sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ainda os estádios do Euro2004

A questão do investimento em infra-estruturas é um dos fracassos fundamentais da política desportiva vigente porque é um dos pilares das desconformidades desportivas nacionais.

Isto não tem a ver apenas com o PS porque veja-se que o PSD não tem um modelo alternativo e não conseguiu na primeira metade da década passada criar elementos racionalizadores do modelo na área das infra-estruturas. Aliás as mesmas pessoas, o mesmo conceito, as estruturas do costume passam pelas décadas fora sem o mínimo pestanejar às contradições que se avolumam.

Agora é Estela Barbot, aqui, que refere que 'não foi agora que o Estado Social foi posto em causa. Foram as pessoas que resolveram fazer estádios de futebol - dez quando chegavam oito - e tantas autoestradas. ... era melhor com esse dinheiro fazer um hospital novo, dar pensões dignas aos reformados'

A falência do Estado português aguça a crítica social social ao desporto e desde há muito os estádios constituem o exemplo acabado do despesismo e do inaceitável.

O exemplo clássico da economia é o Presidente da Câmara que decide fazer uma ponte no meio do deserto. Dá o investimento a um empreiteiro que emprega umas dezenas de pessoas durante uns meses, faz uma inauguração de estadão e depois a ponte fica às moscas porque não é necessária económica e socialmente.

O empreiteiro ganhou dinheiro, o banco movimentou capitais e ganhou juros do empréstimo, o presidente da câmara subiu no partido, houve pessoas que estiveram empregadas durante alguns meses e a população local paga impostos mais caros para pagar o investimento, o serviço da dívida e a manutenção de uma coisa que não serve de nada. No concelho vizinho outro autarca investe na criação de uma indústria e de postos de trabalho e todos os meses a autarquia exporta milhões com a nova infra-estrutura.

Este é o exemplo simples de investir dinheiros públicos para perder dinheiro e futuro e o investimento para o desenvolvimento sustentado.

O modelo actual do desporto português não sabe duas coisas:
  1. O que é o Estado Social no desporto;
  2. O que é fazer investimentos públicos que beneficiem o Estado Social no desporto.
O desporto não está preparado para os tempos muito difíceis que aí vêm e que vão ser muito violentos como assegura a consultora do FMI Estela Barbot.

Sem comentários: