quarta-feira, 6 de abril de 2011

O cluster da cultura e do desporto

A imagem do desporto é péssima e isso observa-se na crispação que se observa em agentes culturais quando falam de desporto subentendendo o exemplo do futebol.
O que não quer dizer que agentes culturais se furtem aos aspectos mais característicos do futebol, em versão cor-de-rosa ou de ‘soap-opera’ como o realizador José Pedro Vasconcelos.
Economicamente a cultura e o desporto são bens de características de mérito e públicas, produzem resultados semelhantes como os co-produtos e as externalidades, sendo praticados pelos jovens e ao longo da vida de toda a população. No extremo oposto ambos atingem níveis de excelência globais como Portugal demonstrou saber fazer.
Contudo, na cultura não existem federações porque não há direitos de propriedade embora os agrupamentos culturais beneficiem de áreas de influência de monopólio como qualquer clube desportivo.
Há vantagens na criação de um cluster direccionado simultaneamente para os consumos culturais e desportivos de toda a população, assim como, para a identificação da excelência que promove globalmente e galvaniza o país.

Dizem os economistas europeus e investigadores da área da saúde de todo o mundo que um euro investido no desporto pelo Governo e por cada um de nós gera dois euros em benefícios directos e indirectos.
No caso das Finanças em Portugal estas recebem pelo menos 224 milhões de euros de impostos com a actividade desportiva e financiam através da administração central o desporto em cerca de 80 milhões.
Os benefícios do Estado são ainda maiores porque o corte nas despesas de saúde pela prática desportiva, a recuperação mais rápida na doença, o menor número de mortes prematuras, o menor número de ausências ao trabalho por doença, a maior produtividade no trabalho são centenas de milhões de euros adicionais e não contabilizados.

Há espaço para o maior investimento público em desporto, nomeadamente na sua base, que gerará impostos adicionais provenientes da nova actividade das famílias e do envolvimento das empresas.

Ao contrário do desporto a cultura desenvolveu vários instrumentos que lhe permitiram criar um ministério e conceber programas de desenvolvimento.

A situação de crise do país abre a oportunidade a soluções inovadoras que podem ser benéficas a ambos os sectores.
Muitos clubes têm actividades culturais e desportivas e os eventos desportivos são acompanhados por actividades da cultura.
Estes dois exemplos são a amostra de benefícios comuns que nunca foram explorados.

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