quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Bye Bye Portugal Bye Bye

Esta imagem tem uma história de sucesso com mais de 20 anos.

Quando a Espanha se candidatou aos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 organizou-os bem e ganhou medalhas, demonstrando que antes já trabalhava bem o desporto.


Depois disso cada competição veicula imagens como esta.

Numa palavra, a Espanha encarna a essência da civilização europeia, enquanto Portugal nem o conceptualiza nem actua convincentemente para o alcançar.

Portugal fica-se pelas vitórias morais dos coitadinhos mais pequenos da Europa, nem assume a responsabilidade de alcançar medalhas em Londres ou noutra competição qualquer.

Portugal ganhou zero medalhas zero nos Jogos Olímpicos de Espanha, mantém uma performance frágil e neste europeu de basquetebol ganho pelos espanhóis terá ficado em último, uma vez mais, em último perdendo todos os jogos disputados.


A ida outra vez do governo ao parlamento mostra a incapacidade dos deputados, representantes do país, de ouvirem e debaterem o futuro do desporto de forma estruturada e consensual.

As sucessivas tricas e 'à partes' dos deputados jovens são infantilidades, incompetências graves face às necessidades desportivas da população portuguesa e exemplos de incapacidade funcional e ética de colocar o parlamento à altura dos desafios nacionais no domínio do desporto.

Fora do parlamento os agentes desportivos privados são incapazes de gizar um futuro e tratam dos problemas das federações, dos infindáveis CAR's e não apresentam nem lidam com programas e instrumentos estruturais que ponham o seu trabalho na frente desportiva em que se encontra a Espanha e a Europa que dá cartas desportivas ao mundo.


A máquina de política desportiva de José Sócrates está mais oleada do que nunca, tendo apurado os oficiais conhecedores dos seus meandros.

Funcionários para tratar de facturas na contabilidade do Estado, para julgar prevaricadores das normas públicas e fazerem leis escorreitas não precisam de saber de desporto e devem ser apurados entre os melhores nessas funções técnicas e administrativas.


Agora, para tratar de Desporto da sua cultura no conceito civilizacional da Europa é que a 'porca torce o rabo' e o sucesso português comparado com a Espanha mostra claramente que quem trouxe e faz parte da máquina pública e privada de produção de desporto moderno tem limitações óbvias porque não há resultados de sucesso, nem eles são nem nunca foram apresentados e discutidos no Parlamento.

Os deputados da república de todos os partidos são iletrados desportivos, porque desconhecem o que é o desporto moderno e as suas exigências aos mercados e às sociedades. Os agentes privados estão sem chama e sem destemor pelo risco do empreendedorismo desportivo acobardam-se na subsídio-dependência irresponsável, indiferentes às consequências da sua negligência social.

Não haveria necessidade de que todos os deputados soubessem equacionar o futuro do desporto mas seria aconselhável que, pelo menos, houvesse um em cada partido que soubesse alguma coisa de desporto e política desportiva.

Certamente que com este Parlamento e estas audiências nunca nos aproximaremos dos resultados de Espanha, nem os primeiros-ministros de Portugal alguma vez gozarão dos benefícios que Zapatero aqui goza prazenteiramente.

8 comentários:

Marina Albino disse...

O seu desabafo, dá pano para mangas...e sobre ele até gostaria de tecer algumas considerações:
a) Quanto aos jovens deputados - infelizmente o nosso Parlamento não tem os melhores, pois quem entra nas listas não são os mais capazes, são aqueles que dedicaram o seu tempo ao líder.
E tudo isto não é apanágio de um só partido, é mal generalizado.
b) Quanto ao nosso pobre Portugal, ficamos contentes com alguns feitos desportivos e todavia não queremos olhar que eles muitas vezes são fruto da capacidade individual, ou de um clube e nunca de uma politica concertada, programada e estruturada em bases sólidas...e por isso vemos os nossos companheiros de Península a erguerem troféus ano após ano e sobretudo a defender os seus desportistas, quer nas horas boas, quer nas más;
c) Quanto ao actual governo, entendo ser cedo para aferir da sua actividade programática para o desporto; segundo o Secretário de Estado, no imediato há muitas questões "micro" pendentes e só após trabalhará nos aspectos " macro" do desporto.
Anseio por esse momento:tantas questões pendentes por resolver, nomeadamente a questão da criação do Tribunal Arbitral, o Regime Jurídico da Federações Desportivas, a política de incentivos ao desporto de alto rendimento e sobretudo uma visão urgente sobre o desporto praticado por todos, de âmbito popular e sem intenções de alto rendimento.
E já me alonguei....mas havia tanto para dizer.

Armando Inocentes disse...

Caro Fernando Tenreiro:

Parabéns por este post excepcional.

