A produção de desporto, consideremos hipoteticamente para 80% da população portuguesa, tem de ser o objectivo para o desenvolvimento desportivo sustentado de Portugal.
Para que este objectivo seja alcançado há que definir um prazo de realização e as taxas de crescimento faseadas.
Por exemplo, o Reino Unido tem desde há décadas planos decenais para o seu desenvolvimento desportivo sustentado os quais foram realizados mesmo durante os períodos de liberalização como durante a Sra. Tatcher quando foram iniciados os contratos de privatização de serviços desportivos autárquicos denominados 'sport competitive tenders'.
Recorde-se que foi neste período que o Reino Unido passou pela vergonha do Heisel Park em que morreram dezenas de italianos e que houve um corte radical com as claques no Reino Unido.
A produção de desporto é o que o desporto português deveria fazer bem feito porque é aquilo que se relaciona com o seu 'saber fazer'.
Falar de investimento em museus, no actual momento de crise nacional acentuada, só se concebe pelo desconhecimento do custo da actividade para os consumidores e das barreiras que existem para o usufruto do bem-estar através do desporto.
Tanto o tecido associativo, como o tecido empresarial do desporto necessitam de programas de longo prazo para aumentarem a sua produção desportiva respondendo à predisposição de consumo de segmentos da população diferenciados que existem desde os carenciados até aos cidadãos com maior literacia e riqueza.
A definição de um museu olímpico como meta imediata representa tanto como o apoio público anual à prática dos atletas de alto rendimento e isso acontece pela ausência de uma estratégia que definindo com clareza a filosofia de um museu nacional olímpico e desportivo defina igualmente o prazo e as condições da sua realização.
O desporto não pode estar ligado ao que certos líderes do desporto habituaram o país.
Tenho apresentado exemplos mostrando que o país está farto das loucuras do desporto porque está a relegar o desporto nas hipóteses nacionais de financiamento e de desenvolvimento.
A produção de prática desportiva é o produto por excelência que o desporto pode oferecer à sociedade mesmo que actualmente tenha dificuldades nalguns segmentos de mercado do desporto.
É precisamente essa clarificação sobre os desafios da produção desportiva que deve incidir a promoção do desporto como sector da actividade nacional com objectivos claros de alcançar níveis de competitividade e produtividade com impactos positivos no desenvolvimento nacional.
Em síntese justifica-se:
1 - Estabelecer as características e as dimensões dos segmentos de produção desportiva, privados e públicos;
1.1 - Identificar os níveis de produção do tecido associativo e do empresarial;
1.2 - Indicar as falhas do mercado privado e as características e níveis de produção pública;
2 - Redefinir os direitos de propriedade das federações e dos agentes privados e promover esses direitos de acordo com princípios de eficiência económica.
Estes dois pontos ajudarão a esclarecer a forma do desporto passar de 45% para níveis superiores de consumo desportivo nacional.
Será o dar 'o seu, a seu dono', o que actualmente nem sempre está esclarecido como é o caso da crise das associações de futebol.
Uma questão interessante será fazer ao contrário do que faz o legislador desportivo português e em vez de esmiuçar as suas responsabilidades públicas, dar-lhes direitos de propriedade privados, como diria Coase, sobre o seu produto material e o intangível, defendê-los dos custos de transacção exorbitantes e ser severo na aplicação da lei geral, muito próxima da lei que se aplica às empresas de outros sectores.
Com estes pequenos passos será possível transformar e tornar mais eficiente economicamente a produção de desporto em Portugal.
Este será o passo para o desporto beneficiar mais das medidas de combate à crise que a curto prazo se abaterão sobre o desporto e que projectos como o do museu olímpico irá ser muito mais prejudicial para o desporto e os seus agentes.
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