quinta-feira, 24 de março de 2011

No trambolhão de Gilberto Madail

As razões são várias:
  1. Do ponto de vista internacional o futebol português:
    1. Não é vibrante: as selecções inovaram há vinte anos e morre de Mundial para Mundial e o Porto, por tradição o subsídio dos clubes de futebol portugueses, saiu da Champions;
    2. É quezilento: Carlos Queiroz e José Mourinho não conhecem o fair-play europeu e arrogantemente chegam a combater o fair-play europeu;
    3. É perdulário: a FIFA e a UEFA sabem que a desculpa do desastre dos estádios do Euro2004 lhes é atirado quando sabem que países como a Suíça, Áustria, Bélgica e Holanda têm processos desportiva e economicamente impecáveis, com as mesmas regras que Portugal atira culpas para as regras europeias e mundiais;
    4. A candidatura ao Mundial 2018 com a Espanha não tornou clara a relevância de Portugal e retirar GM é uma diminuição do actual apoio de Espanha;
  2. O futebol português sugere que é incompetente para resolver os seus problemas em casa e fazer subir à Europa apenas os grandes desafios e aqueles que marcam a diferença para o futuro europeu:
    1. O caso de Carlos Queiroz é um erro que nunca deveria ter saído de Portugal;
    2. O caso dos estatutos deveria ser resolvido entre-fronteiras;
  3. Os clubes grandes apresentam dificuldades financeiras e Portugal e a FPF não antecipam o fair-play financeiro de Michel Platini.
  4. Gilberto Madail terá sido incapaz de chamar a si Luís Figo e transformá-lo no grande líder do desporto português.
Houve resultados positivos mas estes não alavancaram o futebol português para o único resultado aceitável:
Gilberto Madail não conseguiu, com uma geração de ouro em jogadores e treinadores, vencer o campeonato do mundo, só 150.000 praticantes estão inscritos na federação e as falências dos clubes existem, assim como, a praga dos salários em atraso que é a forma de sobrevivência de clubes falidos desportiva e financeiramente.


Gilberto Madail sempre actuou como José Sócrates forçando projectos extraordinários.

Nunca actuou no sentido de fortalecer o tecido desportivo do futebol, não reformou a federação, com o Euro 2004 passou a gerir com dinheiro na mão e o olho no negócio, como confessou ser o seu objectivo na candidatura conjunta com a Espanha para o Mundial de 2018.

O presidente da FPF durante inúmeros mandatos projectou-se servindo a UEFA e a FIFA, tendo usado as posições destas organizações internacionais para forçar os governos no sentido de interesses que nunca foram colocados com transparência.

Agora a FIFA deixou-o cair porque Gilberto Madail não sabe sair como tantos outros entre nós. Tendo o hábito de forçar a mão espera que a queda não tenha consequências, porque ninguém em Portugal vai analisar publicamente os benefícios e as limitações da sua passagem pela FPF.


Na ausência de uma cultura desportiva nacional o desporto português presta-se à existência de líderes das organizações desportivas que resolvem problemas que são pontuais, na perspectiva do desenvolvimento desportivo sustentado, enquanto é a política nacional que permite suportar projectos de efeito instantâneo como os eventos desportivos europeus e mundiais em inúmeras modalidades.

A queda de Gilberto Madail é todo um tratado do fim do modelo de desenvolvimento relacionado com o Euro 2004 e José Sócrates.

A ausência de laços duradouros e transformadores com as grandes estrelas do futebol português e de outras modalidades, mostra como o desporto português está longe do futuro e dos valores que o podem tornar grande.

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