quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Este COP está sempre a surpreender-nos

Há anos um funcionário do COP garantia num jornal de grande tiragem nacional, na página dos opinion makers importantes, que os Jogos Olímpicos em Portugal eram economicamente justificados e que havia estudos de grandes investigadores de economia que sustentavam a viabilidade ecoonómica dos Jogos Olímpicos e isso era o suficiente para Lisboa ser candidata.

Agora o chefe de missão a Londres, de seu nome Mário Santos e Presidente da Canoagem, diz que falta ao desporto um modelo de sustentabilidade económica porque já tem infra-estruturas. Ver no Diário de Notícias, aqui.

As suas frases merecem ser reproduzidas:
  1. ""Neste momento, Portugal tem infraestruturas (de qualidade) em várias modalidades. O grande desafio é criar um modelo de sustentabilidade que permita que estas sejam usufruídas não só pelo alto rendimento, mas também para a prática desportiva em geral, fundamental para o desenvolvimento da sociedade", afirmou.
  2. Mário Santos mostrou-se surpreendido pela ligação dos adeptos húngaros à canoagem, e sonha que esse cenário possa algum dia acontecer em Portugal: "Vão estar cá mais de 20.000 adeptos por dia a pagar para assistir a uma modalidade que não é o futebol. É uma realidade ainda distante para o nosso país". 
  3. "A Hungria suporta por inteiro uma modalidade que não o futebol: há um apoio político, do Estado, privado e da própria comunidade, que se envolve em tudo isto e com grande retorno" continuou Mário Santos. 
  4. Antes de marcar presença na Hungria, Mário Santos esteve em Londres durante uma semana em reuniões, e revelou, que nos contactos que manteve, verificou que os países mais prestigiados no "Mundo" do desporto revelam "um grande envolvimento da sociedade e das empresas na Missão Olímpica"."

As suas frases não são a política mas ajudam a definir objectivos e por isso são relevantes e ainda cima vinda do grupo de pessoas que trabalha para o COP e de quem se ouvem com frequência inverdades, assassinatos técnicos e demagogia a rodos.
 
Sobre as frases chamo a atenção do seguinte:
  1. O grande desafio é criar um programa de desenvolvimento sustentado desportivo, económico e social.
  2. Obviamente as medidas que alavancarão a procura desportiva da população. Está tudo no conceito de 'Desporto Com Todos' na inovadora e nunca tentada fórmula do programa xix governo que todos esperamos, sentados, que dê origem a uma copiosa literatura científica.
  3. Chama-se ao seu diagnóstico da sociedade e desporto húngaro literacia desportiva.
  4. O financiamento é também um acto de literacia desportiva. Colocar o desporto sob a liderança de interesses da grande finança pode ser uma consequência do movimento de apropriação das rendas do desporto mas não irá certamente gerar o grande envolvimento preconizado por Mário Santos.
Mário Santos tem um discurso que Vicente Moura tenta quando quer falar dos Jogos Olímpicos em Lisboa. Mário Santos não fala dos Jogos Olímpicos em Lisboa mas formula um discurso baseado em factos que deveriam ser inquestionáveis e adoptados há muito em Portugal.
 
Não tenho conhecimento que outro chefe de missão tenha feito constatações equivalentes a estas.
 
A realidade desportiva nacional é mais complexa do que as frases de Mário Santos mas as suas frases são importantes para demonstrar que o que está mal somos nós o nosso desporto e o nosso COP.
 
Indo de facto Vicente Moura embora como já prometeu, o surgimento de novas posições e protagonistas desportivos irá causar mossa nos privilegiados tradicionais mas fazer bem aos condenados do costume desportivo.

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