceitáveis mesmo que nem um cêntimo de inconformidade seja inaceitável.


O norte cardeal da acção política no desporto tem de ser a política desportiva visando o bem-estar da população portuguesa.

Esquecendo este princípio parece valer tudo, a auto-promoção e a esquizofrenia, na política portuguesa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Do debate entre Miguel Relvas e Laurentino Dias

Não irei discorrer sobre o Caso das Facturas do IDP para o qual a comunicação social irá trazer elementos que  procurarei interpretar.

Passado um dia podem-se indicar algumas singularidades do debate no Parlamento:

  • O Desporto levou uma sova que atirou a sua reputação para o nível do Caso INDESP.
  • Quanto ao PS:
    • Essa sova que o desporto recebeu foi obra do PS agora liderado por António José Seguro.
    • Laurentino Dias lançou um repto a Miguel Relvas para o qual estava desprotegido com telhados de cristal e para os quais este último tinha paralelepípedos de granito, em forma de facturas fora da contabilização oficial. 
    • A acção do PS foi estilhaçada por quem manteve durante anos uma estrutura que apresentava problemas e se recusou sistematicamente todas as alternativas de modernização.
    • Laurentino Dias nunca teve uma política voltada para a produção de resultados desportivos sustentados, nem nunca fez estudos sobre a eficiência das suas medidas e perspectivas para o futuro, atacou a política do PSD e do CDS no terreno flácido do que fazia e estava e do desemprego. 
    • O debate foi um flop, é um revés para o PS e é uma oportunidade para o partido assumir o que se recusou fazer durante 6 anos: criar uma proposta do PS para o futuro do desporto português. 
  • Quanto ao PSD:
    • O ministro Miguel Relva afirmou que não acredita em políticas públicas para a juventude recusando-se, no entanto, a extinguir as suas funções públicas.
    • Não foram apresentadas as linhas de política desportiva consonantes com a fusão delineada.
    • Portanto, se o PSD seguir a linha para a juventude, não vai ter uma política para o Desporto.
    • O que o xix governo tem são medidas visando a austeridade a poupança de cargos dirigentes e funcionários públicos para fazer não se percebe muito bem que tipo de políticas públicas na área do desporto.
    • O governo diz que vai pagar as facturas.
  • Quanto aos outros partidos da oposição e de governo:
    • Não se notaram do ponto de vista da política desportiva.
  • Conclusão:
    • Era bom para ele próprio que o PS trabalhasse uma política para o desporto visando alcançar a média europeia.
      • Começar por entender o trabalho de Laurentino Dias é um ponto de início de trabalho.
      • Outro ponto de início de trabalho é o de observar os resultados actuais e projectar o futuro Europeu do nosso desporto.
    • Dado que as troikas que o xix governo encontra e quer resolver o estão a ocupar bastante, há que esperar que o PSD e o CDS comecem a fazer Política Desportiva para a Europa do Século XXI, independentemente da iniciativa do PS e dos outros partidos da oposição.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vitor Pereira recusa demitir-se


Eis três parágrafos da notícia do Diário de Notícias que está aqui.
  • Presidente da Comissão de Arbitragem garante que a sua demissão "não iria resolver nada" neste caso com o Sporting e que não vai "abandonar os árbitros nesta altura".
  • Vitor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, recusa demitir-se do cargo, apesar da pressão do Sporting e das polémicas em torno da recusa de João Ferreira em dirigir o Beira-Mar-Sporting.
  • "Há três razões por que não me demito. Fui eleito pelos 32 clubes da Liga, tenho a confiança dos clubes e do presidente da Liga. Depois, não vou abandonar os árbitros nesta altura. A minha saída não iria resolver o problema com os erros dos árbitros e com as críticas aos árbitros", disse o dirigente, em entrevista à TVI.

Vítor Pereira tem toda a razão em não se demitir.
 
Há um aspecto intangível que apenas com o envolvimento do poder político e de todos os parceiros do futebol é possível baixar a temperatura da arbitragem.
 
Há actualmente outras condições que deveriam levar os agentes do futebol a compreenderem que uma boa arbitragem e sem polémica mesmo com erros difíceis de compreender e aceitar é mais rentável para o negócio e o espírito do campeonato do que a constante quezília e o desgastar dos árbitros e da sua liderança para esconder os males das lideranças e dos treinadores das equipas.
 
Godinho Lopes não percebe que o futebol moderno exige que ele a primeira coisa que deveria fazer não era acirrar a tradicional guerra contra o seu associado de toda a vida Vítor Pereira mas solicitar-lhe uma reunião e levá-lo para o camarote do clube para dizer aos jogadores e a toda a massa associativa que são eles que ganham os jogos e não os árbitros.
 
Com a incapacidade de plenitude do projecto de arbitragem profissional e amadora de Vítor Pereira quem perde é o futebol e aqueles que arranjam razões que a racionalidade desportiva europeia não acompanha.
 
O Governo deveria olhar para os Vítor Pereira e os Ilídio Vale do futebol português e garantir-lhes condições de trabalho que lhes tem sido negada no passado.

Sobre o debate no Parlamento entre Miguel Relvas, Alexandre Mestre e Laurentino Dias

Tive dificuldade em compreender da parte do PS as suas políticas de desporto e juventude que justificavam a estrutura mantida durante o seu consulado.

Pela parte do PSD compreendi que o seu objecto é a poupança de recursos e uma fraseologia acerca de eficiência e eficácia sem conteúdo estatístico e material e centrado na formalização jurídica.

Falou-se mais de juventude do que de desporto, na proporção de 80% para o primeiro e 20% para o segundo.

As juventudes partidárias bateram-se pelo que melhor conhecem a sua juventude que no caso do PSD e do CDS não necessita de uma política pública, o que contrasta com a manutenção da juventude junto do desporto.

Se não há a necessidade de uma política pública para a juventude porquê não eliminar as respectivas funções que se querem fundir com o desporto?

A apresentação das facturas no IDP por parte do ministro Miguel Relvas foram um murro no estômago do ex-secretário de estado Laurentino Dias que acusou o toque, dizendo que em circunstâncias que considerava equivalentes não tinha feito há 6 anos atrás o que o PSD lhe estava a fazer.

Quanto ao Secretário de Estado Alexandre Mestre esteve seguro nas matérias jurídicas da fusão e dos quadros de pessoal e ensaiou alguma acutilância moderada perante a oposição ao governo.



Esperaria um outro debate baseado em políticas para a juventude e para o desporto e as instituições públicas e privadas capazes de o realizar.

Nesta perspectiva acho que o Parlamento e todos os partidos continuam a falhar por cada oportunidade que não conseguem mostrar que sabem regular o desporto português.

É de duvidar, porém, que com os deputados presentes outro tipo de debate mais profundo e materialmente visando o bem-estar nacional através do desporto e da juventude fosse possível.

Parece surgir da parte do Governo um fechar do discurso e das ideias apenas em torno do lucro político de curto prazo e da realização das metas da troika.


O Parlamento terá uma audiência com o Secretário de Estado do Desporto e da Juventude no dia 20 de Setembro de 2011.

Intervenção do Ministro Miguel Relvas no Parlamento

Junto o link de acesso ao debate, aqui.

Os estudos económicos e os fracassos do mercado do conhecimento desportivo nacional

Mirandela da Costa determinou a realização dos primeiros estudos económicos no desporto nacional, o Programa Integrado de Desenvolvimento Desportivo e desde aí as coisa foram morrendo por actos directos e pelo deixar andar das coisas no desporto.

Os dinheiros escorriam com relativa facilidade pelo tem de ser do boca a boca dos líderes institucionais privados e públicos.

O estudo do Euro2004 foi um paradigma, contrataram-se muitas faculdades e os resultados a obter tinham de dizer que o modelo escolhido era o correcto. Nada foi discutido com base em alternativas de investimento servindo um modelo de desenvolvimento desportivo. Nada foi analisado tecnicamente sobre o pós-evento. O Estado nunca se preocupou. A sua única preocupação foi mostrar que o Estado conseguia o equilíbrio entre aquilo que investia e os resultados do evento na óptica da contabilidade nacional.

O desporto e os resultados desportivos do investimento pré e pós-evento nunca se analisaram.

Quem levantou dúvidas sobre este modelo ficou muito mal visto e sofreu consequências. Que consequências? Apenas um exemplo do género que quem levantou dúvidas não teve bilhetes para nenhum dos jogos do Euro2004 oferecidos por quem oferecia essas benesses às pessoas que concordavam com o estudo realizado.

