terça-feira, 9 de agosto de 2011

A gota tem de dar com a perdigota

Só depois de conhecer o programa de governo é que se percebeu o que lá estava.

Com a nomeação completa do quadro humano de liderança compreende-se melhor o que estava escrito no programa.

Depois fazem-se contas para trás e para a frente e chegam-se a conclusões que se procuram sejam objectivas.

Fazer contas para trás e para a frente é ver o que se fez no passado, quais os resultados das políticas e projectar um futuro.

Isto nada tem de pessoal, há que compreender os factos e obter conclusões que sejam válidas para um conjunto de pessoas algumas das quais têm certamente ideias opostas e que é necessário demonstrar as sucessivas contradições encontradas e possíveis soluções.

Após o programa e as nomeações começam a surgir lacunas, por vezes pequenas fissuras que apenas se observam ao microscópio de quem está a olhar para o local certo.

Uma conclusão actual em que pouco se conhece das verdadeiras intensões é que a gota não estará a dar com a perdigota.

Respeito todas as pessoas mas quando se nomeiam as mesmas pessoas sucessivamente em legislaturas que fazem dezenas de anos a conclusão é que as coisas no desporto português vão continuar a ser iguais porque é isso que está escrito nos programas e é isso que fazem as pessoas nomeadas.


Vejamos um pequeno exemplo que as pessoas têm a sensibilidade que alguma coisa se passou de mal e não compreendem o quê.

Toda a gente sabe esta história.

Portugal tinha-se candidatado à Expo 98 e ganho, anos antes tinha feito o Mundial de Juniores de 1991 e tinha ganho a festa e o campeonato.

O país eufórico começava a mexer nos fundos comunitários e a saber levar esse dinheiro ao desporto e às suas infra-estruturas e as federações propunham o máximo de eventos que podiam.

O do futebol não foi o único mas foi o que mais ganhou porque a festa foi muito maior.

Os líderes políticos do desporto gostavam muito destas obras de desporto e incentivavam por escrito ou pela sua palavra os líderes desportivos a avançarem com propostas de eventos portugueses nas federações europeias e mundiais e eles assim faziam.

Alguns nem atletas de alta competição tinham e faziam eventos para os portugueses verem as estrelas dos outros.

Nunca. Repita-se: Nunca, nenhum grande líder político do desporto, de pois de 1995, fez um programa de longo prazo ou pediu aos líderes desportivos que justificassem o seu mega-evento num programa de longo prazo.

Este procedimento adaptado a um tempo de 'vacas gordas' nunca foi compreendido enquanto tal, nem qual o seu custo, lucro ou prejuízo para o desporto e que alternativas haveria para o desenvolvimento sustentado do desprto português.

Nunca foi feita uma avaliação dos milhões investidos e da sua relação entre o investimentode milhares de milhões de euros em infra-estruturas desportivas e o produto desportivo em benefício da população portuguesa.

Não há estatísticas e pode sugerir-se que a falha de produção de estatísticas das infra-estruturas se não foi propositada foi uma clamorosa negligência. Como é possível investir milhares de milhões de euros em infra-estruturas desportivas e nunca produzirestatísticas quer do investimento quer da sua produtividade e rentabilidade?

Nem o Tribunal de Contas nem as Finanças questionam esta realidade do desporto.

O hábito de Cavaco Silva de não fazer estudos económicos para apoiar a melhor decisão política enraizou-se na sociedade portuguesa, porque foi ele que recebeu o grosso dos grandes montantes e deveria ter agido com princípios económicos estritos e não o fez. Se os princípios económicos não foram aplicados em algum momento histórico fundamental foram no início da década de noventa.

Hoje o programa dos estádios do Euro 2004 fracassou enormemente e verifica-se que tudo está montado para criar eventos para beneficiarem o turismo, a trazer turistas para Portugal e oferece-se o Desporto numa bandeja de especialistas que já demonstraram todo o seu saber, tanto no Euro 2004 como em todas as dezenas de eventos desportivos que o desporto português pagou para as federações europeias e mundiais receberem as rendas que outros países e federações nacionais se recusavpor compreender quem ~são os ganhadores destas políticas de vacas gordas para fora do desporto.

As fissuras surgem de inúmeros factores que estão a ser mal articulados e vão transformar-se primeiro em rachas e depois em fracturas de maior dimensão.


O programa e as pessoas estão voltados para os eventos e o tempo das vacas gordas passou. Há quem diga que nunca existiu verdadeiramente e continua a haver pessoas que vivem noutro planeta.

A crise da dívida soberana dos Estados Unidos mostra que a solução liberal de não investir e de não combater a retração económica com investimento vai causar estragos eventualmente globais.

Os dados que estão lançados no desporto são capazes de fazer frente a este processo?

Parece que a gota não está a dar com a perdigota.

Quem sou eu para sugerir que as apostas estão erradas?

Afinal se os mais altos expoentes desportivos ficam até ao fim, porque é que aqueles que os suportam não agem em conformidade com aquilo que os seus olhos vêem os seus maiores fazer contra toda a racionalidade ou mesmo simples bom-senso?

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