quinta-feira, 26 de maio de 2011

Mais e melhor produto desportivo

As federações são a maior estrutura desportiva nacional são líderes do mercado onde competem como monopólios desportivos, bem definidos por direitos de propriedade nacionais internacionais.
Elejamos o produto desportivo como elemento central do desenvolvimento desportivo nacional. Considere-se que quanto maior o produto desportivo maior o bem-estar social da população.

Esta análise justifica-se porque o fraco produto desportivo nacional necessita de ser melhor conhecido na sua natureza e na forma de actuar sobre ele.

No programa da actividade e da condição física procurou-se elevar estes conceitos acima do conceito de desporto.

Porém o aparelho produtivo de desporto produz desporto, enquanto a actividade e a condição física são características particulares.

Enquanto posição da administração pública do desporto é útil conhecer características como a actividade e a condição física e enquanto instrumento de produção de desporto é decisivo conhecer o produto e os produtores de bens e serviços desportivos.

A análise dos praticantes federados mostra que Portugal tem actualmente 6 grupos de federações divididas no quadro 1 da seguinte forma:

Quadro 1
  1. Futebol – 1 federação
  2. Campismo e Montanhismo, Basquetebol, Voleibol, Andebol, Ténis – 5 federações
  3. Golfe, Atletismo, Columbofilia, Judo, Patinagem, Natação – 6 federações
  4. Ciclismo, FADU, Ginástica, Equestre, Rugby – 5 federações
  5. Xadrez, Tiro, Trampolins, Tiro com Armas de Caça, Pesca Desportiva, Taekwondo, Ténis de Mesa, Vela, Desporto para Deficientes, Automobilismo, Canoagem, Orientação – 12 federações
  6. Surf, Remo, Hóquei, Dança, Actividades Subaquáticas, Badminton, Aeromodelismo, Lutas Amadoras, Triatlo, Petanca, Motociclismo, Aikido, Esgrima, Minigolfe, Damas, Bilhar, Voo Livre, Pentatlo Moderno, Bridge, Jet Ski, Corfebol, Paraquedismo, Boxe, Motonáutica, Aeronáutica, Tiro com Arco, Pesca de Alto Mar, Esqui, Arqueiros – 29 federações

Vamos esquecer o facto das actividades desportivas terem características distintas e avaliemos apenas a produção de praticantes inscritos.

Verificamos no quadro 2 o crescimento anual de 2005 a 2009 e depois a média maior de 2005 a 2009 e a média menor de 2007 a 2009.

Quadro 2 - percentagem

A série mais importante é a do total que dá um crescimento médio de 5% nos dois períodos considerados. Os grupos 1, 3 e 5 têm crescimentos medíocres, os grupos 2, 4 e 6 apresentam valores superiores a 10%. Ou seja, estes dados sugerem a expectativa de que as federações mais pequenas têm crescimentos maiores e as maiores federações apresentam crescimentos mais pequenos.

Quadro 3 - percentagem


O quadro 3 tem a subdivisão dos escalões etários do IDP, que concentra genericamente os praticantes de acordo com a sua idade e não de acordo com os escalões etários das federações, por simplificação da análise, porque os escalões etários das federações são diferentes de umas para as outras.

Estes resultados sugerem que os dois agrupamentos principais ‘até juniores’ e seniores têm importâncias diferentes nas federações maiores e nas mais pequenas.

Nas maiores a base da actividade são os escalões jovens e os seniores são menos de metade, o que é o caso dos grupos 1, 2 e 3.

Nas menores a base da actividade são os escalões mais velhos e os jovens são menos de metade, como se observa nos grupos 4, 5 e 6.



Conclusão rápida

1. Deveria arranjar-se forma de fazer o levantamento por idades de praticantes e não por estes escalões etários.

2. As federações mais pequenas têm estruturas de produção frágeis porque necessitam de maior número de praticantes dos escalões mais jovens para sustentarem o seu futuro.

3. Para alcançar a média europeia as taxas de crescimento médias em todos os agrupamentos têm de aumentar para percentagens superiores aos 5% actuais.

4. O agrupamento 5 e 6 são federações demasiado pequenas, menos de 2 mil praticantes, e com estruturas de produção frágeis que necessitam de crescer.

5. As federações dos agrupamentos maiores necessitam de distinguir melhor a sua actividade desportiva em desporto informal, recreativo e de alto rendimento para conseguirem consolidar uma base de bem-estar e amadora consistente e um alto rendimento tecnicamente mais especializado e principalmente concretizador sem preocupações de obtenção de resultados instantâneos mas pela consolidação do desenvolvimento orgânico.


A análise das estatísticas produzidas pelas federações nacionais demonstram que a condição e a actividade física são uma parte da caracterização do desporto e não são substitutos do desporto e da sua indústria de produção, ao contrário do que se quis fazer crer ao longo de legislaturas, prejudicando a eficiência das políticas de regulação do mercado do desporto em cada um dos seus segmentos fundamentais.

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