Se regressarmos um pouco atrás (26 de Julho de 2010), dia em que se iniciaram os Europeus de atletismo em Barcelona dei exemplos em karatedopt.blogspot.com:

O espanhol Alberto Contador venceu pela 3ª vez o Tour de France... e repare-se que desde 2006 esta prova velocipédica tem sido sempre ganha por nuestros hermanos...

No futebol, tanto no Europeu como no Mundial, a Espanha sagrou-se campeã...

Nos últimos Jogos Olímpicos, em Pequim, os espanhóis trouxeram para casa 18 medalhas...

No hóquei em patins, apesar de nós termos 15 títulos Mundiais e 20 Europeus, a Espanha venceu os últimos 3 Mundiais assim como os últimos 5 Europeus (e já vão com 14 Mundiais e 14 Europeus, quase a apanharem-nos!)...

Rafael Nadal é o número um do ranking ATP com 8 títulos do Grand Slam, tendo ganho este ano Roland Garros e Wimbledon...

Na fórmula um, Fernando Alonso foi o mais jovem Campeão do Mundo de sempre, vencendo em 2005 e 2006...

No basquetebol Paul Gasol brilha na NBA e o Barcelona é bicampeão da Europa...

No andebol, os espanhóis foram Campeões Mundiais em 2005 e medalha de bronze nas últimas quatro edições dos Jogos Olímpicos...

Até no futsal, desde que a FIFA organiza o mundial, só Brasil e Espanha chegaram ao mais alto lugar do pódio...

Em 2009, a Espanha obteve a sua primeira medalha de ouro nos Mundiais de Natação de Roma...

No Karaté, 20 medalhas de ouro em Campeonatos Mundiais, 20 de prata e 52 de bronze, com mais 3 primeiros lugares, 3 segundos e 2 terceiros no último Europeu em Atenas (e só estamos a falar de séniores)...


Um abraço amigo!

Fernando Tenreiro disse...

Caro Armando Inocentes

Faz bem em seguir os melhores para ter a dimensão aproximada da relatividade do que se faz e de algumas enormidades que se dizem.

A situação parece ir-se agravar porque o processo está sem norte e sem freio correndo para o que mexe e não dominando o futuro como fazem os nossos vizinhos.

Estamos a anos luz na ética.

É apenas uma questão de ética.

Não vou poder continuar neste registo e tenho de inventar alternativas.

Espero que não tenha as minhas limitações e possa alertar para o desnorte e as imensas limitações.

Um abraço e obrigado pelo seu comentário e informação abundante.

Fernando Tenreiro disse...

Marina Albino

Obrigado pelo seu comentário

Deixe-me só sugerir-lhe que pegue no aspecto que lhe parece central para mexer todos os outros e centrar-se nele.

Como conversa num blogue ou no café podemos falar de tudo.

Para o desporto crescer temos de nos centrar e fazer escolhas, assumindo movimentos iniciais e adiando outros.

Veja o discurso do José Manuel Viegas na Cultura e vai observar que ele fez escolhas e aponta um rumo.

Talvez seja esse um comportamento relevante.

Fernando Tenreiro disse...

Em tempo:
Onde digo 'José Manuel Viegas' deve ser 'Francisco José Viegas'

Marina Albino disse...

"Para o desporto crescer temos de nos centrar e fazer escolhas, assumindo movimentos iniciais e adiando outros."

Relativamente à sua afirmação, decorre da actividade governativa que as escolhas ainda não estão definidas ou centradas, na verdade ainda não consegui perspectivar o rumo - a continuidade não é desejável e a ruptura ainda não se vislumbra.
No que tange ao meu contributo para o desporto crescer, é fazer chegar a quem de direito o meu entendimento, oferecer a minha disponibilidade para o trabalho e para o diálogo - é na minha actividade profissional, nos casos de justiça desportiva, pugnar pela legalidade, pela equidade e justiça.
E sempre que se discutir um projecto de lei, enviar aos deputados das comissões a minha opinião de cidadã e profissional do Direito.

Armando Inocentes disse...

Se todos nós procedessemos como diz Maria Albino, talvez o panorama desportivo em Portugal fosse diferente...

Fernando Tenreiro disse...

E quando se oferece uma, duas, três, N alternativas e o panorama permanece imutável? O problema onde se situa?

É politicamente correcto receber em audiência o presidente das grandes organizações anunciar tal para a comunicação social e dizer-se que se está a resolver os grandes problemas do desporto.

Mesmo que esses problemas sejam corriqueiros e de fácil resolução que naturalmente se querem resolver para se ganharem uns segundos de visibilidade na comunicação social.

Este método de trabalho é política desportiva?

Este modelo será capaz de receber contributos sociais, de os incentivar e será capaz de os avaliar bem?