terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Há que proteger os jovens que trabalham nas selecções

A salvaguarda dos recursos comuns é um dos elementos que a economia trata como sendo externalidades negativas para os salvaguardar. O facto de um agente consumir a totalidade de um recurso que é de todos prejudica toda a comunidade.

Os recursos comuns são os cardumes de peixes, as baleias, as florestas e os espaços das cidades que são usados por todos e lhes permitem retirar um determinado benefício.

Poder contar com jovens talentos que se formam em escolas locais acompamnhados pelos pais e por professores e voluntários atentos é um recurso comum que gera jovens talentos bem formados e que depois se tornam estrelas e pessoas de grande sucesso.

Os exemplos em economia mostram que as sociedades que esgotam os seus recursos comuns tornam-se sociedades mais pobres, enquanto as sociedades que os protegem tornam-se prósperas e geram benefícios sustentados para toda a sociedade.

Com a destruição dos clubes de bairro em Portugal ou com a sua protecção ineficaz Portugal deixou de produzir jovens atletas, actuação que foi levada mais longe quando não protegeu os atletas e jogadores de elite e os que vão ficando pelo caminho.

Teresa Machado e Albertina Dias são o exemplo de pessoas a quem se aproveitou tudo o que tinham para dar sem percaver o seu futuro e o que tinham para dar para toda a sociedade atirando-as para a base da remuneração sem qualificação.

Sabemos hoje que o recurso comum, dos jovens talentos e dos atletas de alto rendimento, está a desaparecer em Poortugal porque existe um consumo desregrado destes recursos valiosos que o Estado e os agentes privados expropriam directamente do seu capital desportivo, humano e social e, indirectamente, pela importação de valores mais baratos da África, da América Latina e do Leste.

A oferta de capital desportivo importado sem a protecção do capital desportivo nacional esmagando as condições de vida e de remuneração, nomeadamente através da destruição dos clubes de bairro é uma causa económica próxima da ineficiência do desporto português e relacionada com a destruição dos recursos comuns da sua juventude como se observa na incapacidade das selecções jovens de futebol encontrarem talentos.

Para proteger os recursos comuns há três acções economicamente eficientes:
1 - criar um imposto ou regular o uso desses recursos.
2 - criar um sistema de licenças para o direito de uso do recurso comum.
3 - tornar o recurso comum excluível e atribuir direitos de propriedade a alguns agentes.
Estas medidas pigouvianas e coaseanas tem tido sucesso para o uso sustentável de outros recursos comuns.

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