sábado, 23 de abril de 2011

Terá o desporto coragem para ir até ao fim?

A situação do desporto é grave e todos os líderes desportivos estão agarrados ao financiamento público por menor que este se transforme.

O desporto tem pés de barro com um modelo de produção macrocéfalo e pés de barro.

Essa cabeça maior do que o corpo tem células mortas que consomem o oxigénio e os alimentos das células que produzem com maior competência.

Na economia em geral fala-se em deixar falir as empresas ineficientes para as outras poderem viver com os poucos recursos que existem.

As organizações privadas que dependem maioritariamente do Estado e cujo produto desportivo consumido pela população é nulo, tem sentido manter o subsídio público?

As empresas municipais dedicadas ao desporto poderão continuar a existir com estruturas de custo desajustadas ao seu produto desportivo e social?

Como resolver os desafios do património desportivo edificado e cuja produção desportiva e social é um consumidor bruto de fundos públicos locais e que continuarão nos próximos anos a exigir recursos avultados só para não se degradar o património?

O economista Nogueira Leite dizia no outro dia numa discussão na TVI24 que as autarquias não poderão todas ter um polidesportivo. Que resposta dá o desporto a estas ideias?

É aceitável incentivar a população a praticar actividade física para aumentar a sua condição física em áquinas e ginásios e deixar morrer os clubes e federações. Como é que funciona este modelo de produção? Isto é exequível ou é uma invenção sem benefício social e desportivo alargado à população, excepto para aqueles que já fazem e melhoram a sua condição física onde e como querem?

3 comentários:

Armando Inocentes disse...

Reparei que Fernando Tenreiro neste post, após quatro afirmações coloca cinco perguntas... quando o título já é uma também questão!

Vou deixar algumas ideias que até poderão estar erradas mas espero que alguém pegue nelas e as rebata fomentando aqui um espaço de debate...

1ª As organizações privadas nem sequer deveriam depender do estado. Ou desenvolveriam actividades e arranjariam sponsors que lhes permitissem sobreviver ou então morreriamm por si!

2º O tecto salarial de qualquer jogador fosse qual fosse a modalidade (e tecto também para todas as outras profissões, incluindo gestores, administradores e bancários) deveria ser o mesmo do Presidente da República!

3º Ser jogador é profissão de risco? Também o é ser polícia, bombeiro, professor ou médico!

4º "É aceitável incentivar a população a praticar actividade física para aumentar a sua condição física em máquinas e ginásios e deixar morrer os clubes e federações. Como é que funciona este modelo de produção? " É, POIS ESTE É O EXEMPLO FLAGRANTE DA ECONOMIA DE MERCADO EM QUE VIVEMOS! Como funciona? UNS PAGAM, outros esforçam-se e sacrificam-se e OUTROS VIVEM À CUSTA DO DESPORTO!

Fernando Tenreiro disse...

Respondendo às suas questões:

O Estado intervém no mercado privado para aumentar o produto privado quando este não tem condições para maximizar o bem-estar social. O que acontece actualmente é que o produto desportivo português não alcança o seu potencial porque depende do Estado que não resolve os fracassos do mercado e introduz problemas adicionais.

O salário dos jogadores profissionais deve ser definido pelo mercado e alguns naturalmente terão salários superiores ao do Presidente da República.

A situação de risco dos jogadores não afecta a formação do salário pelo mercado. O risco da profissão justifica uma actuação do Estado minimizando e corrigindo o risco da profissão. Os salários em atraso não são riscos da profissão. Relaciona-se com a ineficiência e o fracasso do mercado que deve ser corrigido ou pelas instituições privadas, federação e liga, ou pela regulação pública.

A minha pergunta é uma provocação. Este modelo está falido mas há pessoas que apostam nele e é preciso compreender o que se passa e comreender bem o que é o produto desportivo e como a sociedade portuguesa precisa desse produto em todas as suas dimensões.

Obrigado pelos seus contributos

Fernando Tenreiro disse...

Respondendo às suas questões:

O Estado intervém no mercado privado para aumentar o produto privado quando este não tem condições para maximizar o bem-estar social. O que acontece actualmente é que o produto desportivo português não alcança o seu potencial porque depende do Estado que não resolve os fracassos do mercado e introduz problemas adicionais.

O salário dos jogadores profissionais deve ser definido pelo mercado e alguns naturalmente terão salários superiores ao do Presidente da República.

A situação de risco dos jogadores não afecta a formação do salário pelo mercado. O risco da profissão justifica uma actuação do Estado minimizando e corrigindo o risco da profissão. Os salários em atraso não são riscos da profissão. Relaciona-se com a ineficiência e o fracasso do mercado que deve ser corrigido ou pelas instituições privadas, federação e liga, ou pela regulação pública.

A minha pergunta é uma provocação. Este modelo está falido mas há pessoas que apostam nele e é preciso compreender o que se passa e comreender bem o que é o produto desportivo e como a sociedade portuguesa precisa desse produto em todas as suas dimensões.

Obrigado pelos seus contributos