segunda-feira, 16 de maio de 2011

Notas sobre as eleições legislativas de 5 de Junho de 2011

A política desportiva é o critério de decisão do blogue.


Um primeiro vector do critério de decisão está na existência de um programa de desporto.
É possível concluir desde já que o desporto não é relevante para as eleições de legislativas de 5 de Junho na perspectiva dos partidos concorrentes.

Dois partidos apresentam um programa para o desporto e os outros não apresentam.

Apenas o PS e o PSD falam da sua política desportiva.

O BE e o CDS nada falam de desporto e o PCP no compromisso eleitoral de 2009 também não falava de desporto. Veremos a proposta de 2011 do PCP quando sair.

Assim, o PS afirma a sua continuidade de política desportiva e o PSD procurando saídas coloca o desporto a par da cultura.

Este último facto pode constituir a transformação da política desportiva nacional que coloca o desporto por tradição sob a alçada da presidência do Conselho de Ministros o que capturou o desporto para os partidos.

As áreas que tradicionalmente mandam no desporto como a gestão e o direito, a segunda como poder efectivo não aparece directamente nas propostas partidárias, e a primeira como fogo fátuo é indetectável.

Porque é que isto acontece?

Estes elementos sugerem a frágil reputação do desporto para a solução das crises nacionais, como a actual a que se aplicam medidas de austeridade extremas e que atingirão gravemente o desporto. Também as áreas que lideram o desporto serão irrelevantes no contexto social alargado.

O desporto por si é um sector que tem dificuldades imensas de fazer valer os seus princípios de desenvolvimento desportivo, económico e social.

As falhas que menorizam o desporto socialmente serão as voltadas para a sociedade como:
  1. a inexistência de uma conferência anual do sector que foque a sociedade portuguesa no desporto tratando dos seus aspectos fundamentais;
  2. a apresentação de novos valores como se observa nas conferências publicitadas neste blogue é um sinal de vitalidade e de acumulação de capital científico e técnico acompanhados por grandes líderes desde há décadas. Porém uns são desconhecidos da sociedade e os outros fazem sentido desportivo e menor relevância nacional;
  3. a sintonia com a sociedade portuguesa é encontrada nos megaeventos que 'ardem/passam como um fósforo' e não é ajustada ao respirar da sociedade;
  4. a articulação, mínima que fosse, entre os principais agentes para sustentar uma estratégia de 'ataque' à sociedade;
  5. os líderes do desporto são adversos aos manifestos e às tomadas de posição públicas, que consideram um ataque ao seu estatuto de pitonisas que interpretam o oráculo para melhor garantirem a partilha do dinheiro público. Como a sociedade desconhece os partidos passam a assuntos socialmente relevantes;
  6. os blogues pouco focados no objecto desportivo do desenvolvimento e pouco articulados a falar os desafios a uma só voz sobre as matérias e com os termos que são próprios dessa matéria que é relevante. Os blogues de desporto não se metem na conversa dos grandes problemas nacionais;
  7. a realização de estudos com continuidade socialmente aferidos que dê conta à sociedade do que é o desporto, para onde vai e do que fez como resultado dos investimentos dos dinheiros sociais.
Estas inexistências são uma prova muito forte das razões da ausência de desporto nos programas eleitorais.

O desporto deixou-se menorizar pela venda de eventos a que habituou a sociedade os quais atingem o seu clímax com o Euro2004 e que com Pequim 2008 apanha com um banho de água gelada que, o desporto, ao manter no COP a mesma liderança falhada aos olhos da sociedade não-desportiva, coarcta ao sector a afirmação social de que o desporto tinha sucessos e também fracassos e que actuava sobre estes últimos para os impedir de se repetirem.

Também o futebol tem crises e fracassos repetidos e prolongados que culminam com o descrédito da sua liderança nos areópagos mundiais do futebol, fechando o círculo da frágil liderança desportiva nacional e da inoportunidade dos partidos falarem de uma coisa que não motiva a sociedade positivamente. Por si só os grandes clubes anulam-se porque constituem o mais efectivo dos afrodisíacos naturais desta sociedade desportivamente doente e a produção simultânea de actos que causam a repulsa social e que o desporto cultiva com largueza bem permitida.

Se o desporto é isto que descrevo então deveria haver alguém que estabelecesse uma linha limite para além do qual as coisas fossem diferentes.

Os partidos deveriam ser esse autor e protagonista do que pode e do que não pode ser no desporto português.

Isso não se observa nas eleições de 5 de Junho de 2011.

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