terça-feira, 3 de maio de 2011

O caso do ténis

O ténis é uma das modalidades que nunca conseguiu conquistar um título razoável de primeira grandeza para Portugal e, no entanto, tem empresários que se queixam constantemente da falta de apoio público para as suas iniciativas privadas.

Alguém deveria dizer a estes empresários que o dinheiro que lhes é dado impede Portugal de criar uma massa crítica de praticantes e consumidores de ténis de base capaz de alavancar o seu alto rendimento.

Mais, alguém deveria sugerir a estes empresários que, compreendendo que o seu empreendedorismo é de sucesso, que não se acanhem e uma vez que os seus esforços são mal protegidos pelos governos e autarcas, no desporto então era melhor levar a sua criatividade para outros sectores da actividade que os acolhessem como os empresários desejam.

Há alguns empresários que singraram no desporto e que sem saída no actual beco pressionam a esfera pública por vezes com maior sucesso que os líderes das federações.

Uns e outros encontram nas soluções com finalidade lucrativa a possibilidade de obterem rendas acessíveis e de curto prazo.

Tudo bem.

Agora o que uns e outros não se devem queixar é das dificuldades e do Estado lhes cortar o financiamento principalmente no actual momento de crise.

Há que escolher: ou o dinheiro público, de todos os portugueses, é colocado em rendas nos empresários e nas suas ligações desportivas ou há coerência e princípios para a aplicação dos dinheiros públicos e estes são aplicados na resolução das falhas dos mercados privados visando muito concretamente o aumento do produto desportivo nacional facilitando o desenvolvimento do consumo e da procura desportiva que os agentes privados capturarão a jusante com abundância.

A actual situação do desporto português demonstra que as opções de política no passado foram economicamente insustentáveis porque não geraram produto desportivo em toda a estrutura da pirâmide de produção desportiva.

Ouvir falar da João Lagos, da Parkalgar, do Euro2004 e de tantos outros projectos desportivos sustentados exclusivamente pelo esforço público por mais rendas que tenham sido pagas a organizações desportivas associativas a questão principal não é o dinheiro que foi empatado.

Haverá sempre agentes privados com finalidade lucrativa capazes de captar rendas desportivas com qualquer nível de produto desportivo.

O erro principal que se mantém é a incapacidade de tomar opções de fundo de acordo com princípios europeus e nacionais e trabalhar para alavancar o produto desportivo para níveis europeus.

O passado demonstrou que todo o financiamento recebido por João Lagos, a Parkalgar e o Euro2004 entre tantos outros gerou desporto para 45% dos portugueses e escassas medalhas e campeões mundiais e olímpicos.

O desafio para o futuro na óptica deste poste são dois:
  1. investir os dinheiros públicos para aumentar o produto desportivo, em vez de suportar as rendas dos agentes privados;
  2. incentivar os agentes privados do desporto como a João Lagos, a Parkalgar e os donos dos estádios, com uma política fiscal activa no fomento da produção desportiva em vez de subsídios públicos a fundo perdido;
  3. esperar que os empresários históricos do desporto português consigam manter o seu sucesso e ser ainda mais bem sucedidos com um desporto português com um produto acima da média europeia.

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