Chama-se a este fenómeno de captura do investigador universitário, que deveria ser independente e o deixou de ser, pelo proprietário do estudo.

Outro exemplo paradigmático são os estudos encomendados pelo Estado a empresas multinacionais sediadas em Portugal e que regra geral têm custos incomportáveis (estas empresas são caras mesmo ignorando as peculiaridades  do mercado do desporto) nada dizendo de inovador e pouco se conhecendo de resultados práticos após o fim do projecto.

Este é o caso dos estudos económicos encomendados pelo Estado para a área do desporto.

O que ressalta destes comportamentos é a inexistência de funções desportivas, económicas e sociais bem fundamentadas na administração do desporto capazes de conceber e equacionar processos de desenvolvimento do conhecimento desportivo, económico e social do desporto português.

As decisões tomadas e inquestionáveis por imperativo superior, da secretaria de estado, do ministro e do governo, eventualmente suportadas em documentos jurídicos que se auto-justificam mesmo quando entram em domínios não-jurídicos e acertadas pelo interesse de parceiros indiferenciados são a base do fracasso do desporto português em termos gerais.


O exemplo europeu é claro. Basta ler o Livro Branco do Desporto e os múltiplos actos da União Europeia para observar a sustentação desportiva, económica e social das decisões e dos programas efectuados em estatísticas e estudos que se vão desenvolvendo e surgindo.

A abordagem técnica do desporto é um processo cultural antes de ser sectorial.

Hoje no desporto português muitos técnicos do desporto vêem as suas funções de concepção do produto e das funções de gestão de desporto serem substituídas por actos administrativos e jurisdicionais ineficazes e ineficientes determinados por cadeias de decisão redundantes e avessas à concepção e à racionalidade da produção de desporto.

Há sectores técnicos que conseguem alguma actuação dentro da racionalidade própria dos seus sectores como a medicina e o doping, por via das consequências da sua não implementação que redundam em mortes ou numa imagem social muito negativa. A engenharia e a arquitectura conseguindo produzir instalações desportivas tecnicamente consolidadas na sua área de especialização. Porém, a medicina não consegue passar ao desporto as dimensões da prática que consegue noutros países desenvolvidos e as instalações desportivas são amplamente desenquadradas de resultados desportivos, económicos e sociais.

A extensão do fracasso cultural do conhecimento desportivo pela apropriação política e jurisdicional é o desafio a defrontar na actualidade do desporto nacional.

Mais um naco do mesmo sobre os Estádios do Euro2004, a custo zero

Esta está aqui, escrita por João Cândido da Silva, no Jornal de Negócios.

"...
Para ilustrar como Portugal chegou ao que chegou, a Parque Expo é um caso entre muitos outros. O Euro 2004 também foi vendido como uma iniciativa a "custo zero". Mais: nos balanços sobre o impacto do evento elaborados após a sua realização, os peritos davam como certa a sustentabilidade futura dos estádios. 

Assinalavam, em favor da tese, que apenas o recinto de Faro/Loulé não dispunha de um clube residente e que, nas restantes situações, as responsabilidades dos municípios estavam defendidas. Até poderiam ganhar dinheiro com o arrendamento das infra-estruturas. Poderiam, sim, mas só no papel onde cabem todas as fantasias que se quiser. Seria interessante saber o que diriam agora os mesmos especialistas, contratados a diversas universidades, se fossem confrontados com aquilo que se passa em Leiria e em Aveiro, onde as autarquias asfixiam sob o peso de bancadas vazias. 

..."

O custo zero é utilíssimo para a decisão superior, o chefe mandou, já está decidido, tem de se fazer assim, está decidido, o secretário de estado disse, o primeiro-ministro pensa, é para andar, lá vens tu com as tuas complicações, a UEFA e a FIFA quando tomarem conhecimento disto não vão gostar, o partido vê essa sua posição com maus olhos.

Estas frases e outras equivalentes são a base do custo zero de não fazer estudos desportivos, económicos ou sociais para sustentar a decisão ou para avaliar os resultados do investimento. Nunca se analisa as consequências dos investimentos ou do impacto das leis e dos regulamentos.

As leis que se fazem no desporto também são a custo zero, mesmo quando estão erradas no mesmo dia da sua publicação.

De qualquer forma o desporto continua a não ser capaz, com o seu confrangedor silêncio, de explicar quais os erros do Euro2004 e de demonstrar que os erros cometidos estão diagnosticados e não se repetirão.

O que acontece é que a sociedade cada vez que dá uma cavadela encontra uma minhoca, e que minhocas vai encontrando! Agora chama-se Pavilhão Atlântico e ainda ninguém descobriu que a privatização também é a custo zero.

A fusão do desporto e da juventude também vai ser a custo zero segundo os estudos que estão feitos.

É questão para perguntar: Essa do custo zero é para quem? É que pelo que se vê há quem viva no melhor dos mundos com o custo zero que as suas decisões ineficientes lhes acarretam.






João Cândido da Silva termina com as seguintes frases mostrando como ele não possui a melhor das literacias desportivas mas simplesmente a possível face à escassez e ineficácia de informação produzida pelo desporto para justificar os seus actos:


"O anúncio, pelo Governo, da extinção da Parque Expo gerou choro, lamentos e a acusação de que se trata de uma decisão "economicista". Em conjunto com "custo zero", aquela é uma das palavras que explica o descalabro financeiro do País. Agir sem considerações "economicistas" é comprar um Ferrari quando apenas se tem dinheiro para adquirir e assegurar a manutenção de um Smart. É fazer uma exposição universal ou um campeonato internacional de futebol sem olhar aos custos de oportunidade num País que tinha, e tem, graves falhas na saúde, na educação, na justiça ou no apoio social. 

Se o futuro passa por começar a fazer contas sérias antes de tomar decisões, poderá ser menos vistoso mas será mais saudável para os bolsos dos contribuintes. O "custo zero" e os complexos do "economicismo" saem demasiado caros."

A Europa é um terreno de batalha e o desporto de Portugal não o toma como tal

O cenário da criação de fundos europeus para atender aos países da periferia está a transforma-se num outro modelo de concentração de poder efectivo nalguns países do norte da Europa.

o modelo europeu que transferiu fundos para os novos membros falhou por via das regras de funcionamento integrado das economias e por comportamentos próprios que os países da periferia não acautelaram.

Em particular Portugal acumulou erros que não são de hoje e se podem identificar como surgindo inicialmente há mais de vinte anos.

O desporto português está nesta via nacional errando as condições de competitividade desportiva.

Não há sinais ou afirmações de que esta situação se altere no curto prazo.

Mesmo que em Londres Portugal consiga medalhas como nunca produziu no passado na ordem das 4 ou 5 o modelo vigente tem falhas graves e necessita de uma reforma profunda que ninguém sabe e trabalha para o que isso é por se relacionar continuamente com modelos e lideranças do passado português.

Porque existem instituições falidas no desporto?

Um conceito alargado de falência em que as despesas são superiores à receitas passam pela existência de um conceito simples da missão da instituição, de instrumentos capazes de avaliar o cumprimento e o incumprimento dessa missão e de instrumentos de sancionamento dos resultados.

