terça-feira, 26 de julho de 2011

Ter uma Visão do futuro olímpico de Portugal

O povo português como todos os povos europeus e de todo o mundo aspira a que os seus jovens se batam nos Jogos Olímpicos para conquistar medalhas e classificar-se entre os melhores.

O orgulho por todos os que conseguiram o ouro, a prata e o bronze olímpico não é menor para aqueles que com ele sonharam, lutaram, deram contributos imensos das suas vidas jovens e alcançaram um máximo inferior ao óptimo que é alcançar um dos três primeiros lugares.

Idealmente o próximo líder olímpico deveria ser alguém que assumisse o futuro e o exemplo de todos os atletas que dão as suas vidas pelo ideal olímpico de todos os portugueses.

A diferença em relação à Europa é que Portugal não consegue conquistar a mesma proporção de riqueza olímpica que outros países conseguiram e conseguem.

Na Europa, Portugal é o último entre os países com a sua dimensão.

O desenvolvimento do desporto português tem sido significativo e isso deve-se ao esforço de todos os que em todos os segmentos desportivos deram o seu máximo e esses passos não devem ser esquecidos.

As federações são organizações que estabelecem metas estratégicas e os clubes os locais de produção do produto desportivo e olímpico.

Fruto do imenso capital investido no desporto português foi possível às federações e outras organizações desportivas criarem sedes, museus e corpos de líderes, técnicos, praticantes e adeptos cuja acumulação de capital humano e social não tem igual no passado desportivo e olímpico português.

Portugal tem estado a investir imenso capital financeiro e os resultados por vezes ganham uma visibilidade grande e outras vezes não são totalmente compreensíveis.

Os resultados do alto rendimento, principalmente no desporto profissional do futebol, tem uma visibilidade grande enquanto as causas desse sucesso necessita de uma maior análise e compreensão.

Olhar apenas para as sedes, os museus e as candidaturas a megaeventos é um discurso desajustado no tempo e nos princípios.

Fazer o mesmo discurso à volta da sede, do mudeu, da viagem com todos os atletas, do contrato em que não se fala das medalhas a conquistar é a marca das legislaturas que passaram.

As medidas de austeridade da troika que o governo se comprometeu a cumprir exige que um produto desportivo como as medalhas não seja escondido por líderes e lideranças frágeis que não ousam falar das medalhas e mobilizar os patrocinadores privados a envolverem-se no sonho olímpico e repartirem com o Estado o ónus do investimento para alcançar o produto de excelência olímpica.

Os futuros líderes desportivos devem ser líderes fortes não temendo assumir as suas responsabilidades, o risco de terem de explicar porque não foi ganha a medalha e terem uma posição ética e de governance inequívoca de nível europeu.

A outra atitude frágil e medrosa é não falar das medalhas a que Portugal se candidata. Desportivamente é inqualificável, económicamente é um prejuízo de quem vive do erário público.

Contratualizar em documentos ou actos públicos que ninguém vai falar das medalhas porque se pode perder é um logro que órgãos como o Tribunal de Contas e o Ministério das Finanças não deveriam aceitar.

Esta é uma péssima imagem que o desporto dá de si para a sociedade e para os próprios atletas e que naturalmente não se poderá esperar com estes propósitos mobilizar e galvanizar a sociedade a companhar o sonho olímpico.

Vai Portugal continuar a assumir o temor anterior e o custo do projecto olímpico exclusivamente para os entes públicos, como está escrito em inúmeras entrevistas nos jornais nacionais?

Quando é que Portugal vai ouvir, de líderes de corpo inteiro, cabeça levantada e olhar frontal, qual o número de medalhas a que o país se candidata em Londres 2012?

3 comentários:

João Almeida disse...

Caro Fernando Tenreiro

A memória é muito curta.
Os episódios que se passaram após Pequim, nomeadamente as declarações dos responsáveis do COP e de dirigentes políticos, culminando no relatório de avaliação dos jogos e na reeleição de Vicente de Moura constituem um optimo retrato da gorvernação desportiva deste triste país.

O desporto, como poucas áreas, tem na sua matriz genética o record, a medida, o resultado, ou seja, definir e atingir objectivos.

Isto aplica-se a todos os agentes desportivos, com excepção dos dirigentes.

Abraço

JPA

Fernando Tenreiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando Tenreiro disse...

Dizendo melhor do que anteriormente,
Esta sua afirmação João Almeida, é correcta e pertinente

"O desporto, como poucas áreas, tem na sua matriz genética o record, a medida, o resultado, ou seja, definir e atingir objectivos."

Não me importava de a ter escrito.

um abraço