quinta-feira, 24 de março de 2011

A vertigem do Sporting Clube de Portugal

O SCP vive um momento extraordinário em que a queda da direcção trouxe alguma má moeda que inviabiliza o debate transparente e 'sério'.

É evidente que os candidatos ao Sporting são sérios.

As condições em que esse debate é feito é que são difíceis de ler.

As desconformidades devem ser observadas por limitações da actuação privada da Liga, da federação e pública.

A oferta de capital para o Sporting pode fazer-se por dois motivos:
  1. Por espírito altruísta de um empresário ficando a gerir o capital directa, indirectamente ou doando-o ao clube mediante a liderança de um presidente da sua confiança;
  2. Pelo cálculo financeiro e a expectativa de obter no Sporting um retorno superior a outras aplicações financeiras no mercado bancário nacional e europeu.
A ausência de uma regulação transparente para a gestão dos clubes portugueses afastará o primeiro tipo de patrocinadores e levanta dúvidas sobre a capacidade do Sporting gerar com transparência recursos suficientes para remunerar o capital com valores superiores ao mercado bancário nacional e internacional preservando simultaneamente o capital social e cultural do clube.


A partir da década de noventa a colocação no mercado do capital social, histórico e cultural dos clubes portugueses fez-se num período de euforia bolsista através do desporto europeu que a proposta de fair-play financeiro consensualiza os interesses éticos e públicos da União Europeia e da UEFA, para além de corresponder ao modelo que países como a Alemanha, a França e outros países de menor expressão possuem no seu território.

As imagens que passam na comunicação social do saco de gatos verde e branco é menos bonito de se ver considerando o que deveria ser a maximização do interesse do futebol português e dos sportinguistas.

A existência de soluções privadas é relevante mas a produção de mais-valias nos grandes clubes profissionais depende igualmente da racionalidade do modelo de produção profissional e das externalidades abundantes do modelo que o clube e a sua SAD poderão beneficiar.

Sem a garantia de governance europeia, como acontece no modelo da FPF de Gilberto Madail, o futuro do Sporting não é diferente do Porto, Benfica, Estrela da Amadora ou Farense.

Há demasiados graus de liberdade no futebol português e no seu produto profissional quando a escrita neste nível e em todo o mercado deveria ser de rigor.

Sendo o património leonino que está em causa ele depende sobremaneira de factores que assistem à eleição como a inexistência de um programa de desenvolvimento sustentado para a modalidade e para o desporto português de que o SCP como clube ecléctico depende sobremaneira.

Os diferentes segmentos amadores e profissionais, tangíveis e intangíveis, para além das dimensões local, nacional e internacional dos nossos grandes clubes estão interrelacionados, para além de uma regulação pública capaz de fazer boas leis, fazê-las cumprir e exercer a obrigação do seu cumprimento caso os agentes presentes no mercado prevariquem.

Hoje, em Março de 2011 é duvidoso que todos estes elementos estejam presentes e acautelados no desporto português e o esforço e entusiasmo de todos os sportinguistas poderá estar condenado e sem rumo como os sócios dos seus competidores directos, mesmo que assegurem o contrário.

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