quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O que é bom para o Benfica é bom para o futebol português, dirá Luís Filipe Menezes

A frase do título é do presidente da General Motors em relação aos Estados Unidos e a teoria económica demonstra que não é bem assim. O que é bom para a General Motors pode não ser bom para a América.

O Benfica conseguiu um resultado extraordinário no mercado doméstico, o que para o Presidente do Porto Pinto da Costa, não se importa de ficar com o operador com quem trabalha a Olivedesportos e contenta-se com 80% do negócio do Benfica.

Mas colocando de parte as diferentes estratégias dos dois maiores clubes portugueses, fora o Sporting, tanto faz para o desporto que o Benfica venda os seus direitos de imagem por 100 milhões de euros ou por 1 cêntimo do euro.

O desporto profissional português é um mercado fechado que não tem mecanismos de equilíbrio de rendimentos entre todos os clubes participantes pelo que esse benefício enorme do Benfica irá parar às mãos dos jogadores contratados internacionalmente e dos seus intermediários.

Já o mesmo não se pode dizer dos restantes clubes da I Liga e da II Liga cuja estrutura de remuneração da competitividade não contempla os seus interesses e, de uma forma agregada, os interesses do futebol como um todo.

O sinal mais relevante deste conseguimento do Benfica equaciona-se em alguns pontos que se indicam:
  • a Liga fez um estudo recentemente cujo debate público não parece avançar, nem ter uma resposta de outros agentes e parceiros do futebol.
  • os agentes, como o Benfica e o seu comprador de imagem, não esperam e avançam com condições de competitividade que levantam desafios e impactos que obrigam a Liga a equacionar até que ponto eles estão contidos ou não no estudo realizado.
  • por tradição o Estado tem uma resposta jurídica lenta, há quem sugira que tem a rapidez vertiginosa de um caracol no pino do Verão: lento, parado e fechado sobre si próprio.
  • o Estado também não faz estudos económicos sobre o desporto profissional, ou qualquer outro domínio desportivo.
  • o Estado usualmente não tem capacidade instalada e especializada para tratar do desporto profissional, ou outro qualquer.
Perante este cenário, perguntarão os mais cépticos como pode o futebol português ter valias onde mais nenhum país europeu da dimensão de Portugal consegue?

Eis uma boa questão.

Portugal consegue resultados únicos por gastará mais do que outros países investem e Portugal está na disposição de prejudicar todo o seu desenvolvimento desportivo deixando completamente livres os líderes do futebol para conseguirem os seus projectos particulares sem uma relação de integração como faz a Alemanha, o Reino Unido ou a França.

Este modelo tem limitações como aponta o estudo da Liga. É o estudo da Liga que aponta limitações.

A situação extraordinária do Benfica vem aclarar perplexidades que será curioso ver se serão colocadas e equacionadas no debate do Parlamento.

O futebol português é demasiado importante para ser tratado como está a ser.

Há necessidade de uma capacidade de estudos e análises abundantes e de líderes capazes de usar esses estudos, direccioná-los para a maximização sustentada do interesse do futebol e fazer cumprir os objectivos consensualizados e acordados.

Que estrutura pensam os deputados e o Governo deve ter o Desporto para responder com determinação aos desafios do futebol português?

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