segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Liga de Clubes marca golos na 'Competição fora das quatro linhas'

O estudo da Liga de Clube encomendado à Católica do Porto e à Deloitte, em que participam Rui Moreira, José Couceiro e Ricardo Gonçalves (este último para quem o não sabe, o que penso ser o autor material dos estudos da Deloitte que deixaram de ser publicados na penúltima legislatura) é uma raridade no desporto português por vários motivos e que justifica uma análise cuidada que me levou a lê-lo atentamente no último fim-de-semana.

Provavelmente irei lê-lo mais vezes porque tem questões com as quais concordo, outras nem tanto e que justificam um trabalho adicional de leitura e cruzamento de dados para verificar se essas afirmações se sustentam.

Esta necessidade de releitura apenas acontece com os bons trabalhos e os seus autores e proprietário devem estar particularmente satisfeitos com o trabalho oferecido e o investimento realizado.

Entre os aspectos dignos de nota está por exemplo a proposta de negociação centralizada dos direitos televisivos e dos patrocínios, opção esta que os grandes clubes não aceitam como se observa em muitas palavras do presidente do Benfica.

O estudo faz a proposta avançando argumentos que sugerem os bons exemplos europeus, apelam ao interesse comum e à possibilidade de obter maiores valias agregadas do que as actualmente existentes onde os clubes negoceiam com a sua dimensão individual.

Esta questão é suficientemente relevante e que por si justifica a realização do investimento no estudo.

A Liga não é obrigada a aceitar as conclusões do estudo e as propostas realizadas pela equipa universitária e dos peritos é uma solução que cabe aos clubes analisar, aprofundar a informação se achar que isso se justifica, e tomar a melhor decisão de acordo com o melhor interesse do futebol profissional.

Na verdade o que está em causa é o bem comum do negócio do futebol profissional que muitas vezes no passado tem sido capturado por interesses que preferem não aprofundar e exercitar o bem comum.

O estudo mostra que, por um lado, o futebol português tem uma dimensão invejável entre os médios países da Europa do futebol e, por outro, sugere que estão preenchidos os limites que determinam o potencial deste modelo. A contradição evidente posta com clareza pelo estudo incentiva à actuação de política desportiva.

Deste ponto de vista a Liga de Clubes apresenta-se no princípio de legislatura com uma dinâmica superior que sinceramene esperemos todos que não a perca e se afirme com parcerias amplas e empenhadas para um ciclo legislativo inovador, pacífico e potenciador das valias inatas que o futebol português tem demonstrado ser capaz de produzir, apesar das muitas dificuldades que vai conseguindo ultrapassar.

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