domingo, 12 de junho de 2011

O desporto tem dez dias depois da posse

Aqui, segundo o Jornal i 'As bases programáticas saídas das negociações (entre o PSD e o PP) não vão constituir um programa de governo encerrado uma vez que cada ministro terá uma palavra a dizer nas questões mais operacionais. O programa terá de ser entregue até dez dias após a tomada de posse para depois ser discutido no Parlamento mas entre os dois partidos há o consenso de encurtar os prazos.'

Está o desporto pronto e apto a ter uma discussão urgente com o novo ministro do desporto, caso este tenha essa necessidade, sobre o fundamental para o sector para nos próximos anos fazer frente à austeridade e lançar as bases da conquista das metas europeias?

Caso exista esta oportunidade, quem negoceia com o governo?

Todos os presidentes das federações?

Só alguns?

Gilberto Madail, Vicente Moura, Fernando Mota, ...?

O Conselho Nacional do Desporto?

Os tempos que aí vêem vão ser certamente estimulantes do ponto de vista da feitura da política e muito mais pressionantes do que foram há seis anos os da maioria PS.

Parece que o Governo vai ter de avançar sózinho, mesmo que estabeleça um mínimo de contactos em sigilo. As razões para avançar sózinho serão:
  1. o desporto não está preparado programaticamente para equacionar alternativamente austeridade e reforma estrutural
  2. o desporto não tem um líder num cargo de topo direccionado para o futuro
  3. o desporto não tem uma organização líder COP/CDP que represente o interesse comum dos produtores nacionais de desporto
  4. o desporto não tem nem reconhece em ninguém uma equipa de técnicos, cientistas e investigadores que lhe preparem em muito pouco tempo as alternativas fundamentais do seu futuro
  5. se o ministro do desporto disser hoje ao desporto que necessita de uma resposta face aos aspectos operacionais colocados pelo governo, a resposta do desporto será fragilmente sustentada
  6. o desporto está nas nuvens e não fez nada desde início da crise e na entrevista que deu o responsável pelo COP continuou a falar dos Jogos Olímpicos em Lisboa como motivo para a estruturação do sector
  7. os principais líderes do desporto estão de saída por antiguidade e é no mínimo complicado comprometer o desporto com quem está de saída ou com quem perdeu recentemente eleições internacionais que esperava ganhar para continuar
  8. a reestruturação orgânica e novas eleições, com líderes respeitados, dar-se-ão apenas dentro de muitos meses e vai ter de fazer parte das negociações do futuro
Mais uma vez o desporto parece continuar a não estar preparado para defrontar as necessidades do futuro qualquer que seja a forma que ele tome, sejam as necessidades do país que o governo vai assumir seja a sobrevivência de inúmeros sectores do desporto que vão sofrer imenso, como nunca viram, à medida que se efectivar o caderno de responsabilidades da troika.

O desporto necessita de um líder público enormemente comprometido com o desporto para além de uma dimensão intrinsecamente nacional.

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