O fundo da conversa foram os desafios das federações em geral e da sua em particular no respeitante à produção desportiva de base.
Avançámos várias ideias nem sempre coincidentes e permitiu ver que de parte a parte havia argumentos fortes e possibilidades de desenvolvimentos.
Entretanto José Constantino no Colectividade Desportiva, aqui, fala do voluntarismo e António Barreto numa entrevista no jornal i, aqui, fala do direito das pessoas poderem trabalhar até mais tarde sem serem obrigadas a sair.
Creio que o âmbito da nota do primeiro são os cargos de liderança e os do segundo aquelas actividades em que o limite de idade é uma imposição legal, não se referindo necessariamente aos lugares de chefia.
Aceitando a argumentação de António Barreto em relação ao diferimento do limite de idade de acordo com condições do próprio individuo e das necessidades do seu trabalho é importante discutir as questões relacionadas com a liderança das organizações desportivas onde se eternizam líderes conhecidos.
Vicente Moura e Gilberto Madail creio que são líderes que se enquadram numa questão da liderança desportiva que deveria ser debatida publicamente.
Há vários casos que apontam para a sua saída e que se nõ houver um debate público tenderão a querer permanecer mais tempo.
As questões que apontam a sua saída são:
- foi durante a sua liderança que aconteceram alguns fracassos quer olímpicos quer do futebol
- particularmente, houve a falha de uma eleição internacional no caso do futebol, prejudicando gravemente a modalidade
- nenhum publica os benefícios materiais e financeiros que recebe pelo desempenho dos cargos que são também pagos por dinheiros públicos
- face a problemas havidos nenhum realizou uma auditoria externa e credível ao acontecido
- nenhum realizou um programa de desenvolvimento sustentado de longo prazo
- nenhum projectou a sua acção sobre o desporto nacional sendo certo que qualquer uma das actividades tem impactos decisivos e nem sempre positivos sobre o desporto nacional
Uma das lacunas da liderança nacional é a existência de líderes que se eternizam impedindo o acesso de líderes mais jovens, mesmo que venham a cometer erros.
Os velhos líderes do desporto português, quanto ao modo como actuam e não quanto à idade têm um custo elevado para o desporto português.
Os velhos líderes são inquestionáveis pela distância que criam com a realidade e através do consumo de recursos públicos para sustentar necessidades distintas das necessidades dos atletas que competem e das organizações que produzem o desporto.
O que Gilberto Madail e Vicente Moura deveriam fazer era organizar eleições democráticas e competitivas garantindo o confronto transparente e a independência dos candidatos perante as direcções cessantes ou outras forças, ao mesmo tempo que assegurariam a definição clara do que é melhor para os respectivos sectores.
Mas esta perspectiva parece ser uma contradição nos termos.
Nesta altura o PSD e o PP tem o desafio de colocarem à frente do desporto alguém de dentro do sector capaz de uma dedicação extrema podendo rentabilizar não só o interesse dos partidos como o do desporto.
Outra solução mais usual é o descrédito sobre o sector e nos seus líderes e usar um quadro político partidário o que gera limitações óbvias a observar no último lugar que o desporto português ocupa genericamente na Europa.
Há pessoas no desporto, poucas mas há capazes de fazer um lugar politicamente coerente e potenciador do bem comum nacional através do desporto.
Também há pessoas que são um susto e isto aplica-se a qualquer um.
Terminarei dizendo que há necessidade de uma transformação geracional no desporto português e tudo vai depender do que o PSD e o PP conseguir decidir de bom para o desporto nas próximas horas.
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