Uma síntese das instituições desportivas nacionais mostra as dificuldades imensas de reerguer um conjunto de activos que ao longo de muitas décadas foram maltratadas.
  1. A Fundação do Desporto criada no tempo de Mirandela da Costa falhou o seu objecto inicial de financiar o desporto. Os seus corpos directivos foram incapazes de levar a sociedade e o Estado, um dos associados, a regular bem a actividade, também foram incapazes de propor com efectividade medidas alternativas, a partir de determinada altura deixaram de ter voz e todos mantiveram as suas funções. Desconhece-se se continuam a receber pelo trabalho desenvolvido.
  2. A Confederação do Desporto criada no tempo de Mirandela da Costa teve lideranças distintas de Luís Santos e de José Manuel Constantino conseguindo receber dinheiros privados e públicos. A sua missão inicial foi alterada e a actual não tem razão de ser no desporto moderno europeu. A incapacidade das suas lideranças actuais é o de reconhecer o que é bom para o desporto e actuar em consonância. A junção com o Comité Olímpico sendo uma solução comum na Europa em Portugal prefere-se a indefinição e o empenhamento dos escassos recursos públicos e a perda de tempo das direcções de federações em reuniões escusadas. A Confederação hoje não conta com a presença das principais federações o que quer dizer que desportivamente está morta, menos para aqueles que não têm o que fazer de competitiva e socialmente útil.
  3. Muitas federações estão falidas, sendo financiadas em grande parte financiadas pelo Estado que não apresenta medidas de reforma destas importantes instituições desportivas nacionais.
  4. Há muitas instalações desportivas que as autarquias não sabem que destino dar na ausência de programas e de missões desportivas que o Estado português nunca definiu transmitindo ao nível local as imagens do seu desnorte e dos maus exemplos centrais.
  5. As autarquias necessitam de exemplos de como gerir, promover o bem estar e projectar o futuro das suas responsabilidades desportivas. O silêncio do Estado sobre esta matéria e os impactos negativos de múltiplos erros centrais nas diferentes facetas da política desportiva é prejudicial às populações locais e ao trabalho das federações e da sua estrutura federada.
  6. O Complexo Estádio Nacional variou entre o projecto de Mirandela da Costa de uma intensidade de capital desportivo e financeiro desmesurada e o completo desnorte de actuar sem verificação de condições mínimas de sustentabilidade desportiva, saneamento básico, ambiental ou de integração no todo da área metropolitana de Lisboa. O Euro2004 ao criar os modernos estádios do Benfica e do Sporting varreu para debaixo do tapete e para o futuro a viabilidade do Estádio Nacional.
  7. O IDP vai ser fundido o que demonstra a existência de um programa alternativo pelo actual governo. Já no passado o PS e o PSD actuaram sobre a orgânica desta agência pública que actualmente atravessa uma crise orgânica e de funcionalidade  profunda.
  8. A SED vai ser fundida o que sugere uma alteração de conceitos que não se percebeu se é por via da modernização do desporto ou do fracasso da juventude que não sendo extinta é fundida com o desporto.
O caso da privatização do Pavilhão Atlântico deveria levar o desporto a abrir um debate qualificado sobre o seu futuro.

Desmantelar o capital acumulado, como privatizar pura e simplesmente mesmo que existam erros significativos, tem um custo desportivo, económico e social superior ao trabalho de reconstrução do desporto nacional.

O silêncio de princípios a par do elogio tradicional ao futebol, independentemente do merecimento de atletas e treinador, augura dificuldades maiores para o desporto português.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Os erros de Política Desportiva paga-os o Desporto e no actual caso, paga o futebol

O blogue 31 da Armada, aqui, sugere que sejam os clubes a nomear os árbitros continuando a asneira iniciada por um Secretário de Estado do Desporto há uns anos.

Hermínio Loureiro tinha acabado de substituir Valentim Loureiro e convidara Vítor Pereira para liderar a arbitragem profissional.

Vítor Pereira foi o melhor árbitro português da sua geração, o que a FIFA e a UEFA reconheceram dando-lhe finais para arbitrar. Internacionalmente Vítor Pereira era e é reconhecido pelos seus pares.

A questão era simples. A arbitragem profissional portuguesa tinha sido entregue ao melhor valor da arbitragem portuguesa e deveriam ser dadas todas as garantias nacionais para que o seu projecto fosse levado até ao fim com sucesso.

Vítor Pereira apresentou um projecto desportivo e sustentou-o com um estudo económico.

Na apresentação do estudo um Secretário de Estado do Desporto, acusou o projecto de Vítor Pereira de dar um passo maior do que a perna, desde aí desconsiderando as medidas decididas por Hermínio Loureiro e vilipendiando o projecto do melhor árbitro português.

Esperar-se-ia que algum projecto alternativo fosse proposto naquele momento ou a prazo.

Nada disso aconteceu e transmitiu-se a imagem para o sistema desportivo de que qualquer projecto desportivo que saísse fora da iniciativa e controlo governamental teria o mesmo destino.

A história da arbitragem nos últimos anos foi clara em demonstrar que o cerceamento da iniciativa privada no desporto efectuado pelo Governo era possível independentemente do mal que causasse ao desporto.

A proposta do 31 da Armada é um erro equivalente ao do Secretário de Estado do Desporto.

O 31 da Armada é livre de dizer e propor tudo o que muito bem entender que isso não acarreta nenhum mal ao desporto.

Um Secretário de Estado do Desporto não é livre de fazer o que entende e há princípios éticos, de governance e de fair-play político que o deveriam levar a respeitar os seus adversários e os projectos dos parceiros desportivos privados, assim como, tendo em conta o benefício do desporto e a maximização do seu bem-estar um Secretário de Estado do Desporto deve reger-se por normas europeias e projectos bem gizados e consensualizados.

A perna curta não foi a de Hermínio Loureiro nem de Vítor Pereira.

Estes dois líderes desportivos e do futebol assumiram projectos cujo risco não os amedrontou e cujas decisões foram derrotadas e menorizadas por quem jogou e joga fora do tabuleiro desportivo nacional.

O que se passa com o presidente do Sporting é consequência do acto do Secretário de Estado do Desporto gerando nos parceiros como os clubes da I Liga a sua incompreensão acerca do que é a arbitragem e o projecto que Vítor Pereira concebeu para Hermínio Loureiro.


É tempo de dar de novo a palavra a Vítor Pereira para corrigir a imagem e a reputação de um projecto europeu concebido para Portugal e que outro árbitro melhor do mundo o inglês Howard Webb deu o seu aval na Alfândega do Porto quando o projecto foi apresentado. Há que reestruturar e dar nova vida ao conjunto de medidas de política que anteriormente não houve a disponibilidade para articular e implementar social e amplamente conforme a concepção de Vítor Pereira. Há certamente condições  para sentar à mesma mesa o conjunto de parceiros relevantes para articular agora desde os amadores aos profissionais uma arbitragem nacional capaz de com sustentabilidade formar e colocar nas competições da UEFA e da FIFA árbitros portugueses tão bons ou melhores ainda do que Vítor Pereira.

Politicamente esse poderá ser um objectivo maior no domínio da arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, da Liga de Clubes e de outros parceiros interessados.

É bom de ver que os critérios de política desportiva estão erradíssimos

A Canoagem andou a fazer alarde de sucessos equivalentes aos do Triatlo de Vanessa Fernandes.

Qualquer taça mundial da Canoagem foi uma oportunidade para mostrar trabalho absoluto e recentemente subir de tom e exigir mais financiamento público que os outros não mereciam o dinheiro que estava a ser retirado à Canoagem.

Porque é que o Triatlo primeiro e, agora, a Canoagem encenam resultados inverosímeis a nível mundial e olímpico, outras federações fizeram-no no passado e a comunicação social desportiva, e os blogues onde me incluo, embarcam nesta festa, festivaleira à atenção de José Constantino.

A razão é que os critérios de política desportiva aceitam estes resultados com um valor desportivo absoluto que não possuem.

Quando não existem programas, nem estão definidos os resultados objectivos num quadro geral de competitividade europeia e mundial que deverão ser alcançados, então é possível o país embarcar em ilusões até à véspera das competições olímpicas e, depois, ou dizer que é tudo uma questão de sorte e azar e que não se deve pressionar os atletas que dão o seu melhor e que moralmente a viagem a Londres está superiormente justificada apesar da derrota, ou, em caso de vitória, fazer a grande festa, com todos os índios e cowboys sem excepção, para calar os maldizentes que os bolsos da nação são muito fundos.

Alguém deveria chamar à atenção da Canoagem e outras federações que segundo os princípios da república e da economia portuguesa, que de leis não sei nada:

  1. a federação deve indicar quantas medalhas e atletas se candidata em Londres 2012 com o dinheiro que recebe dos fundos públicos
  2. a federação terá de ter disponíveis para auditores nomeados pelo Estado toda a informação técnica, desportiva, de gestão, financeira da gestão do projecto financiado pelo Estado
  3. a federação deverá justificar todos os resultados obtidos em relatórios por si produzidos e poderá igualmente rever as metas na medida em que o desenrolar do projecto Londres 2012 assim o justificar quer baixando, quer aumentando as expectativas iniciais 
  4. a liderança da federação deveria ser premiada pelo Estado caso conseguisse vários resultados alternativos:
    1. conquistar as metas definidas anteriormente
    2. obter resultados de eficiência na gestão do projecto em comparação com outras federações nacionais
    3. obter resultados que se destacassem a nível europeu e mundial nomeadamente se alcançasse níveis de resultados desportivos superlativos, como possuir uma escola de modalidade ou de disciplina reconhecida globalmente pontuada por mais do que um atleta ou equipa cumulativamente campeões mundiais e olímpicos
Há que tornar a vida dos presidentes da federações desportivas e das suas direcções associativas mais interessantes e, isso, os teóricos das políticas desportivas das últimas décadas não têm conseguido como se pode demonstrar pelos resultados produzidos.

