domingo, 31 de julho de 2011

Entre um murro no estômago e ficar com uma branca

Pedro Pestana Bastos, no Cachimbo de Margritte, aqui, está a favor da extinção do IDP.

PPB diz:
"Parece que a JSD está contra a fusão do Instituto da Juventude com a Movijovem e o Instituto do Desporto.

Eu também estou contra.
No estado do país são organismos da administração pública que deveriam ser extintos. O contribuinte agradecia. Ou será que não perceberam que não há dinheiro."

Laurentino Dias e toda a sociedade desportiva que contemporizou com o modelo de muitos anos não se vão reconhecer neste extremo de PPB. Mas toda a nomenclatura que produziu o desporto português nas últimas décadas e ainda ontem esteve no velódromo de Sangalhos a ver a conquista das medalhas pelas estrelas da Europa, pagas com o dinheiro da população local e do dinheiro que deveria ser investido, nesta fase, em alternativas desportivas, não compreende a dimensão do erro que vem acumulando.

Este pensamento de extinguir a agência pública do desporto é o de uma profunda iliteracia desportiva, em primeiro lugar, e de uma iliteracia europeia absoluta sobre os fundamentos greco-latinos da cultura e da civilização que emanou da Europa de há mais de 4 mil anos a esta parte para todo o mundo e cujo desporto é um elemento incontornável.

O poste no Cachimbo de Margritte é a ponta do icebergue dessa incompreensão social que foi formada pela actuação dos líderes desportivos incapazes de acumularem paciente e diligentemente o capital cultural e civilizacional que o desporto fez em toda a Europa e no mundo.

A falência do desporto moderno em Portugal deve-se à possibilidade de várias improbabilidades europeias:
  1. que o desporto é um bem privado e não público
  2. que os impactos do produto público do desporto podem ser obtidos apenas pela produção privada
  3. que os subsídios públicos para o desporto devem privilegiar os mega-eventos, os ralis, a fórmula um, os autódromos, o Paris-Dakar, e outros produtos desportivos que interessam ao turismo ter no seu cabaz de oferta turística nacional, como está expresso no programa do XIX governo constitucional
  4. que não havendo um produto público não há a necessidade de uma agência pública central
  5. que o desporto não é um sector vital, estrutural e central, para a criação do capital humano e social e o crescimento da produtividade da população e da sociedade portuguesa visando a média europeia
A actuação pública cada vez mais baseada em princípios de apropriação das rendas financeiras e do orçamento público do desporto pelos agentes politicamente mais activos tem um sentido de esvasiamento do produto desportivo enquanto capital comum da população portuguesa.

Haverá quem do PS esteja a gozar perdidamente e já a sonhar, com uma vingança fria, sobre a forma de levar ao Parlamento pós-Passos Coelho o documento a anular os actos agora feitos e a obter a maioria da votação parlamentar, incluindo das bancadas do PSD e do CDS.

Dizem os historiadores que a história primeiro acontece como tragédia e depois como comédia.

A história das leis de bases foi certamente a da tragédia, iremos ver que comédia para a história dará futuramente.

Só que o PS não deveria estar a gozar e a rir-se porque o drama do desporto são estas histórias de ineficácia política que se repetem ao longo das décadas e que prejudicam a população portuguesa em milhares de milhões de euros de bem-estar social.

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