quarta-feira, 27 de julho de 2011

A necessidade de um programa de longo prazo

O desporto como produtor de bens cuja essência é a actividade física e visa o bem-estar de toda a população exige um programa estrutural e de longo prazo, de muito longo prazo.

Há razões que demonstram as consequências nefastas desta falta de programação.

Por tradição os ministros e os secretários de Estado, assim como, os presidentes da república, os primeiros-ministros e a Assembleia da República não falam estruturalmente sobre o desporto.

O discurso sobre desporto enquista-se no futebol profissional amedrontando os líderes públicos desprovidos de uma Visão enformadora das imensas e plurais potencialidades do desporto português.

Exemplo desta desconformidade é o responsável do COP com um discurso que repete sobre o que não fala, sobre as pressões para não falar, sobre as ilegalidades praticadas com o Estado, sobre as perseguições para correr com ele mas que ele os topo a todos, mas não projecta o futuro do que irão ser os futuros jogos olímpicos para Portugal e também critica as federações de que ele se alimenta, como as colectivas.

Noutra dimensão a lacuna da existência de um programa de longo prazo é tratada por opinion makers que questionam a razoabilidade das medalhas ou se o futebol profissional deve ou não receber financiamentos do Estado. No primeiro caso, das medalhas, há diferentes níveis de organização da produção de resultados desportivos e as medalhas constituem um indicador sintético que permitem apurar com exactidão o cumprimento de princípios de ética a que estão ligados os responsáveis das instituições desportivas, assim como, da boa aplicação de dinheiros públicos. No segundo caso, trata-se de uma falsa questão porque o Estado financia organizações privadas quando há falhas de mercado e constatando a existência de falhas é razoável o financiamento independentemente da finalidade da organização ser lucrativa ou não.

A falta do programa acontece a par da ineficiente contratação de estudos e análises, da falta de diálogo e de instituições de apuramento de consensos abertas à sociedade e capazes do nível mais alto de debate sobre políticas desportivas.

Os dois exemplos de opinion makers que indico são de funcionários ou de ex-funcionários com responsabilidades elevadas junto de decisores desportivos, demonstra a fragilidade tradicional da formação da decisão de política desportiva em Portugal. Esta forma de actuação esconde os fundamentos das decisões tomadas, quando não as aprofunda, quando não as discute aberta e tecnicamente e quando não aceita a avaliação das consequências da sua aplicação e do desempenho.

Em consequência os resultados desportivos são menores.

Esta é uma forma de actuação pública que afecta os líderes desportivos privados os quais apenas reivindicam o cumprimento do pagamento das tranches acordadas em contrato-programa num valor de dezenas de milhões de euros, o que não preocupa um Estado que deve milhares de milhões de euros em atrasados a múltiplos sectores económicos.

Libertar o desporto no domínio económico é favorecer o seu debate enriquecendo, através de instrumentos económicos bem solicitados e bem feitos, o debate dos parceiros desportivos.

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