quinta-feira, 24 de março de 2011

Palavras de Vicente Moura em 2007

As frases, que estão aqui, falam por si:
(bold do autor do blogue)

"Outro resultado desse protocolo foi ter passado para o Comité Olímpico a responsabilidade de gestão do projecto, ou, por outras palavras: recebemos do IDP, com a mão esquerda, a verba de catorze milhões de euros, orçamentada para o projecto Pequim 2008, e com a mão direita entregamos essa verba às federações, mediante critérios definidos por nós. Acompanhamo-las depois e trabalhamos directamente com elas. Penso que se cumpriu com isto um slogan que é "menos Estado, melhor Estado!"."

VM confunde o facto de receber e entregar dinheiro com o aumento do produto que nesta altura esperava fosse muito significativa. Ver a frase seguinte:


"Nunca se obtiveram resultados sequer aproximados aos do ano passado,(em 2006) quer a nível continental, quer a nível mundial.
Já este ano (em 2007) Portugal está a progredir, com as federações e os técnicos a fazerem um belissimo trabalho.
Tenho também mencionado isto em diversas ocasiões: pela primeira vez temos onze atletas no nível de medalhados dum Projecto Olímpico, ou seja, temos onze atletas com possibilidades reais de ganhar medalhas nas proximas Olimpiadas!"


Depois continua com afirmações que se verificaram em Pequim em 2008 nunca se concretizarem:

"Em troca dos catorze milhões de Euros, escrevi uma carta, que está no IDP, a dizer que se dessem o apoio obteríamos quatro a cinco medalhas e sessenta e quatro pontos, quando nós nunca conseguimos ultrapassar os quarenta e quatro, quarenta e cinco.
Isto está escrito, o que significa que quando acabarem os Jogos Olimpicos alguem vai cobrar essa promessa…e eu próprio cobrarei a mim mesmo."
"Fiz esta promessa e responsabilizo-me por ela, porque realmente acredito que chegaremos lá, isto se não a ultrapassarmos."


 Mais à frente fala do que não sabe:

"Para já, eu apenas quero que o Estado perceba que somos capazes de fazer um trabalho bem feito, com rigor, e muito mais económico, porque o que estamos aqui a fazer com meia duzia de pessoas, teria que fazer o IDP com mais de quinhentas, e os gastos administrativos seriam muitissimo maiores."



Desconhece ou não equaciona a relevância do associativismo para a definição da prática desportiva da população na Europa:

"Apesar de estar a lutar por resultados nos próximos Jogos Olímpicos, se eu tivesse que escolher entre esses resultados ou ter 40% dos jovens Portugueses a praticar Desporto, eu escolheria perder a minha aposta em relação às medalhas. "



Palavras para quê?

"então eu disse que, como até tenho um inimigo de estimação, só para o aborrecer, vou ficar...
...porque a minha intenção real é retirar-me em março de 2009, depois dos Jogos Olímpicos.
O que vai acontecer é que, se for um fracasso, evidentemente isso vai-se cumprir, se não for, e só para irritar este meu inimigo, pode ser que fique..."

"Em Portugal diz-se: "Este ano vou ser campeão nacional, este ano vou ganhar as três taças..." - e depois não se ganha nada, e tudo fica como antes. O que eu estou a querer dizer é que, comigo, nada ficará como antes! Portanto, tem que começar a haver uma responsabilização, há que pagar o preço e eu estou disposto a pagá-lo. Digo mais: o Desporto, é, em Portugal, a única área que aumenta a auto-estima do povo, que nos junta a ouvir o Hino e a chorar a olhar para a Bandeira hasteada num mastro. Todos os outros sectores só nos dão vontade de emigrar para outro país, por isso temos que começar a tratar de nós próprios, temos que ter orgulho nas coisas que estamos a fazer, ou daqui a dez ou vinte anos estamos completamente dissolvidos na Europa!... "



Por fim surgem os Jogos Olímpicos em Portugal embrulhado num programa que só não diz quem o vai fazer, porque ele até já está feito e pensado:

"Acho que temos que arranjar um objectivo redundante, que junte à volta de uma mesa o Governo, as Autarquias, o Comité Olímpico, as Federações, as Empresas - e traçar um objectivo, um plano de desenvolvimente desportivo!
(a iniciativa) Tem que ser minha, sim.
Mas o que acontece é que o COP precisa que as pessoas estejam receptivas, não a uma hipotética candidatura, mas sim a estudar o problema, ver se é possivel e para quando, ou, se não fôr possivel, então não é, mas que se estude!"

(o governo) "Não está interessado. De facto, até reage mal quando eu falo desta matéria, porque deve pensar que a opinião pública vai achar que estou louco ao querer com isto e gastar 2 ou 3 mil milhões de euros, mas eu tenho isto tudo projectado e planeado.
Por exemplo, o Aeroporto da Portela vai sair dali, a área daria uma Aldeia Olímpica excepcional, porque tem uma auto-estrada, poderia construir-se uma estação de metro, espaços verdes, eu tenho tudo projectado já, mas de facto não é possível uma candidatura ter sucesso se não tiver o apoio unânime de todas as entidades públicas do país."


Ainda não conseguiu os Jogos Olímpicos de Portugal mas vai haver o Museu do Desporto.

2 comentários:

João Almeida disse...

A memória é curta neste país.
E no país desportivo ainda é mais.

Abraço

Fernando Tenreiro disse...

Foi um amigo que me enviou esta entrevista e que ainda não agradeci.

É uma forma de fazer política.

Ele teve sucesso em actuar desta forma.

As afirmações são inverosímeis e ele é o mais alto magistrado do desporto.


Percebe muito pouco do que é o desporto moderno, passou por uma série de instituições que quando ele chegou estariam falidas.

Teve o mérito de lhes dar um novo fôlego.

O desporto está cheio de bons dirigentes como Vicente Moura.

Querem que os deixem trabalhar porque eles é que sabem.

Como o conhecimento do desporto não se relaciona com a ciência e relaciona-se com o pragmatismo das soluções encontradas que permitem olhar para o sucesso pontual e sem uma Visão como fazem os Comités Olímpicos nacionais e as federações europeias.