quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O pedido, ver o poste anterior, do deputado Laurentino Dias não é usual

Para um Parlamento genericamente iliterato desportivamente e habituado ao comportamento sem guarda  dos governos, o oportuno pedido do deputado Laurentino Dias sugere várias questões:
  • No jogo jogado assiste-se à passividade do PSD e à iniciativa do PS:
    • O PSD nunca teve no Parlamento um deputado conhecedor e interventor sobre a política desportiva dos governos à medida que era feita, como este pedido que agora surge. Segundo parece, não terá questionado significativamente Pedro Silva Pereira ou Laurentino Dias em seis anos de mandato PS.
    • Laurentino Dias poderá passar a ser um referencial na política desportiva do Parlamento, quando o PS historicamente tem criticado as medidas legislativas do PSD como inócuas ou ineficientes.
    • A especialização do deputado Laurentino Dias é tão relevante quando surge como um especialista de política desportiva coisa que os seus pares não possuem esse conhecimento nem os restantes partidos acumularam conhecimento sobre o que é a politica desportiva moderna e as federações em geral 'comeram da mão' do ex-SED (estou obviamente a elogiá-lo positiva e negativamente).
    • O PSD acompanhou a performance do PS nos últimos anos e aceitou participar, através dos seus elementos mais significativos, em iniciativas de política desportiva contrárias aos princípios das ciências do desporto e aos princípios da União Europeia e das federações internacionais, quando, por exemplo, o PS lançou o Tribunal Arbitral dependente do Ministério da Justiça e não do Comité Olímpico de Portugal , o que as federações 'comeram e calaram'.
    • Os governos PS nunca usaram o desporto como exemplo maior da sua politica nacional como o actual governo quando usa a fusão de 4 órgãos públicos e a poupança de milhões em que o desporto surge como figura maior.
  • Há a necessidade de compreender como se chega a esta situação de um governo fundir institutos:
    • Não se percebe qual o serviço público e a política de juventude, que nos anos anteriores colocaram a administração central a produzir retalho do turismo, quando a lógica seria atribuir essa produção local a agentes locais às autarquias, a associações sem finalidade lucrativa ou a empresas.
    • O associativismo jovem é um sector transversal a muitos sectores como a cultura e o desporto e outras e a manutenção da juventude duplica funções que deveria estar claramente unificadas.
    • O desporto e a cultura precisam de associativismo e a manutenção do associativismo da juventude é uma forma de ruído e despesa pública duplicada com objectos distintos.
    • Provavelmente para não deitar a perder um investimento nacional acumulado seria útil pensar bem o que fazer e não actuar o Governo contra o Parlamento e o Parlamento contra o Governo chamando cada um a si a razão do que devia ser bem feito.
    • Como José Constantino já refere no Colectividade Desportiva há a necessidade de proteger o desporto. Fazer uma junção apressada sem tempo para estudar, por causa do papão da Troika que exige estudos públicos para outros sectores e não os exige no desporto, é um erro que o desporto irá pagar, como costumam ser as coisas para o desporto.
  • O que se irá passar equaciona-se antecipadamente:
    • Os protagonistas e o conteúdo do discurso são velhos conhecidos.
    • O modelo de Laurentino Dias bateu no fundo e tem problemas nas novas instalações, nos subsídios ao Turismo e às actividades desportivas que o sustentam, na governance das federações, no associativismo de base, no uso e abuso dos talentos desportivos nacionais, etc.
    • Todas estas características o turismo, os talentos, as instalações, etc são aspectos que o xix governo resume no seu programa, como o PS faria.
  • O que se devia passar, face a estas limitações?
    • A proposta de fusão do PSD deve ser vista como uma oportunidade de corrigir coisas que estão mal.
    • Seria pedir muito aos deputados da Nação portuguesa que por uma vez conseguissem olhar para a criação de um desporto bem concebido e bem debatido no Parlamento.
    • O deputado Laurentino Dias daria ao país e ao seu desporto um contributo inestimável conseguindo transformar o seu conhecimento especializado para corrigir aspectos menores e prejudiciais ao desporto da proposta do PSD.
    • O deputado Laurentino Dias deveria ser humilde ajudando o país e o Parlamento a corrigir alguns dos seus actos menos conseguidos, a evitar encher o debate com os seus feitos e a colocá-los numa perspectiva de relativização de uma realidade complexa como actualmente é a do desporto e a do país.
    • O ministro Miguel Relvas deveria dizer como pensa abrir o desporto à sociedade e ao seu escrutínio e como. Só este ponto seria um debate ganho para o desporto.
Por ser um primeiro debate sobre o desporto de uma oportunidade que o PSD deu e o PS aproveitou este não pode ser tomado como um debate final mas o início de um processo complexo e envolvente da sociedade e dos seus parceiros empreendedores e da área do conhecimento.

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