Copiar o PS é bestial, esperemos sentados para vermos os resultados.

Canoagem mostra que os erros do Triatlo podem não estar a ser apreendidos

A Canoagem apurou para Londres 2012 apenas duas embarcações o K4 Helena Rodrigues/Teresa Portela/Joana Vasconcelos/Beatriz Gomes e o K1 Fernando Pimenta, o que está longe das expectativas apregoadas.


Isto já se passou anteriormente que é o de se falar publicamente de resultados com base em factores não essenciais e sem um programa consolidado de alto rendimento.


Quem não é da Canoagem estava expectante nos resultados que surgiam e nas palavras dos responsáveis que não desmentiam e alimentavam certezas. Ainda recentemente cavalgando uns resultados parcelares o presidente e o treinador da Canoagem sugeriam a abertura dos cordões da bolsa pública.


Por um lado, era bom que a federação de Canoagem não alimentasse ilusões, equacionasse a sua realidade e indicasse quais são os seus objectivos reais para Londres 2012.


Por outro, há alguém que passados sessenta dias explique em termos de política desportiva o que se está a passar no alto rendimento sem cavalgar o trabalho de Ilídio Vale e dos miúdos que foram obrigados a emigrar?

Habemus Ministrum!

Segundo o Diário de Notícias aqui o Ministro do Desporto deslocou-se a Bogotá.

"O Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, disse hoje que Portugal teve "uma derrota cheia de futuro" no Mundial de futebol sub-20 da Colômbia e apelou para que os clubes olhem para esta geração.


Em declarações à agência Lusa desde Bogotá, para onde viajou para poder acompanhar a selecção na final frente ao Brasil (derrota por 3-2 no prolongamento), Miguel Relvas mostrou-se orgulhoso da equipa.

"Todo o percurso da selecção nacional é um percurso brilhante. Podemos dizer que foi uma derrota cheia de futuro. Perdemos como podíamos ter ganho, conquistámos aqui mais uma geração de desportistas", disse o ministro, em declarações à agência Lusa.

Miguel Relvas falou no contributo dado pela selecção em termos de afirmação e falou no orgulho que sentiu no final, na hora de cumprimentar outros dirigentes.

"Depois desta caminhada saibam os clubes portugueses aproveitar estes jovens talentos, nós temos boa matéria-prima, e eu gostaria no próximo domingo, nos domingos seguintes, ver estes jovens no campeonato nacional", sublinhou.

O ministro falou na "esperança em uma oportunidade" deixada pelos futebolistas e deixou uma referência positiva a toda a comitiva da selecção, desde o chefe da delegação, ao treinador Ilídio Vale e a todos os jogadores.

O membro do governo mencionou a aposta que o executivo faz nas "camadas mais jovens" do país, salientando que além do futebol existe todo um potencial no desporto, na ciência, na educação ou na cultura.

"Esta nova juventude portuguesa é o selo da garantia para uma nova esperança para o nosso país", considerou Miguel Relvas.

Hoje, dia em que viaja para Portugal, Miguel Relvas ainda irá almoçar com a comitiva portuguesa e dar os parabéns a todos, reiterando o "orgulho" que os portugueses sentem no que fizeram."



A notícia tem tudo de um bom Ministro do Desporto:
  1. A vitória moral: Portugal teve "uma derrota cheia de futuro"
  2. A deslocação ao local da competição: ... desde Bogotá, para onde viajou para poder acompanhar a selecção na final frente ao Brasil
  3. A frase forte e vazia de sentido que ninguém vai seguir ou acredita: "Depois desta caminhada saibam os clubes portugueses aproveitar estes jovens talentos, nós temos boa matéria-prima, e eu gostaria no próximo domingo, nos domingos seguintes, ver estes jovens no campeonato nacional", sublinhou.

  4. O elogio e incentivo pueril e sem sentido político: O ministro falou na "esperança em uma oportunidade" deixada pelos futebolistas e deixou uma referência positiva a toda a comitiva da selecção, desde o chefe da delegação, ao treinador Ilídio Vale e a todos os jogadores.
  5. A inverdade de política desportiva e o governo está em todas e nunca erra: O membro do governo mencionou a aposta que o executivo faz nas "camadas mais jovens" do país, salientando que além do futebol existe todo um potencial no desporto, na ciência, na educação ou na cultura.
  6. A insistência no vazio:  "Esta nova juventude portuguesa é o selo da garantia para uma nova esperança para o nosso país", considerou Miguel Relvas.
  7. O almoço e o glorioso retorno pátrio: Hoje, dia em que viaja para Portugal, Miguel Relvas ainda irá almoçar com a comitiva portuguesa e dar os parabéns a todos, reiterando o "orgulho" que os portugueses sentem no que fizeram."
Estarei a ser excessivo.

Quantas vezes já viram as pessoas que trabalham no desporto estas cenas de recém-chegados.

Se este é o aquecimento para Londres, estamos conversados!

A comunicação social como não sabe o que é desporto, nem investe para elevar o nível do debate e os seus rendimentos financeiros, passa atestados de iliteracia para a posteridade através do que vai cronicando.

É a Economia, Sr. Ministro!

O facto dos jovens jogadores portugueses, que escolhem o caminho da profissionalização, não terem lugar na I Liga é uma questão económica em dois níveis.

Primeiro é mais rentável para um treinador ou presidente de uma equipa ou clube da I Liga sentar-se e negociar com um empresário do que com um representante de um clube amador português.

Segundo o produto sul americano vem melhor preparado com mais horas de jogo nas primeiras equipas como se viu em Bogotá quando os jogadores portugueses começaram a ter dores de esgotamento físico.

Ou seja, a final foi perdida pela falta de medidas de fundo no desporto e no futebol português.

A situação é conhecida há muito como o sindicato de jogadores vem alertando e também pela inconsequência dos seus actos. O Sindicato foi capturado por duas vias: pela captura corporativa que mantém há demasiado tempo um líder no sindicato que se esgotou e pela captura dos Governos PS. Há algum tempo deveria ter havido eleições e eleito um jogador para a Presidência do Sindicato o que está a falhar porque com os anos que já passaram há muito que o Sindicato deveria ter dado formação universitária a vários ex-jogadores incluindo a jurídica e a económica a fim de garantir a liderança dos jogadores mas Joaquim Evangelista deixou-se levar e capturar a vários níveis.

O desafio é em primeiro lugar da Federação e de Gilberto Madail que deveria ter acciionado estudos, análises e medidas, o que nunca fez.

Quem perdeu a final de Bogotá foram os ex-ministro e exsecretário de estado do desporto e ex-presidente do IDP que nos últimos 6 anos não trabalharam esta variável do desenvolvimento de base do alto rendimento do futebol e das restantes modalidades.

Foi uma negligência sustentada em duas legislaturas!

Houve tempo, meios, instituições como um Conselho Nacional do Desporto, que aprovaria instantaneamente medidas destas, mas que demonstra ser uma inutilidade institucional e material quanto à concepção do desenvolvimento desportivo nacional porque nem sequer foram capazes de propôr ao ex-SED e ao ex-IDP e fazer aprovar as medidas que afinal se verificam ser fundamentais para o futuro, que foi a madrugada de domingo.

domingo, 21 de agosto de 2011

O fim da Parque Expo e do prenúncio da extinsão do Polis e o Desporto


O Programa Pólis tinha princípios que faziam algum sentido e que nos habituamos a beneficiar à medida que as cidades se tornavam mais bonitas, ordenadas e mostravam como tinhamos uma cultura e meios para a concretizar.

Como tantos projectos o Estado terá investido demasiado nem sempre valorizando o sentido público. O seu fim como outras do pacote de medidas anunciadas durante 6 anos, todos os dias, às 8 horas da noite por José Sócrates haviam de ter um fim.

O desporto nunca teve um programa estrutural de desenvolvimento sustentado anunciado por José Sócrates, às 8 horas da noite, de um dia qualquer dos 6 anos que passaram.

Os talentos desportivos exploram-se, quando aparecem aleatoriamente, e as organizações privadas desportivas são exauridas das rendas para além da racionalidade e do bem-estar social.

