sábado, 11 de junho de 2011

Com critérios mais apertados fechavam metade dos cursos

Alberto Amaral, presidente da Agência de Avaliação do Ensino Superior tem no Expresso de 3 de Junho, página 28 do caderno principal, uma frase que diz 'É o que chamo a síndroma dos galinheiros. Quando se fez o primeiro aviário e se viu que dava dinheiro, toda a gente se pôs a fazer o mesmo. Depois foram as minhocas para estrume e os kiwis. No ensino superior aconteceu o mesmo'.


No desporto também, digo eu.

Só que houve um efeito que nos outros sectores é possível funcionar um mercado de concorrência esgotando rapidamente o lucro do mercado.

No desporto a formação do primeiro monopólio esgotou condições para outros empresários se instalarem o que a inacção do Estado permitiu ao monopolista instalado garantir as suas rendas. Há vários exemplos e apenas deixarei o exemplo dos eventos do ténis. Acontece no desporto que o Estado também foi um promotor desses monopólios entrando em concorrência com os agentes privados ao nível da produção local cujo exemplo paradigmático é o INATEL que sendo uma instituição da administração central oferece retalho na restauração, hotelaria, desporto e cultura.

Onde está a falha do mercado no caso do desporto? A regulação do Estado é fundamental para permitir dois objectivos principais: a eficiência e competitividade e a equidade e democracia. Sem a regulação eficiente economicamente do Estado há rendas que são capturadas e externalizadas liquidando a internalização da produção desportiva de base.

A Agência de Avaliação do Ensino Superior é uma instituição pública que avalia as condições de produção e de competitividade do mercado do ensino superior e corrige as falhas do mercado impedindo que a oferta excessiva consuma as margens de lucro e torne improvável a qualidade do ensino.

No desporto não existe uma instituição e um saber administrativo, científico e técnico capaz de fazer o que a actuação presidida por Alberto Amaral faz que é em primeiro lugar ter um registo rigoroso do que se passa no mercado e caracterise esse produto segundo factores positivos e negativos e passando a uma fase decisiva de forçar a correcção dos factores negativos e valorização dos positivos.

Portanto, só tendo líderes superiores e capazes de passar políticas desportivas coerentes é definitivo para o sucesso do desporto português conseguindo acertar gradualmente os critérios para levar as federações a corrigirem a sua actuação.

Há líderes das federações que têm sido incapazes de acompanhar algum movimento de correcção que o Estado procura fazer no seu comportamento, assim como, existem líderes que são verdadeiros senhores na antecipação das transformações do sistema desportivo e no diálogo com aqueles que com eles tratam.

A bola para que tudo ande melhor no desporto continuará a estar do lado do Estado.

Sem comentários: