terça-feira, 19 de julho de 2011

Os desafios continuam a ser grandes pela sua complexidade

As consequências do Euro2004 são importantes e deveriam ter sido analisadas criteriosamente no pós-evento.

O União de Leiria quer ir para a Marinha Grande para sobreviver à estratégia de política desportiva que a Federação Portuguesa de Futebol, a Câmara Municipal de Leiria e o Estado português definiram para os estádios do Euro 2004 e que se tem agravado sem viabilidade à vista por parte de qualquer uma destas organizações.

O facto do Leiria já não vir para Lisboa, como chegou a ser sugerido para o Belenenses em particular, levanta agora um problema com os pequenos clubes da Marinha Grande que têm de arcar com a concorrência do Leiria.

As duas soluções possíveis são:

  1. O Leiria não sair de Leiria e ser encontrada uma solução que não inclua a externalização de capital financeiro do clube para resolver o buraco criado pela decisão de investimento do Estado português, da Federação Portuguesa de Futebol e da Câmara Municipal de Leiria para além do fracasso da gestão desta última.
  2. O Leiria ressarcir financeiramente os pequenos clubes da Marinha Grande da perda de audiências e de praticantes para além da renda que irá pagar pelo uso de múltiplas instalações que usará na sua estadia desportiva na Marinha Grande.
Outro problema que se coloca é a Liga de Clubes accionar o Leiria podendo excluí-lo do campeonato em que estiver, porque se alteram as condições de competitividade e o campeonato da I Liga passar a ser feito noutro estádio que não o Magalhães Pessoa. Eventualmente a ZON, creio que é o actual patrocinador, pode accionar alguma clausula de salvaguarda dos seus direitos que são afectados pelo desenrolar do campeonato num estádio em condições inferiores às do acordado no contrato.

Uma questão que a Liga de Clubes deveria observar é se os erros da gestão das infraestruturas desportivas  das autarquias através das empresas municipais é aceitável.

A Liga de Clubes compromete-se perante um patrocinador a oferecer um determinado anfiteatro para os seus espectáculos, os quais são reconhecidamente ou excessivos para o consumo desportivo local e alguns acumulam processos de gestão desportiva ruinosos e que são vectores da falência dos clubes. 

Do ponto de vista das autarquias estas podem dizer que a Liga de Clubes sempre soube o que se passava na gestão municipal dos estádios e que, por isso, uma vez que não existe uma contratação e responsabilização colectiva mas individual, clube a clube, não há a possibilidade da gestão de uma câmara afectar a negociação televisiva e de marketing da Liga de Clubes.

Economicamente as forças vivas de Leiria deveriam pôr um ponto final nesta situação que afecta um dos elementos mais significativos do cabaz de actividades que Leiria tem para competir com as cidades portuguesas e europeias da sua dimensão. Há claramente dois critérios que os leirienses deveriam estar bem atentos para criarem e desenvolverem o seu bem-estar sustentadamente:
  1. os investimentos realizados, como a participação no Euro2004 e a construção do estádio, representam um activo que devem ser protegidos e não destruídos e isso exige uma estratégia por parte da cidade.
  2. antes da sua decisão sobre a estratégia da cidade de Leiria, tanto a Federação de Futebol como a Liga de Clubes devem ser questionadas pelas forças vivas de Leiria para conhecer o que têm as duas organizações a oferecer à cidade e à região do produto de futebol quanto à integração dos campeonatos e à sua competitividade desportiva e económica. 
Se de facto não é relevante para a cidade e a região de Leiria ter um clube na I Liga nem existe interesse desportivo claro o melhor seria deixar cair o clube e não afectar com a indecisão outras regiões onde outros agentes trabalham para maximizar o seu bem-estar incluindo os seus activos desportivos.

Estes elementos contraditórios aqui sugeridos mostram como a solução económica dos estádios dos clubes da I Liga vai para além da relação entre clube e autarquia e que tanto o Estado como a FPF podem ser chamadas para a consensualização de uma solução economicamente sustentável deste problema do futebol profissional.

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