segunda-feira, 23 de maio de 2011

A anorexia de Vanessa Fernandes

'Salvar a mulher ... (com) ... 44.000 euros' é a solução certamente científica do COP.

Esta solução parece estranha porque ela pretende tudo dizer e afinal nada diz.
Este tipo de afirmações é comum no desporto português.

O tecido produtivo do desporto vai-se tornando mais fino e soçobra na primeira oportunidade cada vez que este tipo de afirmações é dito e exercido em termos de política desportiva.

As quebras de financiamento do desporto não são correctas face ao potencial do sector e face ao produto desportivo, humano e social gerado.

É possível que Vanessa Fernandes aceite os 44 mil euros como aceitou regimes de treino que lhe inviabilizaram uma carreira sustentada. Num caso e no outro estará a ser espoliada porque no desporto as instituições que deveriam defender e potenciar o produto e o rendimento dos atletas não o fazem no limite do possível maximizando o rendimento obtido.

Economicamente as transacções do desporto prejudicam os atletas e as instituições produtoras.

Por outro lado, os próprios agentes individuais, como o Benfica por exemplo, impedem que instrumentos que maximizam o produto do futebol na Europa desenvolvida, sejam aplicados em Portugal pela Liga de Clubes.

Outros líderes aceitam a perda do seu poder de monopólio e pelas suas decisões enfraquecem a capacidade de produção das respectivas modalidades.

Albertina Dias e Teresa Machado ainda devem estar à espera que o COP as venham salvar como mães de família, atletas, mães e afinal o pós-carreira é um fraco substituto de uma carreira frágil em domínios vários como a formação escolar e profissional.

Não se trata de meter ninguém na cadeia por incapacidade mas era bom para o desporto que as coisas passassem a ser feitas com maior racionalidade e eficiência económica.

Economicamente o valor produzido pelos agentes desportivos, individuais e colectivos, está sub-avaliado e a remuneração estabelecida pela lei externaliza benefícios para fora do desporto, beneficiando terceiros, podendo remunerar as lideranças com montantes que as deixam satisfeitas mas que impedem o desporto de sair do último lugar europeu.

São as lacunas do direito aplicado ao desporto, como instrumento preferencial de governação, que impedem a maximização do benefício do desporto e a externalização dos frágeis benefícios gerados.

O modelo económico subjacente à estrutura do direito do desporto nacional e das suas leis de bases e seus desenvolvimentos é um modelo ineficiente que prejudica a população portuguesa e as instituições do desporto.

No actual momento de crise nacional o silêncio do desporto na opinião pública vai impedir a formação de consensos visando o desenvolvimento do desporto num processo em que o sector estará em regressão nacional e internacionalmente.

É fácil demonstrá-lo mas vou ficar por aqui.

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