sábado, 20 de agosto de 2011

Na privatização do Pavilhão Atlântico

Como demonstra a Ministra da Agricultura Conceição Cristas não existe um conceito desportivo na privatização do Pavilhão Atlântico.
O PA é um centro dedicado ao alto rendimento desportivo independentemente de ter funções igualmente significativas na margem da produção desportiva e de cultura.

A frase 'O Pavilhão Atlântico vai ser privatizado' é grave no que ao desporto e ao pacote desportivo de Lisboa enquanto capital de Portugal.

Que a Ministra não percebe de desporto foi patente e ainda bem que não se alongou.

As cidades de todo o mundo competem entre si com pacotes de actividades culturais e desportivas desde as actividades de excelência às mais corriqueiras destinadas ao consumo de massas.

Se eventualmente aparecer um promotor imobiliário que pretenda arrasar o Pavilhão Atlântico e fazer um prédio com concepção de um arquitecto estrangeiro, por exemplo o Calatrava, essa pretensão privada é aceitável para a ministra?

Os pacotes para a competição entre as cidades mundiais faz-se de actividades privadas e principalmente de produtos públicos que nenhum empresário atento e responsável assumiria privadamente. A ministra não esclareceu qual o seu conceito de PA que suporta a decisão política do seu governo de privatizar.

O desporto português tem acumulado activos materiais e possui hoje um capital de infraestruturas que nunca teve no passado e parece um erro tão grande privatizar cegamente, como foi negligente construir sem programas, estatísticas e estudos desportivos, económicos e sociais sobre os investimentos em infraestruturas desportivas.

Nenhum jornalista pediu explicações à ministra, da fundamentação e da consequência desportiva do seu acto de política desportiva, nem se a ministra tinha obtido a aprovação do ministro do desporto sobre esta matéria. Há, contudo, que não ter dúvidas que se é uma decisão do Governo, o Ministro do Desporto Miguel Relvas concordou com a privatização do Pavilhão Atlântico. Há, assim, uma sintonia nos dois partidos da coligação PSD e CDS na privatização do PA.

O Governo saberá o que faz mas os factos desportivos complexos, contraditórios eventualmente negativos e de consequências incontroláveis 'surgem todos os dias'.

Os três dossiers do Verão são a Liga de Clubes a braços com a redefinição do seu modelo desportivo e económico de futebol profissional, é a problemática das infra-estruturas, e a fusão entre o Desporto e a Juventude.

As três matérias o Governo de José Sócrates varreu para o Conselho Nacional do Desporto. É possível que o actual Governo para fazer distinto preparasse dossiers fundamentados para apresentar aos conselheiros quando vierem de férias para lhes pedir soluções sobre o que fazer a bem do Desporto nacional, sem ficar totalmente dependente das suas importantes sugestões sectoriais?

O facto mais curioso do actual governo do desporto é que mais depressa contrata e trabalha com eleitos e figuras gradas do antigo regime do que com aqueles que suportando alta soma de inconveniências assumiram posições críticas às políticas públicas de desporto durante as duas legislaturas passadas.

Afinal os antigos governos usaram largamente personalidades da 'oposição' e agora há que retribuir a gentileza.

Laurentino Dias que se cuide.

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