sexta-feira, 20 de maio de 2011

À atenção do Governo de maioria

I



As questões da ética quando afirmadas necessitam de uma prática condicente para serem credíveis.

Falar de ética ou criticar outros e não praticar ou não estar aberto ao escrutínio de terceiros tem um efeito negativo e contraproducente.

Vejamos, por exemplo, o caso do Futebol Clube do Porto que é useiro e vezeiro em falta de fair-play agora quis sujar a Câmara Municipal do Porto com a má criação com que leva os seus adeptos a tratarem os seus rivais e particularmente o Benfica.

Noutro exemplo também não fica bem a um governo destruir o trabalho dos governos que o antecedem com inverdades e textos difíceis de compreender por aqueles que não estão dentro da matéria. Ainda por cima quando a estrutura de pensamento deixada por escrito, quando muito, afecta um membro do Conselho Nacional do Desporto que é a única pessoa que trabalha em determinada matéria no desporto português e desde o trabalho deste investigador houve governos de vários partidos. Atirar mentiras para o ar afecta quem menos se espera.

Em terceiro lugar acrescente-se que a sobriedade das palavras e dos juízos não deve levar a apenas falar em véspera das eleições e quando o que se faz é uma conferência de imprensa e não uma conferência com participação alargada à sociedade e aos investigadores de desporto. Esta actuação fechada é possível na lógica partidária mas deve ser evitada pelo Governo de maioria que deve usar a ciência para fortalecer os seus actos de política.

Um Governo de Maioria deve estabelecer publicamente no início da legislatura os grandes estudos científico e técnicos que irá realizar, assim como, os apoios que efectuará a toda a comunidade científica de acordo com os critérios públicos definidos pelo Governo de Maioria para fazer face aos desafios concretos com que o desporto nacional se defrontar nesse momento histórico.







II


A avaliação do fair-play pelo dirigente do COI Willy Daume é particularmente inspiradora ao estabelecer a intangibilidade do mérito e da necessidade de actos de reconhecimento:

”Success can always be measured, but fair play cannot”, wrote Willy Daume, the former President of the International Committee for Fair Play (CIFP). “Indeed, at victory ceremonies, there is no reward for this: no bonuses, no medals, no diplomas. Success is the visible aspect of sport, fair play the invisible one.”


The trophies which, since 1964, have rewarded generous acts, good manners, self-control and sporting gestures on the part of athletes, judges or audiences are not “consolation” or “good comradeship” awards. They are the tangible recognition of living demonstrations of the spirit and values that sport claims as its own.




Participei num documento sobre a Ética no desporto em 2006 onde se afirmava que:

“Veiculado pelo comportamento dos agentes e dos responsáveis, a Ética é um dos sub-produtos da actividade desportiva como os benefícios para a saúde do exercício físico regular.


A Ética é dos activos desportivos mais significantes e aquele que menos tem beneficiado da mesma atenção que outros países lhe dedicam no domínio do Desporto.


O investimento na Ética no Desporto gera benefícios transversais à sociedade e à economia e permite a formação de sinergias e consensos transversais da Educação à Indústria, da Cultura ao Turismo e das autarquias às Relações Internacionais.


Pela Ética o Desporto completa-se alcançando a dimensão de um activo cultural e civilizacional. Através do Desporto a antiguidade clássica produziu conteúdos do mais alto valor civilizacional e cultural em que se encontra a Ética.


Neste contexto, é possível ao Desporto Português valorizar as suas perspectivas e ambições e assumir perante o país o desafio que “A reforma mais importante é a do Desporto”.”




III
A ética não é pois um activo apropriável por uma pessoa ou por um grupo mas é um capital vital que a sociedade portuguesa pode beneficiar e deve acumular mais através do contributo do desporto.

A ética é um bem público porque os seus benefícios espalham-se pela sociedade e são apropriados genericamente pela população e pelas suas instituições e há a necessidade de uma intervenção das organizações públicas para promover a sua produção pelos atletas, clubes e instituições do desporto.


Os três exemplos que indico em primeiro lugar mostram como as legislaturas se perdem pela ausência de projectos direccionados para a promoção e aprofundamento dos comportamentos éticos no desporto português.


O Governo de Maioria não poderá dizer no fim do seu mandato que casos como os do Futebol Clube do Porto estão fora do seu alcance.


Também deverá desde início estabelecer tanto a sua ambição como os limites que não trilhará no aprofundamento


Convirá ter tento desde início e não criticar os que o antecederam porque isso é cómico e nada acrescenta ao bem-estar do desporto nacional e mais importante ainda, se fizer um trabalho bem feito evitará erros e dar mostras de incompetências, que afinal também terá, mas que será melhor evitar dar disso mostra, ao contrário de alguns que o evidenciam largamente.

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