quinta-feira, 3 de março de 2011

Notas sobre a demissão de Fernando Mota: A queda do segundo modelo de desenvolvimento desportivo português

Nota sobre a decisão – Há a necessidade de olhar, olhos nos olhos, o que aconteceu e retirar ilações. Alguns dados serão especulação e aqui ficam sinteticamente:
1.      Quanto aos modelos
a.      O primeiro modelo de desenvolvimento foi o prosseguido por Melo de Carvalho entre outros e foi implementado após o 25 de Abril de 1974.
b.      Mirandela da Costa e toda a sua vasta equipa foi o cérebro que concebeu mais fundo e implementou o segundo modelo feito dos automatismos do alto rendimento e do edifício legislativo. Apesar de ter também apostado nas ciências sociais e na economia, foi o direito o seu instrumento por excelência. O modelo teve a primeira morte em 1995 com o Caso INDESP.  A segunda morte dá-se, antes de ontem, com a demissão de Fernando Mota.
2.      Quanto aos sinais dos fracassos do segundo modelo:
a.      A situação do desporto está pior do que há alguns anos e isso sente-se no atletismo. Os clubes terão maior dificuldade de trabalho, os resultados desportivos serão piores do que em 2007 relativamente a 2008.
b.      A situação vai ficar pior: os melhores atletas têm a performance ao nível de Pequim em risco e não existem alternativas materiais.
c.      Especulando direi que Fernando Mota se apercebeu que o erro administrativo da inscrição foi o sinal de outras falhas que ele vinha detectando: falhas de administração, governance, de racionalidade do processo de produção da modalidade, do agudizar e complexidade das soluções futuras e a consequente angariação de fundos estava comprometida para o equilíbrio das contas e a projecção futura, e, apesar dos sucessos recentes do projecto Marcha e Corrida e do CAR do Atletismo, considerou que estava incapaz de as resolver.
d.      Em consequência face à gravidade desta situação dentro e fora da modalidade e da federação o melhor era deixar de forçar o seu modelo para o atletismo e sair da presidência da federação.

Nota sobre a situação gerada fora da FPA – A situação gerada por Fernando Mota chama a atenção de vários agentes privados e públicos:
1.      Os resultados do atletismo cobriram a incapacidade do desporto português conseguir outros resultados europeus e mundiais.
2.      Fernando Mota é relevante porque foi quem liderou o atletismo e forçou directa e indirectamente grande parte da estrutura de produção do desporto e do alto rendimento nacional nas últimas duas décadas.
3.      Ultimamente tinha-se concentrado na modalidade e ‘dado rédea solta’ a outros protagonistas.
4.      Actualmente estes protagonistas ficaram sem rede.
5.      Há líderes que já deveriam ter feito coisas como juntar o COP e a CDP e não o fizeram.
6.      Também não apresentando projectos de longo prazo não se demitiram.
7.      Pensam continuar a continuar estando a juntar votos para serem reeleitos.

Nota sobre o futuro:
1.      Dentro da FPA:
a.      O futuro tem de ser bem preparado com as eleições.
b.      A eleição vai fazer-se no desconhecimento do terceiro modelo de desenvolvimento desportivo nacional.
c.      O confronto tranparente dos diferentes agentes deve ser assegurada sob pena de dar à modalidade um líder fraco ou uma situação pantanosa.
2.      Fora da FPA – Fernando Mota retirou o pé de apoio do segundo modelo de desenvolvimento e mata-o pela segunda vez:
a.      O exemplo da FPA só pode ser usado para retirar ilações para o futuro do modelo de desenvolvimento do desporto nacional.
b.      Outros presidentes de organizações desportivas deveriam sair, porque o seu tempo também chegou ao fim se nenhum outro sinal foi bastante para lhes mostrar as suas limitações.
c.       Alguém deveria iniciar um debate sobre o modelo de desenvolvimento desportivo que agora chegou ao fim e lançar as bases para o futuro.

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