sábado, 4 de junho de 2011

O Governo de maioria como um produtor de conteúdos de política desportiva

O Governo de maioria tem de ser um produtor de conteúdos de política desportiva junto dos 'opinion makers' do desporto fazendo prevalecer princípios de democracia e competitividade.

Haverá alguém que vai dizer de imediato mas 'isso é o que sempre fizemos'. O que eu digo é que o Governo de maioria não pode queimar articulistas junto das direcções da comunicação social, e por outro lado deve aprender a ler que, se o articulista opta por indicar limitações no conteúdo produzido pelo Governo, então talvez valha a pena analisar melhor as suas medidas de política antes de matar o mensageiro, como tantas vezes se faz, e deixar o desporto com uma eventual má lei para resolver tarde e com piores consequências do que se tivesse actuado aberta e competitivamente.

Agentes como os 'opinion makers' dos jornais, rádios e televisões, e agora nos blogues, necessitam de conteúdos para as suas crónicas e para poderem interpretar com clareza qual o sentido do desenvolvimento desportivo nacional e dos elementos que são úteis e merecem ser promovidos e aqueles elementos que podendo estar desfocados ou errados merecem que a sociedade os interprete na sua real natureza certa ou errada. É justo reconhecer que também os 'opinion makers' também se enganam e são despropositados e que este é um motivo adicional para uma atitude racional e competitiva por parte do Governo de maioria envolvendo-se mais com elementos que por definição não controla nem o deveria fazer ou querer fazer.

Tendo o Governo de maioria um objectivo a cumprir, nomeadamente o relacionado com os objectivos da troika, convém que o conjunto de elementos capazes de falar sobre o desporto o façam com a melhor informação e principalmente as matérias que convenha mais ao desporto encontrar soluções que o beneficiem. Os 'opinion makers' são os elementos de maior sucesso mediático e por esse sucesso são pagos pelos leitores e telespectadores para apresentarem as suas opiniões sobre muitas coisas e as questões da política desportiva devem ser colocadas a estes agentes populares para convencerem a população e os agentes económicos e sociais do trabalho que se faz na administração pública em prol do desenvolvimento desportivo. Os empresários da comunicação social podem promover elementos mas estão atentos à consideração dos leitores e sao abertos a que se exerça certa competitividade entre os aticulistas para promover os mais capazes. Hoje o mercado da opinião livre é maior do que no passado e isso beneficia a população portuguesa e as suas organizações.

Falar de Sidónio Serpa, José Manuel Meirim, Carlos Cardoso, Jenny Candeias, Freitas Lobo, João Querido Manha e os directores dos jornais e das secções de desporto são apenas parte do universo dos 'opinion makers' com presença regular nos consumidores de informação social sem falar nos que têm acesso às televisões e, por exemplo, não existiu da sua parte uma posição unânime e pressionante sobre o desenvolvimento sustentado do desporto escolar.

Particularmente é responsabilidade de um Governo de Portugal definir com clareza qual o nível de prática desportiva para o desporto escolar. Em concreto qual a percentagem que o governo vai criar de participação desportiva escolar em 2011, 2012 e todos os anos até 2030.

Esta questão tão pequena e fulcral que se relaciona com o bem-estar dos nossos filhos e dos filhos dos nossos filhos é assunto tabu, na forma como não é sistematizada socialmente porque segundo dizem os jogos sociais geridos pela Santa Casa da Misericórdia não geram o dinheiro necessário ao desporto escolar e, além disso, a austeridade acordada com a troika impede que o Governo português gaste dinheiro público em desporto para 70% dos jovens portugueses. Antes da troika os motivos eram diferentes e de igual resultado para o não fomento e empenhamento social na produção de desporto para os mais novos.

Outra responsabilidade do Estado e do Governo de maioria é o de fomentar junto do associativismo desportivo e dos empresários de desporto a sua expressão nos órgãos de comunicação e na blogosfera para diversificar as suas opiniões fugindo à possibilidade de captura do Estado pelos líderes privados de maior afirmação social.

Criar e trabalhar uma sociedade democrática e competitiva é um objectivo nem sempre conseguido e no caso de um pequeno sector como o desporto com 'stakeholders' tão grandes como o futebol, o atletismo, o Benfica e o Porto e níveis de literacia desportiva frágeis a actuação junto da comunicação social no sentido da democracia e da competitividade pode ser um primeiro passo para uma legislatura de sucesso desportivo.

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