quinta-feira, 28 de julho de 2011

Em 'off' Vicente Moura terá mostrado o seu contentamento com a nomeação de Alexandre Mestre

Primeiro - Confirma-se a falta de projecto olímpico e de futuro para o desporto nacional

Nas últimas entrevistas a um ano dos Jogos Olímpicos Vicente Moura repetiu várias afirmações que já tinha feito anteriormente:
  1. foi empurrado para sair
  2. ficou porque quis
  3. os atletas devem prestar muita atenção com o que dizem
  4. não fala de medalhas
  5. acordou com o Secretário de Estado do Desporto, à altura, não falar de medalhas
  6. assinou um contrato-programa com o Estado apenas para o projecto olímpico ate 2012
    1. para receber cerca de 14 milhões de euros
    2. não definindo objectivos concretos mas propositadamente vagos
  7. os pagamentos estão a ser realizados atempadamente
  8. chegou ao fim e vai dar lugar a outros líderes mais jovens
Como conclusão surgem duas constatações:
  1. Vicente Moura está cansado porque repete as mesmas ideias há alguns meses a esta parte e já não esconde sequer que não olha para o futuro
  2. Já em 2008 Vicente Moura não tinha um projecto de futuro que não fosse o prolongamento da sua estadia no COP, para contradizer 'todos os que o empurravam'
Eu tenho respeito por Vicente Moura e pela via que conseguiu trilhar para acumular um capital de reputação do COP que antes era desconhecido face à dimensão entretanto alcançada.

A imagem exterior deste feito foram as vitórias dos grandes atletas portugueses em Jogos Olímpicos, foi a sede e todo o imobiliário construído e adquirido pelas federações e os momentos de euforia desportiva nacional que se cruzaram com o Euro 2004.

Outros dirigentes desportivos também tiveram percursos semelhantes e tenho por eles igual respeito variando claro está por motivos que não importa aqui acrescentar.

Não me custa reconhecer o mérito de pessoas que tenho criticado claramente ou de tantos outros com quem me cruzo nos blogues de forma mais forte.

Isto é para dizer que o respeito pela pessoa e pelo trabalho demonstrado existem e existe o sentido da crítica feita sobre o que vai acontecendo e que esta última parte é decisiva para conseguir distinguir o que faço daqueles que o não conseguem ou não querem fazer.


Segundo - todos contentes com Alexandre Mestre

Só a frontalidade perante os acontecimentos é que permite passar ao nível seguinte dada a gravidade do que se passa no desporto português.

O COP terá um presidente novo dentro de 12 a 18 meses.

O Governo que está em funções há mais de um mês irá trabalhar com as federações parcelarmente em mais de 25% do seu mandato, o que significa que terá de manter o diálogo fragmentado até ao fim.

Dado que o presidente do COP não fala do futuro, que não seja não falar de medalhas em 2012, o Governo não vai ter um interlocutor que represente o sistema desportivo.

Vai reunir com o Futebol e o Atletismo e todas as outras federações, uma à vez.

Certamente que todas vão ficar contentes com a nomeação de Alexandre Mestre mesmo que não tenham ideias para apresentar publicamente sobre o futuro do desporto português e das suas modalidades.


Terceiro - há um futuro?

Vamos supor que o óptimo de governance da política desportiva é ter um interlocutor único para a estratégia do desporto nacional.
Há duas formas de preencher o tempo até ter um líder do desporto português:
  1. trabalhar para conseguir os pagamentos atempados acordados para o COP fintando a austeridade
  2. trabalhar para o futuro com a austeridade
Vicente Moura está dentro da primeira hipótese e deveria ser dado a entender a outros líderes do desporto que o seu tempo já chegou ao fim há muitos anos e que não deveriam impedir por mais tempo que novos líderes assumam os destinos do desporto português.

Perder mais um ano num momento de crise profunda e múltipla, incluindo a austeridade, só para pessoas que já estão noutra.

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