quarta-feira, 22 de junho de 2011

As consequências da legislatura anterior são imensas

Ontem Laurentino Dias terá dito na sua simpática despedida aos funcionários do Instituto do Desporto de Portugal que alguns erros tinham sido cometidos.

A questão é mais complexa do que a existência de meros erros.

Com Laurentino Dias dizia-se que os líderes desportivos estavam condicionados e face às suas medidas de política desportiva preferiam ter um perfil concordante com a tutela governamental.

A incapacidade de Joaquim Evangelista e Gilberto Madail em equacionarem medidas de política desportiva para tornarem eficiente a contratação dos jogadores nacionais de futebol no mercado de trabalho profissional sugere a existência de um condicionamento dos líderes desportivos atingindo um extremo de gravidade sem precedentes no desporto português.

Afinal o mercado do futebol profissional cuja cerimónia ambos apresentavam não é tutelarmente público mas é em todo o mundo e em particular um mercado privado onde se produz com risco e enriquece e se vai à falência trata-se de uma forma de falência o apelo que ambos fizeram à contratação de jogadores nascidos em Portugal.

Sendo JE um jurista esperar-se-ia um discurso mais sustentado tecnicamente para além do mero apelo à contratação que é pouco mais do que inócuo para um mercado que se rege por regras de deve e haver muito claras e determinantes.

Em termos gerais o que se observa é a incapacidade dos líderes desportivos em equacionar quer o produto desportivo numa perspectiva estruturada de desenvolvimento sustentado, quer o equacionar de princípios de actuação de toda a área das ciências sociais da sociologia, à gestão e ao marketing até à economia que sustente um mercado desportivo dinâmico no competitivo continente europeu.

Aos sucessos dos treinadores nacionais e estrangeiros com praticantes e equipas portugueses falta-lhes o conforto das condições e dos factores que os protejam do improviso, da escassez e da insegurança dos projectos bem alavancados segundo as éxigentes  necessidades da produção desportiva moderna.

A dificuldade de equacionar em 22 de Junho de 2011 medidas urgentes de política para promoção do jogador português de futebol deve ser vista como uma limitação extrema de esclarecer o governo seguinte de problemas que subsistem no mercado do futebol e simultaneamente sustentarem as medidas de política que lhes parecem conformes ao interesse da modalidade, dos jogadores e das suas organizações.

Como tentativamente tenho chamado a atenção em inúmeros postes, afinal a dificuldade dos líderes desportivos estará menos no 'domínio' do Governo de José Sócrates e de Laurentino Dias mas na sua própria limitação para projectarem o seu futuro na difícil conjuntura de austeridade que ainda nem começou e de acordo com princípios científicos e técnicos em que se movem todos os seus concorrentes europeus.

A afirmação de Tomás Morais de que o Rugby não tem capacidade nem meios de aceitação de convites é uma auto-restrição que se adivinhava e que se junta à dificuldade de equacionar soluções distintas das prosseguidas no passado.

A presente legislatura tem um desafio igualmente imenso de descondicionar do Estado omnipresente o comportamento dos agentes privados, associativismo e empresas, dando-lhes a provar o virus da iniciativa privada e do risco para a realização de objectivos sociais amplos visando a média europeia e da sua própria sobrevivência desportiva e social.

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