Sem politicas desportivas orientadas por objectivos sociais e um investimento estrutural eficiente, o comportamento dos agentes privados valoriza a obtenção de rendas com finalidade lucrativa e para além do ponto de equilíbrio.

O xix governo anuncia no seu programa o desenvolvimento das actividades que se relacionam com a gestão das actividades de alto rendimento, dos talentos aos eventos, como actividades que beneficiam o turismo.

Não é de esperar que o xix governo, ao contrário de José Sócrates, equacione um programa de desenvolvimento desportivo sustentado.

O xvii e xviii governos não desenvolveram programas estruturais para o desporto. O único que terá tido um sentido equivalente seriam os investimentos do QREN e de que se desconhecem documentos que demonstrem a razão e a dimensão do investimento assim como dos resultados esperados e dos conseguidos.

O que acontece com os jovens praticantes de excepção em todas as modalidades desportivas nacionais é a incapacidade de canalizar para o desporto meios que deslocando-se internamente pelo desporto geram efeitos multiplicadores e alavancam a sociedade e a iniciativa local em capital desportivo, económico e social.

Pelo contrário, os investimentos em infraestruturas estádios e outros equipamentos autárquicos feitos desgarradamente concentram a riqueza e os investimentos públicos em finalidades fora do desporto para gerar rendas sem uma relação com a efficiência da produção sustentada de desporto.

Actualmente, por um lado, a oposição PSD em Leiria não quer a privatização do Estádio Magalhães Pessoa, por outro, o ministério da agricultura privatiza o Pavilhão Atlântico.

A coerência nunca foi o ponto forte da política desportiva em Portugal.

sábado, 20 de agosto de 2011

A importância dos grandes líderes: Pinto da Costa

Pinto da Costa tem o seu lugar nos anais do futebol europeu.

A par das vitórias no futebol profissional em Portugal e principalmente nos campeonatos europeus da UEFA durante os últimos 30 anos Pinto da Costa é uma escola de futebol moderno.

Pinto da Costa forma líderes que depois de consolidados no clube passam para outras organizações.

Apenas um exemplo com Fernando Gomes da Liga cujo mandato ainda começou mas que se espera venha a beneficiar da transicção bem sucedida de Hermínio Loureiro. O estudo realizado é um primeiro passo, a manutenção de elementos da anterior direcção e a liderança firme estão a aparecer. contudo, há desafios tremendos como o estudo demonstrou e os factos demonstram. O contrato de transmissão de direitos de televisão do Benfica é um primeiro desafio, o segundo é o dos jovens sub-20 o que sugere que as características do modelo de futebol português necessita de maiores aprofundamentos teóricos antes da decisão por todos os envolvidos.

Quem também saiu do FCP de Pinto da Costa foi o treinador de sub-20, Ilídio Vale, cujo resultado do jogo de hoje é independente de uma apreciação positiva do seu trabalho extraordinário e da necessidade de equacionar ao nível do trabalho com o desporto amador uma visão das selecções jovem.

A mesma afirmação feita sobre o Benfica demonstra facilmente que o que é bom para o FCP podenão ser bom para o futebol português.

Pinto da Costa gera capital humano de elevada qualidade para o futebol profissional mas como se observa com clareza no caso dos jovens nacionais o modelo de contratação seguido pelo Benfica e pelo Porto vai matar as selecções.

Faltam ao desporto português condições para suportar a valorização de capital e de externalidades como as que Pinto da Costa acumula sustentadamente e faltam condições para colocar aos diferentes agentes privados condições de interiorização do capital gerado.

Falta a Pinto da Costa liderança de qualidade noutros domínios do desporto e do futebol português para que a valia da sua liderança mais se realce e sobressaia por esse mundo.

Na privatização do Pavilhão Atlântico

Como demonstra a Ministra da Agricultura Conceição Cristas não existe um conceito desportivo na privatização do Pavilhão Atlântico.
O PA é um centro dedicado ao alto rendimento desportivo independentemente de ter funções igualmente significativas na margem da produção desportiva e de cultura.

A frase 'O Pavilhão Atlântico vai ser privatizado' é grave no que ao desporto e ao pacote desportivo de Lisboa enquanto capital de Portugal.

Que a Ministra não percebe de desporto foi patente e ainda bem que não se alongou.

As cidades de todo o mundo competem entre si com pacotes de actividades culturais e desportivas desde as actividades de excelência às mais corriqueiras destinadas ao consumo de massas.

Se eventualmente aparecer um promotor imobiliário que pretenda arrasar o Pavilhão Atlântico e fazer um prédio com concepção de um arquitecto estrangeiro, por exemplo o Calatrava, essa pretensão privada é aceitável para a ministra?

Os pacotes para a competição entre as cidades mundiais faz-se de actividades privadas e principalmente de produtos públicos que nenhum empresário atento e responsável assumiria privadamente. A ministra não esclareceu qual o seu conceito de PA que suporta a decisão política do seu governo de privatizar.

O desporto português tem acumulado activos materiais e possui hoje um capital de infraestruturas que nunca teve no passado e parece um erro tão grande privatizar cegamente, como foi negligente construir sem programas, estatísticas e estudos desportivos, económicos e sociais sobre os investimentos em infraestruturas desportivas.

Nenhum jornalista pediu explicações à ministra, da fundamentação e da consequência desportiva do seu acto de política desportiva, nem se a ministra tinha obtido a aprovação do ministro do desporto sobre esta matéria. Há, contudo, que não ter dúvidas que se é uma decisão do Governo, o Ministro do Desporto Miguel Relvas concordou com a privatização do Pavilhão Atlântico. Há, assim, uma sintonia nos dois partidos da coligação PSD e CDS na privatização do PA.

O Governo saberá o que faz mas os factos desportivos complexos, contraditórios eventualmente negativos e de consequências incontroláveis 'surgem todos os dias'.

Os três dossiers do Verão são a Liga de Clubes a braços com a redefinição do seu modelo desportivo e económico de futebol profissional, é a problemática das infra-estruturas, e a fusão entre o Desporto e a Juventude.

As três matérias o Governo de José Sócrates varreu para o Conselho Nacional do Desporto. É possível que o actual Governo para fazer distinto preparasse dossiers fundamentados para apresentar aos conselheiros quando vierem de férias para lhes pedir soluções sobre o que fazer a bem do Desporto nacional, sem ficar totalmente dependente das suas importantes sugestões sectoriais?

O facto mais curioso do actual governo do desporto é que mais depressa contrata e trabalha com eleitos e figuras gradas do antigo regime do que com aqueles que suportando alta soma de inconveniências assumiram posições críticas às políticas públicas de desporto durante as duas legislaturas passadas.

Afinal os antigos governos usaram largamente personalidades da 'oposição' e agora há que retribuir a gentileza.

Laurentino Dias que se cuide.

A festivalização do Desporto

José Constantino fala no Colectividade Desportiva, aqui, daquilo que é a Cultura de Desporto.

Afinal a festivalização são consumos culturais, referida por Jorge Silva Melo segundo JC, e desportivos na fronteira entre o que é e não é a cultura e o desporto e a sua produção e o consumo de acordo com os cânones e as regras formais. Este consumo tem sucesso numa participação social alargada e que nos países mais desenvolvidos alcançam segmentos maioritários da população nacional.

A diferença é que nesses países a produção de cultura e desporto formal no seio de clubes, agremiações e colectividades de base abarca uma larga percentagem dos consumidores ocasionais alcançando os trinta por cento enquanto em Portugal e no caso do desporto apenas dez por cento.

A sugestão que tenho deixado escrita é a necessidade do consumo e da produção formal em múltiplos escalões o que a política desportiva e segundo parece a cultural não segue em Portugal.

A festivalização é um bom sinal da predisposição que é de aproveitar e promover, apontando para formas de consumo cultural e desportivo como forma elevada de vida e de bem-estar e ser europeu que o programa do xix governo refere como 'Desporto Com Todos'.

Não se sabe se quem inventou o conceito pensa caractizá-lo e sustentá-lo ou o objectivo era apenas encher o programa do governo. Seria útil alguém falar sobre ele para que a forma de fazer política desportiva em Portugal deixe de ser um amontoado de conceitos que ninguém sabe o que é e que 'experts' vão enchendo documentos públicos sem relação plausível entre a sua projecção social e a criação do bem-estar desportivo da população portuguesa.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Pavilhão Atlântico "será privatizado"

Há a dificuldade de compreender o conceito desportivo do Pavilhão Atlântico.

