segunda-feira, 30 de maio de 2011

O modelo prosseguido vai cobrar um custo muito alto ao desporto

Até parece que o dinheiro que existe é muito como tenho referido nos últimos postes.

A questão da falta de eficiência vem somar-se às condições da sua inexistência no desporto.

O país está a acordar para a necessidade de independentemente do Governo, que vier a ser eleito, haver desde já um Alto-comissário que articule entre todos os ministérios e outras instituições como a Assembleia da República as medidas da troika porque os prazos dados pelos credores são apertados.

Não se sabe publicamente se o Governo demissionário está a tomar estas medidas ou quaisquer outras. O PSD diz que nada lhe está a ser comunicado.

No caso do desporto a questão estará na confiança que o associativismo e as empresas têm no trabalho do Governo.

Se decorrer de acordo com o hábito quando o Governo apresentar as suas soluções o desporto vai aceitá-lo seguramente como aceitou ficar sem o Tribunal Arbitral do Desporto no COP.

Entretanto, podemos desde já considerar que o poder de compra dos portugueses vai cair drasticamente nos próximos dois anos e as organizações desportivas que não exportam bens transaccionáveis nem alteram a produtividade do seu produto desportivo verão o seu poder de venda cair para níveis impróprios para cardíacos.

É provável que a despesa pública em desporto caia ainda mais e as federações deveriam estar a conceber como se deverão defender de uma quebra em cenários alternativos de 5% a 10% ou de 15% a 30%.

Estas soluções deveriam ser concebidas pelo COP e CDP tendo soluções para cortes ligeiros e cortes graves da despesa pública.

Houve federações que tinham pensado parar algumas das suas actividades e agora avançaram de novo com elas. Há, portanto, falta de informação e de concepção de estratégias alternativas. Os erros vão aparecer e com a crise as suas consequências serão ainda piores.

O desporto com outra liderança não deveria esperar pela eleição do governo.

São duas coisas distintas que o desporto não separa e vai pagar pela sua incompetência económica.

Enquanto economista e face a tudo o que se passa a questão é que o desporto não tem um discurso económico e a partir daí não tem um discurso forte para negociar com o governo e a sociedade.

Por exemplo, a questão do Tribunal Arbitral do Desporto tem fundamentos económicos fortes que sustentam a sua colocação num COP/CDP racionalizado, modernizado e funcionando com princípios de eficiência económica e democracia em defesa dos direitos das federações.

Ora o COP é aquilo que Manuel Brito já disse que era o IDP, uma caixa multibanco, onde as federações vão levantar o seu salário.

Este simulacro de organização desportiva de topo não é uma agência reguladora da actividade desportiva produzida por agentes privados e visando maximizar o seu produto desportivo em todas as suas vertentes.

Vendo o relatório da Comissão a que se refere o poste de JMMeirim no Colectividade Desportiva lá estão os 'poderes públicos' os quais não possuem uma substância racionalizadora dos comportamentos dos agentes privados associativos mas que os juristas gostam de referir assiduamente como relevantes para a decisão de produção desportiva das federações. Acontece que o fundamental não são as federações e os poderes que o Estado lhes dá ou deixa de dar. O fundamental é a produção de desporto para a geração de bem-estar para a população o qual tem de ser produzido no mercado privado de desporto. A acção de financiamento do Estado é para aumentar o produto privado para níveis que o mercado, pessoas e patrocinadores, não financia.

O problema dos 'poderes públicos' é que eles transformam uma decisão de produção que se deveria fazer de acordo com incentivos de mercado numa decisão pública que se impõe ao mercado privado. Este princípio de actuação no desporto português subverteu a liberdade e o risco da produção privada, tal como acontece na Europa, para impôr o interesse público que desconhece a produção de desporto e impõe o interesse dos agentes públicos.
As estatísticas são importantes mas de momento existem outros limites graves como a necessidade de uma nova concepção do produto desportivo, a conceptualização da racionalidade da produção, o envolvimento dos agentes técnicos de todo o cariz na transformação do desporto visando um horizonte de longo prazo como fazem os outros países europeus.

Há uma incapacidade por parte dos líderes desportivos e das suas equipas técnicas e direcções de reagirem à crise nos termos em que ela vai atingir o país, o desporto e as suas organizações em particular.


O desporto vai pagar caro todas estas suas limitações.

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