quinta-feira, 7 de abril de 2011

Descer às estatísticas do desporto para o Governo de maioria

Como convencer o Governo de maioria que o desporto tem de ter uma política desportiva diferente do passado, porque os resultados actuais são vergonhosos ao nível da Europa?

Vejamos alguns números segundo as Contas Nacionais de 2007, do INE:
  1. Consumo empresas: 347 milhões de euros;
  2. Consumo das famílias: 727 milhões de euros;
  3. Gastos do Estado (Governo): 77 milhões de euros;
  4. Consumo do associativismo: 366 milhões de euros;
  5. Total: 1517 milhões de euros.

A receita líquida de impostos por parte do Estado foi em 2007 de 114 milhões de euros.


A produção desportiva apresenta números como os seguintes:
  1. Praticantes desportivos informais segundo o Eurostat, em 2008, 45% da população;
  2. Praticantes de desporto escolar cerca de 150.000 jovens, menos de 10 por cento da;
  3. População jovem um valor aproximado a 1.800.000 jovens.
Vamos supor que o Governo de maioria decidia dar actividades a 70% dos jovens portugueses como faz o Governo da Catalunha.

Vamos supor que o Governo de maioria considere uma obrigação nacional inquestionável dar aos jovens portugueses, principalmente em tempo de crise profunda, aquilo que os jovens da Catalunha já têm, ou seja, mais de 70% praticam desporto na escola, clubes, autarquias e empresas.

A prática desportiva em Portugal para 70% de 1,8 milhões de jovens são 1,3 milhões de jovens

Com esta política desportiva vamos supor que o Governo de maioria constata no fim do ano que a prática desportiva nacional aumentou 1 milhão de praticantes.

A prática da população nesse caso passa de 45% da população para 55% da população.

Considerando as outras variáveis económicas iguais, as indicadas em primeiro lugar, então o valor nas contas nacionais do produto desportivo passa de 1,5 mil milhões de euros para 1,8 mil milhões de euros.

Aplicando a mesma taxa de relação entre os impostos líquidos de 8% ao valor do produto de 1,8 mil milhões então os impostos líquidos aumentariam de 114 milhões de euros para 140 milhões de euros.

Este aumento de impostos seria possível porque não são só os jovens a praticar desporto, haveria um impacto no produto desportivo das famílias e haveria um um aumento da despesa dos técnicos, orientadores e voluntários envolvidos pelo projecto do desportivo do Governo de maioria.

É evidente que o Estado teria de aumentar as subvenções às organizações que trabalham com os jovens ao nível dos bairros e a questão é que mesmo subsidiando iria ter um lucro mais do que proporcional.

Assim dizem os livros e a experiência de professores e técnicos, médicos e investigadores.

Estas contas são demasiado simples e exigem cálculos adicionais.

A melhor política desportiva seria aproveitar o princípio que se de facto cada euro investido gera dois euros então o aproveitamento deste princípio ajusta-se perfeitamente ao período de crise que Portugal vive.


Nesse caso o novo líder do desporto tem de convencer o Governo de maioria de que:
  1. O desporto faz parte da solução e não é um problema face às múltiplas crises nacionais;
  2. O desporto dá lucro directo ao Estado gerando mais receita fiscal do que a despesa pública em desporto;
  3. Pode sempre ir dizendo ao Governo de maioria que os impactos indirectos serão substanciais e que se observarão a prazo na educação e na saúde para não ir mais longe.

Há muitos mais números aliciantes a trabalhar sistematicamente em Portugal e na Europa que abrirão portas ao novo desporto português.

O trabalho inicial será maior porque o desporto português não está habituado a fazê-lo, não quer ouvir falar de estudos e análises e 'odeia' quem o faz.


O texto da Catalunha foi cedido pelo Bruno Rosa e chama-se 'Etudi dels hàbits esportius de la població en edat escolar: A la Ciutat de Barcelona", Maio 2007, Ajuntament de Barcelona. Existe um link: www.bcn.cat/esports

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