O PA foi um investimento incluído num pacote indiferenciado com a Gare do Oriente, uma transformação urbana local e um oceanário, entre outros.

O pacote denominado Parque Expo deixou de fazer sentido público para o Estado português.

O oceanário parece que dá lucro e tem um conceito de utilidade pública.

O PA será privatizado.

Esta privatização terá sido acordada com o Ministro do Desporto.

O projecto do Mar fica enriquecido com o oceanário e a ideia que surge é a da inutilidade pública do PA daí a sua privatização.

Ninguém fala em produto desportivo ou cultural público necessário à rendibilização do espaço PA.

Será que o Estado português vai privatizar o S. Carlos, o Estádio Nacional, o Pavilhão Carlos Lopes, os estádios municipais do Euro2004, individualmente ou por atacado?

Há alguém que explique o conceito e coerência das políticas que sustentam os actos que recaem sobre as infraestruturas do desporto?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Crónica do Desporto que passa

Um dos elementos que admira é a má constituição das instituições públicas e em que o Tribunal de Contas, o Ministério das Finanças ou a Reforma Administrativa se alguma vez actuam, fazem-no de forma inconsistente.

O Desporto contou ao longo dos anos com medidas contraditórias que se observava não estarem a funcionar e que a política e a sua concepção passava à margem do sector e dos benefícios para a população.

Uma das questões fulcrais foi a das infraestruturas desportivas.

A história já vem de longe e à medida que os fundos comunitários se tornaram mais relevantes mais o desporto nunca encontrou o pé.

Em meados de noventa do século passado Portugal começou a compreender a forma de ir buscar à União Europeia meios para as infraestruturas desportivas e foi realizado um programa com um nome onde tinha 'Desporto Século XXI' o qual enquadrou a construção dos estádios do Euro 2004 e que consistia na proposta de construção de instalações de acordo com a preocupação dos presidentes das federações desportivas.

A ideia inicial quando fiz um documento interno com esse nome era um programa estrutural e de longo prazo do qual a SED da altura usou apenas o nome.

A questão das infraestruturas é relevante na política desportiva europeia e mundial e depois da vitória no Mundial de 1991 os eventos eram outra forma de canalizar rendas para as federações e clubes, a que se juntava agora a construção de infraestruturas que permitiam também novas rendas.

Os clubes de futebol queixavam-se da idade dos estádios, houve um acidente grave no José Alvalade, com feridos graves, havia a dívida ao fisco e segurança social que estava a ser pago pelo Totobola, a FPF avançou para o Euro2004 e as outras modalidades para outros eventos europeus e mundiais tendo ou não atletas para vencerem essas competições.

Houve problemas nos eventos sofrendo as federações por assumirem projectos muito acima das suas capacidades e quanto às infraestruturas as autarquias foram chamadas para garantirem meios obrigatórios por parte da UE e se encarregarem da gestão posterior qualquer que ela fosse.

Para além da construção e oferta dos espaços de prática os projectos de infraestruturas e eventos visavam a obtenção de rendas financeiras e a construção de infraestruturas desportivas que ficavam para além da prática desportiva que se conseguia fazer.

Nenhum programa de longo prazo foi concebido e a orgânica do desporto e as suas instituições foram esvaziadas de duas formas:

  1. a Secretaria de Estado do Desporto passou a servir-se do IDP como amanuense jurídico e multibanco, esta última na correcta definição de Manuel Brito, esvaziando as funções de concepção, preparação, estudo de políticas desportivas, produção estatística, programa de desenvolvimento desportivo, entre outras. Depois de Mirandela da Costa os Ministros do Desporto e os Secretários de Estado passaram a ter medo da sombra do Presidente da agência técnica e para além da nomeação de  líderes impreparados trataram de esvaziar a instituição não perspectivando que com esse acto era a decapitação técnica da instituição e da política pública desportiva que era perpetrada.
  2. o QREN retira ao desporto e ao IDP a existência de um departamento de concepção da integração da rede de infraestruturas impedindo o desporto de alguma vez ter uma compreensão por inteiro de um plano de investimento em infraestruturas desportivas com impacto directo no desenvolvimento sustentado. Sem estudos, análises e estatísticas na área onde se investiram milhares de milhões de euros (quem sabe o que se fez?) as infraestruturas foram atiradas pelo país segundo perspectivas particulares que nunca foram postas no papel e publicadas para escrutínio social dos actos públicos. Acabados os fundos para o desporto(?) a realidade do QREN pode ser apelidada de negligente.
Para se compreender a racionalidade da Administração Pública diga-se que há quatro ou cinco anos a orgânica do IDP não tinha um departamento de infraestruturas, o que até era lógico porque havia o QREN para onde tinham sido externalizadas as funções de investimento em infraestruturas desportivas. Mas depois a orgânica foi emendada e o departamento das infraestruturas lá apareceu duplicando(?) as funções do QREN.

Isto para dizer que o Estado português tem um historial de criação orgânica de coisas que se fazem conforme sopra o vento na melhor das hipóteses. Não são aleatórias mas possuirão vantagens definidas pelo curto prazo e por interesses que não são concebidas segundo o interesse público e desportivo.

É neste panorama que se vai debater no Parlamento a fusão do Desporto e da Juventude:
  1. um desporto que tem um mercado falido e que obriga há décadas as organizações privadas a actuações de risco e a valorizar a obtenção de rendas financeiras acima dos resultados desportivos e sociais e da dimensão económica material.
  2. uma administração pública 'irracional' que não sabe de desporto e principalmente não procura que o desporto tenha orgânicas e funções que maximizem o bem-estar social nacional e tantas vezes precipita  um sector como o desporto em tragédias comuns ditadas pela manutenção da apropriação de rendas de segmentos exteriores ao interesse desportivo e nacional.
  3. um parlamento com dois partidos e mais quatro partidos que se destacam pouco pelas suas propostas historicamente relevantes para o desenvolvimento desportivo sustentado e pelo envolvimento desportivo e social da população portuguesa.
  4. atletas da canoagem sequiosos de uma classificação olímpica e uma nova selecção de sub-20 treinada por um ex-treinador das camadas jovens do Futebol Clube do Porto que chega à final do campeonato do mundo em Bogotá, na Colômbia, demonstrando que em Portugal a produção de desporto de excelência é viável.

Há um facto incontornável no desporto português:
  1. A responsabilidade do desenvolvimento sustentado da produção desportiva para benefício e bem-estar da população portuguesa, equivalente à média europeia, é uma responsabilidade do Estado português:  Governos, Parlamento, Partidos, Ministérios e outras instituições públicas.
  2. Não é uma responsabilidade das organizações privadas, quer associativas, quer empresariais, mesmo que o produto desportivo privado tenha uma relevância incontornável para o consumo desportivo de Portugal alcançar a média europeia.
  3. Também deve ser possível analisar até que ponto é responsabilidade das autarquias.
Há interesse em focar bem o factor de ineficiência do modelo desportivo português. 
O órgão que concebe os objectivos, equaciona os instrumentos e aplica a política desportiva nacional é o Estado.

Este COP está sempre a surpreender-nos

Há anos um funcionário do COP garantia num jornal de grande tiragem nacional, na página dos opinion makers importantes, que os Jogos Olímpicos em Portugal eram economicamente justificados e que havia estudos de grandes investigadores de economia que sustentavam a viabilidade ecoonómica dos Jogos Olímpicos e isso era o suficiente para Lisboa ser candidata.

Agora o chefe de missão a Londres, de seu nome Mário Santos e Presidente da Canoagem, diz que falta ao desporto um modelo de sustentabilidade económica porque já tem infra-estruturas. Ver no Diário de Notícias, aqui.

As suas frases merecem ser reproduzidas:
  1. ""Neste momento, Portugal tem infraestruturas (de qualidade) em várias modalidades. O grande desafio é criar um modelo de sustentabilidade que permita que estas sejam usufruídas não só pelo alto rendimento, mas também para a prática desportiva em geral, fundamental para o desenvolvimento da sociedade", afirmou.
  2. Mário Santos mostrou-se surpreendido pela ligação dos adeptos húngaros à canoagem, e sonha que esse cenário possa algum dia acontecer em Portugal: "Vão estar cá mais de 20.000 adeptos por dia a pagar para assistir a uma modalidade que não é o futebol. É uma realidade ainda distante para o nosso país". 
  3. "A Hungria suporta por inteiro uma modalidade que não o futebol: há um apoio político, do Estado, privado e da própria comunidade, que se envolve em tudo isto e com grande retorno" continuou Mário Santos. 
  4. Antes de marcar presença na Hungria, Mário Santos esteve em Londres durante uma semana em reuniões, e revelou, que nos contactos que manteve, verificou que os países mais prestigiados no "Mundo" do desporto revelam "um grande envolvimento da sociedade e das empresas na Missão Olímpica"."

As suas frases não são a política mas ajudam a definir objectivos e por isso são relevantes e ainda cima vinda do grupo de pessoas que trabalha para o COP e de quem se ouvem com frequência inverdades, assassinatos técnicos e demagogia a rodos.
 
Sobre as frases chamo a atenção do seguinte:
  1. O grande desafio é criar um programa de desenvolvimento sustentado desportivo, económico e social.
  2. Obviamente as medidas que alavancarão a procura desportiva da população. Está tudo no conceito de 'Desporto Com Todos' na inovadora e nunca tentada fórmula do programa xix governo que todos esperamos, sentados, que dê origem a uma copiosa literatura científica.
  3. Chama-se ao seu diagnóstico da sociedade e desporto húngaro literacia desportiva.
  4. O financiamento é também um acto de literacia desportiva. Colocar o desporto sob a liderança de interesses da grande finança pode ser uma consequência do movimento de apropriação das rendas do desporto mas não irá certamente gerar o grande envolvimento preconizado por Mário Santos.
Mário Santos tem um discurso que Vicente Moura tenta quando quer falar dos Jogos Olímpicos em Lisboa. Mário Santos não fala dos Jogos Olímpicos em Lisboa mas formula um discurso baseado em factos que deveriam ser inquestionáveis e adoptados há muito em Portugal.
 
Não tenho conhecimento que outro chefe de missão tenha feito constatações equivalentes a estas.
 
A realidade desportiva nacional é mais complexa do que as frases de Mário Santos mas as suas frases são importantes para demonstrar que o que está mal somos nós o nosso desporto e o nosso COP.
 
Indo de facto Vicente Moura embora como já prometeu, o surgimento de novas posições e protagonistas desportivos irá causar mossa nos privilegiados tradicionais mas fazer bem aos condenados do costume desportivo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O que é bom para o Benfica é bom para o futebol português, dirá Luís Filipe Menezes

A frase do título é do presidente da General Motors em relação aos Estados Unidos e a teoria económica demonstra que não é bem assim. O que é bom para a General Motors pode não ser bom para a América.

O Benfica conseguiu um resultado extraordinário no mercado doméstico, o que para o Presidente do Porto Pinto da Costa, não se importa de ficar com o operador com quem trabalha a Olivedesportos e contenta-se com 80% do negócio do Benfica.

Mas colocando de parte as diferentes estratégias dos dois maiores clubes portugueses, fora o Sporting, tanto faz para o desporto que o Benfica venda os seus direitos de imagem por 100 milhões de euros ou por 1 cêntimo do euro.

O desporto profissional português é um mercado fechado que não tem mecanismos de equilíbrio de rendimentos entre todos os clubes participantes pelo que esse benefício enorme do Benfica irá parar às mãos dos jogadores contratados internacionalmente e dos seus intermediários.

Já o mesmo não se pode dizer dos restantes clubes da I Liga e da II Liga cuja estrutura de remuneração da competitividade não contempla os seus interesses e, de uma forma agregada, os interesses do futebol como um todo.

O sinal mais relevante deste conseguimento do Benfica equaciona-se em alguns pontos que se indicam:
  • a Liga fez um estudo recentemente cujo debate público não parece avançar, nem ter uma resposta de outros agentes e parceiros do futebol.
  • os agentes, como o Benfica e o seu comprador de imagem, não esperam e avançam com condições de competitividade que levantam desafios e impactos que obrigam a Liga a equacionar até que ponto eles estão contidos ou não no estudo realizado.
  • por tradição o Estado tem uma resposta jurídica lenta, há quem sugira que tem a rapidez vertiginosa de um caracol no pino do Verão: lento, parado e fechado sobre si próprio.
  • o Estado também não faz estudos económicos sobre o desporto profissional, ou qualquer outro domínio desportivo.
  • o Estado usualmente não tem capacidade instalada e especializada para tratar do desporto profissional, ou outro qualquer.
Perante este cenário, perguntarão os mais cépticos como pode o futebol português ter valias onde mais nenhum país europeu da dimensão de Portugal consegue?

Eis uma boa questão.

Portugal consegue resultados únicos por gastará mais do que outros países investem e Portugal está na disposição de prejudicar todo o seu desenvolvimento desportivo deixando completamente livres os líderes do futebol para conseguirem os seus projectos particulares sem uma relação de integração como faz a Alemanha, o Reino Unido ou a França.

Este modelo tem limitações como aponta o estudo da Liga. É o estudo da Liga que aponta limitações.

A situação extraordinária do Benfica vem aclarar perplexidades que será curioso ver se serão colocadas e equacionadas no debate do Parlamento.

O futebol português é demasiado importante para ser tratado como está a ser.

Há necessidade de uma capacidade de estudos e análises abundantes e de líderes capazes de usar esses estudos, direccioná-los para a maximização sustentada do interesse do futebol e fazer cumprir os objectivos consensualizados e acordados.

Que estrutura pensam os deputados e o Governo deve ter o Desporto para responder com determinação aos desafios do futebol português?

A notícia da venda dos direitos televisivos do Benfica é muito importante

Junto o texto completo da notícia do Expresso que está aqui.


Benfica vende jogos por €40 milhões e ataca Sport TV, Pedro Candeias e Ricardo Costa (http://www.expresso.pt/), 16:53 Quarta feira, 17 de agosto de 2011

Quarenta milhões de euros por ano. O Benfica irá vender por esta soma astronómica os direitos televisivos dos seus jogos a partir de 2013 à Balloonsphere, uma empresa detida maioritariamente por Miguel Pais do Amaral.

O negócio foi conduzido por Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, e Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD, durante vários meses e chegou a um ponto final na penúltima semana de julho.

Com este acordo iminente, o Benfica consegue, aparentemente, os seus dois principais objetivos: vender os jogos por um valor elevadíssimo e romper o 'monopólio' de direitos televisivos do empresário Joaquim Oliveira e da Sport TV.
Aliás, a única explicação para os valores em causa - que não têm qualquer hipótese de retorno publicitário ou de subscrição - é a de este negócio servir de embrião para um novo canal desportivo.

€2,7 milhões por jogo

As contas são fáceis de fazer: €40 milhões a dividir por 15 jogos em casa dá €2,7 milhões por jogo. Refira-se que em Portugal nunca se pagou um quinto deste valor por um jogo de futebol. E é por isto que as contas têm de ser feitas de outra forma: Miguel Pais do Amaral - que terá a apoiá-lo o milionário norte-americano Nicolas Berggruen, um dos homens mais ricos do mundo - quer usar os jogos do Benfica em casa como âncora para um novo canal desportivo por subscrição.

Para começar, Pais do Amaral já tinha assegurado há alguns meses os direitos da Liga espanhola a partir de 2012, depois de comprar a Worldcom a Rui Pedro Soares, que antes tinha adquirido os direitos espanhóis à Mediapro. Com os direitos da Liga espanhola já em 2012 e os do Benfica a partir de 2013, Pais do Amaral entende ter uma base para lançar um ataque a Joaquim Oliveira, que domina o negócio dos direitos desportivos e da televisão de desporto por subscrição. Um negócio ao qual o próprio Benfica poderá vir a associar-se.

O Expresso apurou que o clube da Luz está a estudar ter até 20% do novo canal, mas há outra hipótese em cima da mesa, que pode passar pelo reforço da grelha da Benfica TV - o clube anunciou ter comprado 180 jogos particulares de equipas das principais ligas europeias e das seleções da Argentina e do Brasil na preparação para o Mundial de 2014.

As negociações para a venda dos jogos do Benfica começaram em fevereiro num escritório de advogados de Madrid. O acordo final foi escrito pelos advogados Francisco Sá Carneiro (que representa Pais do Amaral) e José Luís Seixas (pela parte do Benfica). O acordo inclui os jogos em casa e prevê o direito de preferência sobre todos os encontros particulares e de pré-eliminatórias das competições europeias. Miguel Pais do Amaral aparece neste negócio a título individual e não como presidente da Media Capital (detentora da TVI).

