domingo, 27 de março de 2011

Maravilhoso mundo da distribuição

No Caderno de Economia do Expresso, de 26 de Março de 2011, Nicolau Santos ilustrando o mercado da distribuição dá a imagem do que se passa em alguns sectores do desporto e da explicação para a morte dos clubes de bairro.

O que acontece na distribuição é que a concentração do comércio nas mãos dos hipermercados continente e Pingo Doce alcança 50% do mercado nacional da distribuição enquanto em Espanha os correspondentes Mercadona e El Corte Inglés têm uma quota inferior a 13%.

Se a história da morte das mercearias de bairro está por fazer quanto aos seus impactos sociais, no desporto essa realidade é fácil de equacionar no alto rendimento e no capital humano e social que é retirado ao país para o seu desenvolvimento sustentado.

Portugal está no último lugar europeu porque lhe falta o tecido associativo de base especializado para apurar localmente as valias humanas que os clubes locais fazem bem e de forma económica.

No desporto a morte do tecido associativo desportivo faz-se pela maior actuação das federações a nível local com preços socialmente mais elevados, pelo decréscimo da relevância das associações que acompanha o estrangulamento dos clubes locais, pelo surgimento dos ginásios nos bairros das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e das cidades médias aproveitando o desenraizamento das populações urbanas e pela valorização dos clubes médios e dos grandes clubes que conseguem ter sucesso num ambiente empresarial com finalidade lucrativa. Há clubes médios como Lisboa Ginásio ou o Ateneu com dificuldades de afirmação que anunciam a falência.

O associativismo desportivo de base e toda a sua estrutura são a base do desporto moderno.

A estrutura de produção privada criada em Portugal nos últimos anos não tem capacidade de se sustentar no mercado onde não consegue colocar a totalidade dos seus débitos e dependendo muito da acção do Estado caminha para a falência porque nenhum Estado europeu tem dinheiro para financiar toda a actividade desportiva e consegue através da racionalidade económica financia o potencial da actividade desportiva pelo seu custo mínimo.

Desta forma se demonstra uma vez mais que o problema é o país e o desporto tem uma menor 'culpa' do caminho que leva a falência do desporto nacional.

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