quarta-feira, 15 de junho de 2011

A liderança no desporto: falam José Constantino e António Barreto

Hoje estive com um ex-colega que não falava há muitos anos mas sempre nos fomos acompanhando.

O fundo da conversa foram os desafios das federações em geral e da sua em particular no respeitante à produção desportiva de base.

Avançámos várias ideias nem sempre coincidentes e permitiu ver que de parte a parte havia argumentos fortes e possibilidades de desenvolvimentos.

Entretanto José Constantino no Colectividade Desportiva, aqui, fala do voluntarismo e António Barreto numa entrevista no jornal i, aqui, fala do direito das pessoas poderem trabalhar até mais tarde sem serem obrigadas a sair.

Creio que o âmbito da nota do primeiro são os cargos de liderança e os do segundo aquelas actividades em que o limite de idade é uma imposição legal, não se referindo necessariamente aos lugares de chefia.

Aceitando a argumentação de António Barreto em relação ao diferimento do limite de idade de acordo com condições do próprio individuo e das necessidades do seu trabalho é importante discutir as questões relacionadas com a liderança das organizações desportivas onde se eternizam líderes conhecidos.

Vicente Moura e Gilberto Madail creio que são líderes que se enquadram numa questão da liderança desportiva que deveria ser debatida publicamente.

Há vários casos que apontam para a sua saída e que se nõ houver um debate público tenderão a querer permanecer mais tempo.

As questões que apontam a sua saída são:
  1. foi durante a sua liderança que aconteceram alguns fracassos quer olímpicos quer do futebol
  2. particularmente, houve a falha de uma eleição internacional no caso do futebol, prejudicando gravemente a modalidade
  3. nenhum publica os benefícios materiais e financeiros que recebe pelo desempenho dos cargos que são também pagos por dinheiros públicos
  4. face a problemas havidos nenhum realizou uma auditoria externa e credível ao acontecido
  5. nenhum realizou um programa de desenvolvimento sustentado de longo prazo
  6. nenhum projectou a sua acção sobre o desporto nacional sendo certo que qualquer uma das actividades tem impactos decisivos e nem sempre positivos sobre o desporto nacional
Estes pontos sugerem que a sua saída permitiria a subida de dirigentes mais jovens como acontece no governo do país e também se observa noutras organizações desportivas europeias ao nível nacional.

Uma das lacunas da liderança nacional é a existência de líderes que se eternizam impedindo o acesso de líderes mais jovens, mesmo que venham a cometer erros.

Os velhos líderes do desporto português, quanto ao modo como  actuam e não quanto à idade têm um custo elevado para o desporto português.

Os velhos líderes são inquestionáveis pela distância que criam com a realidade e através do consumo de recursos públicos para sustentar necessidades distintas das necessidades dos atletas que competem e das organizações que produzem o desporto.

O que Gilberto Madail e Vicente Moura deveriam fazer era organizar eleições democráticas e competitivas garantindo o confronto transparente e a independência dos candidatos perante as direcções cessantes ou outras forças, ao mesmo tempo que assegurariam a definição clara do que é melhor para os respectivos sectores.

Mas esta perspectiva parece ser uma contradição nos termos.


Nesta altura o PSD e o PP tem o desafio de colocarem à frente do desporto alguém de dentro do sector capaz de uma dedicação extrema podendo rentabilizar não só o interesse dos partidos como o do desporto.

Outra solução mais usual é o descrédito sobre o sector e nos seus líderes e usar um quadro político partidário o que gera limitações óbvias a observar no último lugar que o desporto português ocupa genericamente na Europa.

Há pessoas no desporto, poucas mas há capazes de fazer um lugar politicamente coerente e potenciador do bem comum nacional através do desporto.

Também há pessoas que são um susto e isto aplica-se a qualquer um.


Terminarei dizendo que há necessidade de uma transformação geracional no desporto português e tudo vai depender do que o PSD e o PP conseguir decidir de bom para o desporto nas próximas horas.

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