terça-feira, 5 de abril de 2011

O lucro do desporto para o país

A obstinação de não chamar o fundo de equilíbrio financeiro da União Europeia é equivalente à forma como a política desportiva foi prosseguida nas legislaturas passadas.

A formalização do apoio internacional que grandes economistas nacionais indicam para a profunda crise nacional poupariam milhares de milhões de euros, como calcularam João Duque e Trigo Pereira do ISEG.

Este cálculo demonstra que os setenta ou oitenta milhões de orçamento anual que o desporto recebe são irrisórios. O mesmo se colocaria para por exemplo para 120 milhões de euros para financiamento das actividades desportivas de base direccionadas para os jovens e os carenciados das repercussões destas crises.

Definitivamente o desporto nacional não contribuiu para a crise e certamente sofreu as mais graves consequências das crises nacionais.

Quando o país andou nas nuvens o desporto esteve abaixo desses voos e quando o país vai ao fundo, o mergulho do desporto é ainda mais fundo e mais prolongado.

Há quem ganhe com a situação como quem constrói estádios, infra-estruturas e centros de alto rendimento, por exemplo.

Porém, o produto de desporto visa garantir o bem-estar da população e em Portugal este máximo está mitigado.


O valor do envolvimento público no desporto contrasta fortemente com os impactos do sector positivos e potenciadores de poupanças de centenas de milhões de euros directa e indirectamente noutros sectores como na saúde para além de benefícios intangíveis para a qualidade de vida da população.

Os cortes que o desporto nacional sofre por parte da política desportiva sacrificam os dedos e poupam os anéis.

Definitivamente falta ao desporto um líder capaz de afirmar que a realidade do desporto é distinta dos outros sectores porque tem produtos e impactos diferenciados.

Tenha-se a certeza que o país perceberia que o desporto é diferente caso a imagem que o desporto dá de si e o discurso de convencimento social fosse distinto do actual silêncio e confusão de princípios e objectivos como quando alguns dirigentes falam dos seus problemas dimensionando-os à escala nacional.


Actualmente a estrutura de produção do desporto está a ser distorcida e está a ser estiolada e torna-se insustentável para o Estado suportar o sector na produção de alto rendimento no modelo que cristalizou ao longo dos últimos vinte anos.

O modelo de produção de desporto nacional não consegue alavancar os sectores que estão a montante e libertar os sectores a jusante relacionados com o marketing, publicidade e comunicação social.

A montante é difícil compreender o actual impacto do desporto devido a limitações da produção de estatísticas do desporto.


Como curiosidade deve dizer-se que o Estado tem no desporto um sector que produz lucro.

A administração central tem uma despesa de cerca de 70 milhões de euros e o valor dos impostos provenientes do desporto somam cerca de 180 milhões de euros.

As finanças ao aumentarem o IVA sabem o que recebem e o rendimento líquido de mais de 100 milhões de euros por ano.

Cortar na despesa pública do desporto é um erro pelos princípios que são falseados de criação de bem-estar para a população portuguesa através do desporto e é um contra-senso do ponto de vista económico pelos benefícios líquidos que o desporto português já gera e pelo potencial que o Estado tem sido reiteradamente incapaz de colocar no mercado do desporto.

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