sexta-feira, 1 de abril de 2011

O PS desinteressa-se de Portugal?

Pedro Pita Barros, no blogue SEDES, ver aqui, usa a diferença entre desigualdade e desconfiança para definir um problema de Portugal em dez pontos:

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7 - "não vale a pena escandalizarmo-nos com a desigualdade de rendimento no país se os gritos de escândalo não forem extensíveis aos muitos interesses corporativos que se instalaram no país, se não se fizer mais, muito mais, por se legislar isonomicamente, se não se fizer mais, muito mais, por denunciar o perdularismo, impedir o “aproveitismo”, as capelinhas, as famílias, e, sobretudo, se não se tirarem consequências políticas do fraco desempenho da ética pública. É que, como tenho tantas vezes insistido, a ética pública é o maior promotor de confiança interpessoal."
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10 - "A confiança não se institui por decreto, nem basta proclamá-la. A confiança custa a ganhar e perde-se num ápice. Agora que vamos a eleições, há um pacto de confiança que se esperaria de quem se propõe governar este país. Não se pode um dia dizer uma coisa e no seguinte outra, não se pode fingir que não se previa dias antes o que todos sabíamos que iria acontecer a seguir, não se pode dizer uma coisa e fazer o seu contrário. Não se pode faltar à verdade. E não pode faltar a coragem de a dizer."
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Vale a pena ler a peça de PPB de que tirei duas citações.

Creio que existe uma relação entre a confiança de que fala PPB e o que se passa no, até agora, mais importante partido português.


O PS será uma contradição daquilo que diz e daquilo que terá sido, por exemplo, com Jorge Sampaio e António Guterres como contrastes do que se passa.

Se o PS quiser ser a alternativa, na sua perspectiva, ao pior que pode acontecer ao país passando o poder para o PSD, o PS deve ir à luta assumindo o pesado custo do fracasso vigente e estabelecer alternativas viáveis, quanto mais cedo melhor.

Agora como em 2008, quando a crise internacional apareceu e os sinais da economia e do orçamento começaram a ficar negros, o PS não reagiu e não reage.

Instalado nos mais altos cargos, que fez tensão que ficassem 'nas boas mãos', como as armas do Otelo, a ganharem desproporcionalmente face aos resultados de competitividade e produtividade que o país necessita o PS está incomodado.

Ao esvaziar a sociedade portuguesa de democracia e as instituições de ética, ao partido falta a vitalidade para defrontar o destino que os próprios traçaram.

Quando não consegue renovar a sua liderança interna num momento crucial da vida do país e o abandona a uma solução nacional e internacionalmente fracassada, como está a acontecer, alguma coisa está mal.

Alguns factos são de assinalar:
  1. O país está a ser levado à bancarrota, segundo refere a comunicação social e líderes nacionais respeitados e conhecidos pela sua independência política e visão aguda dos desafios nacionais.
  2. Os sinais de alarme tocaram desde antes de 2008.
  3. No mesmo período de tempo outros países, instituições e personalidades actuaram e demonstraram soluções alternativas que foram recusadas teimosamente por Portugal.
  4. Os outros países estão a controlar as suas crises sendo lestos e assertivos na eficácia das políticas.
  5. A imprensa internacional realça o carácter quezilento de personalidades nacionais do PS.

Perante este quadro:
  1. Por uma razão de bom senso o PS hoje sabe que os culpados dos erros não podem ou não devem ser atribuídos por inteiro a terceiros nacionais e internacionais e que parte das dificuldades nacionais são devidas a si próprio e que algumas malfeitorias foram por si perpetradas, equivalendo-o por inteiro a outros protagonismos nefastos nacionais.
  2. O PS sabe que vai perder nas urnas a confiança de liderar os destinos do país.
  3. O PS faz eleições internas e mantém por maioria a mesma liderança.
O partido de Jorge Sampaio e António Guterres, como exemplos recentes, existe?

Assumindo o pensamento de Pedro Pita Barros, quem tem a coragem para liderar o PS de Jorge Sampaio e António Guterres?

Desportivamente era melhor que frente ao PSD e ao CDS houvesse um PS competitivo e respeitador do fair-play do saber vencer e saber perder.

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