sexta-feira, 15 de abril de 2011

Se Durão Barroso tivesse ficado em Portugal ...

... hoje seria / estaria tão bem como José Sócrates.

Obviamente Durão Barroso perdeu a oportunidade de ser como José Sócrates quando tinha tantas possibilidades senão muitas mais de o ultrapassar ...

António Guterres e Jorge Sampaio compreenderam o sarilho em que o país se metia e, à vez, um zarpou para outras andanças e, o outro, ainda procurou flectir para outra situação e amarrou o país definitivamente à sua desgraça.



Acontece que Durão Barroso ao optar por emigrar como qualquer outro cidadão português teve de actuar com o melhor da sua capacidade dentro de um quadro institucional europeu que acolheu a sua maneira de saber fazer, liderar e convencer politicamente a exigente e impoluta Europa para um segundo mandato.

José Mourinho como treinador teve uma melhor preparação no Barcelona e quando voltou a Portugal, passa meteoricamente por um grande clube falhado, como teima em ser o Benfica, e é capturado por Pinto da Costa na detecção do capital humano que lhe interessa adquirir segundo a melhor qualidade específica para determinado objectivo do clube e os limites financeiros da sua carteira de recursos humanos de elevadíssimo nível.

Para o comum dos mortais 'comprar barato sai caro'.

Pinto da Costa compra barato e vende caro, com falhas de percurso e com um sucesso globalmente reconhecido.

Isto não é para todos e dadas as apostas em jogo 'até assusta' a começar pelos líderes desportivos e chegando aos políticos.

Sem um bom quadro institucional, Pinto da Costa e outros elementos de menor dimensão e igual propensão para a liberalidade que nos fazem um caso tão odiado actualmente pelos finlandeses e outros nórdicos, os empresários nacionais de maior cabedal evitam investir ou patrocinar o futebol e o desporto.

Assim, os grandes clubes portugueses apenas atraem figuras de segundo plano sem relevo económico, social ou cultural nacional.

O fracasso do desporto português é um fracasso político que encontra as suas raízes na incapacidade de Portugal nos últimos 110 anos de acompanhar a produção e os objectivos da política desportiva europeia e mundial.

A universidade respeita a liberalidade e a oportunidade das situações e não arrisca assumir tanto a ética quanto a ciência que se diz portadora.




Isto a propósito da performance dos três clubes portugueses que se classificaram para as meias-finais da Taça Europa, Porto, Benfica e Braga.

Com uma política desportiva alicerçada na estrutura piramidal do Modelo Europeu do Desporto e prosseguindo os princípios éticos, de governance e de fair-play financeiro da UEFA o futebol poderia ser para Portugal um exemplo europeu.

O que os líderes desportivos fazem à margem da lei, a sua violência marcando e imitando os comportamentos marginalizáveis de certos líderes políticos permite-lhes ter resultados desportivos únicos a nível europeu.

Falta ao desporto português ter princípios e agentes capazes de os assumir e aplicar.

Fica cada vez mais a consciência que a capacidade de liderança dos clubes e das federações no sucesso pontual que conseguem, poderia ser potenciado prosseguindo regras europeias.


Se Durão Barroso faz um percurso limpo no topo político europeu, se José Mourinho é o líder incontestado dos treinadores em todo o mundo, se Cristiano Ronaldo vai marcando com os magníficos ensinamentos que lhe foram dados no Manchester United, era bom que não partíssemos a loiça no futebol, como estamos a fazer com o país, deixando arrastar por mais tempo a falta de reforma da modalidade e do desporto português.

As transformações no desporto europeu para a criação da política desportiva comunitária começaram há mais de dez anos e Portugal não tem acompanhado nenhum dos instrumentos dessa política.

Não era pedir muito.

Seria fazer o que faz a Europa.

Seria 'apenas' fazer o que Portugal não faz há mais de cem anos ...

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