Curiosamente, a Media Capital é detida maioritariamente pela Prisa, os arqui-inimigos da Mediapro que cederam indiretamente os direitos da Liga espanhola. Ainda mais curioso é o facto de a Prisa ser hoje controlada pelo fundo Liberty, controlado pelo milionário Nicolas Berggruen, um dos melhores amigos de Miguel Pais do Amaral e que sempre esteve ligado aos seus negócios.

A teia de ligações neste complexo negócio é difícil de explicar, mas dá ao Benfica uma enorme vantagem sobre os clubes rivais. 40 milhões é um valor astronómico, quando comparado com os atuais €8,6 milhões que o emblema lisboeta recebe por época. Em apenas três épocas (de 2013 a 2016) o Benfica assegura o encaixe de €120 milhões.

Direitos e pressões

O grupo de Oliveira mantém o direito de preferência sobre as transmissões televisivas dos jogos do Benfica, pelo que tem a última palavra a dizer sobre este negócio - mas, se quiser manter-se na corrida, tem de 'bater' os tais 40 milhões. Vieira dera os primeiros sinais há um ano, numa entrevista à Benfica TV. "A Olivedesportos ajudou-nos, mas sei o que o Benfica vale. Um novo contrato implicará números superiores em relação ao que recebemos." A pressão do Benfica sobre a Sport TV é clara: ou Joaquim Oliveira cobre os interesses encarnados ou perde parte considerável das suas receitas. Refira-se que a Sport TV tem 600 mil assinantes e lucra entre os 60 milhões e os €65 milhões. Contactada pelo Expresso, a administração da Sport TV não quis tecer comentários.

Nos últimos anos, e apesar da amizade que une Vieira a Joaquim Oliveira, o clube da Luz tem emitido vários comunicados nos quais critica o tratamento recebido pelo canal desportivo. Atentos ao que se passa estarão Sporting e FC Porto, que renovaram com a Olivedesportos até 2018: os leões recebem €13,5 milhões por época e já têm em mãos uma pequena parte da receita total; os dragões, €10,4 milhões até 2013/2014 e €20,4 milhões daí em diante. Refira-se que, no contrato celebrado entre os portistas e Oliveira, está prevista uma cláusula em como o clube nortenho recebe 80% do valor pago ao Benfica.

Texto publicado na edição do Expresso de 27 de julho de 2011

A produção de actividades para a Juventude e o Desporto

Nada diz que a produção de serviços para benefício da Juventude tenha de ser por inteiro uma produção da administração pública e, em particular, da central.

A concepção do mercado da Juventude estará equivocada se a política pública levanta barreiras à produção privada ou coloca dinheiro em actividades irracionais do ponto de vista económico e do ponto de vista do interesse social e dos jovens em particular.

O associativismo juvenil e o seu empreendedorismo possuem qualidades que estão subavaliadas e insuficientemente promovidas e reguladas com ineficiência.

Mais ainda, quando é a administração central a produzir retalho imiscuindo-se num nível de produção para o qual não possui informação, interesse e especialização como acontece no INATEL e na Juventude está-se perante a negação do princípio europeu da subsidiaridade.

Há recursos públicos centrais que estão a ser aplicados na produção de retalho, cultura, desporto, restauração e alojamentos nas pousadas, os quais quando muito seriam atribuídos às autarquias locais ou contratualizados com  organizações privadas sem finalidade lucrativa, como as organizações associativas, ou com empresas.

Não estaria fora de contexto a privatização das micro-organizações, actualmente geridas pela administração central no INATEL e na Juventude, em modelos que maximizassem o bem-estar social através da produção privada.

Aliás o caso do INATEL se revertesse para o mesmo pacote em que foi metido o Desporto e a Juventude traria  horizontes mais amplos na Juventude, no Desporto e na Cultura.

O INATEL terá ficado no parceiro menor da coligação o que não ajudará a equacionar uma solução se houver falta de entendimento entre as partes.

De acordo com o figurino tradicional o CDS terá a preocupação de ocupar os lugares do INATEL sendo-lhe de difícil aceitação entregar o 'ouro ao bandido', mesmo sendo o parceiro de coligação.

Outra hipótese socialmente mais interessante seria a coligação criar uma estrutura na SED e IDP com funções amplas girando à volta do desporto e incluindo o universo do lazer desportivo capaz de ampliar significativamente o consumo de actividades físicas pela população portuguesa e conseguindo criar bases de consolidação da actividade de alto rendimento.

Enquanto o PS esvaziou o IDP e o Desporto, a hipótese do PSD e do CDS com o anúncio da fusão do Desporto e da Juventude parece ir em sentido contrário o que tendo sucesso a reforçar o Desporto trará benefícios políticos mais interessantes do que o emagrecimento e clausura efectuado no passado.

O programa do xix governo fala daquela coisa divertida que é o 'Desporto Com Todos', que ninguém sabe o que isso é e fala em inúmeros factores do alto rendimento. Ou seja, o programa do xix governo tem coisas que era útil conseguir concretizar passando por cima da sua letra de forma, através do debate com os parceiros desportivos, económicos e sociais.

Estarão o PSD e o CDS capazes de mostrar uma determinação comum em dar um melhor desporto ao país do que os governos anteriores?

Em particular sobre o impacto da Juventude na orgânica do Desporto

O xix governo deveria ter decidido estudar em profundidade a realidade da juventude.

A extinção agora ou dentro de 6 meses, deveria ter avançado para criar juízo e bem-estar social no paraíso em Portugal das jotas do PSD e do PS. Mais ninguém em Portugal beneficia desta situação. Os postos de trabalho certamente seriam encontrados noutros sectores socialmente melhor justificados.

Por um lado, ninguém sabe o que são, o que faz a estrutura da Juventude, que benefícios gera para a sociedade e quanto valem para os jovens e para o país o dinheiro nela investido. Também não se estudam outras formas melhores de fazer o que faz a Juventude indo ao encontro dos desafios dos jovens e principalmente dos carenciados. O PS nunca apresentou estas contas nem equacionou alternativas, sugerindo que, para o PS, a estrutura tem benefícios que não é preciso estudar nem justificar publicamente. O que quer que o PSD e o CDS fizessem o PS está contra: esta é a cartilha recente.

Por outro lado, por exemplo, a juventude que quer consumir bom desporto e boa cultura necessitam de organizações de base activamente culturais e desportivas com objectivos amplos e intervenção generosa que não se confundam com as escolinhas e outras estruturas que oferecem serviços privados à classe média e para cima.

Devia ser acordado pelo Parlamento que a Juventude seria tendencialmente extinguível em N meses antes de 2013. Ou que fosse feito um estudo por uma autoridade independente ou grupo de especialistas nomeados pelo Parlamento que analisasse o trabalho feito e acumulado e as alternativas.

O xix governo do PSD e do CDS decidiram pela fusão de uma coisa que eles acham que não está bem e o PS acha que tudo está uma maravilha e nada deve ser mexido a exemplo do que fez em 6 anos.

O propósito de análise e eventual reformulação profunda esclareceria as funções da SED e da SEC clarificando-lhes uma área de intervenção para toda a população a começar nos escalões jovem da população carenciada. Este posicionamento valorizaria o euro investido no desporto e na cultura orientando-se para a resolução das maiores carências actuais da população.

Fundir Desporto e Juventude sem tornar socialmente transparente a segunda é uma fusão que prejudica o Desporto porque é uma fusão com um todo viscoso como o alcatrão.

O Desporto já tem problemas próprios de opacidade que bastam para agora ter dentro de casa a Juventude que o PSD e o CDS não querem tomar uma atitude corajosa e adequada às dificuldades que o xix governo apresentou ao país e equacionou soluções umas e outras aprovadas eleitoralmente.

O principal ponto da análise da Juventude é a sua utilidade social e a opacidade de conhecimento social da sua realidade.

O desafio das Juventudes do PSD e do PS deveria ter da parte dos restantes partidos CDS, PCP, BE e Verdes uma atitude socialmente útil e visando resolver os desafios que a população juvenil vai defrontar em 2012 e 2013. Esta urgência de curto prazo deveria ser equacionada numa perspectiva longa como a que atrás se sugere para o Desporto e a Cultura e igualmente envolvendo o poder local e outros ministérios.

Os desafios da juventude portuguesa definitivamente não deveriam ser e não são os problemas das juventudes partidárias segundo o modelo corrente.