terça-feira, 23 de agosto de 2011

Porque existem instituições falidas no desporto?

Um conceito alargado de falência em que as despesas são superiores à receitas passam pela existência de um conceito simples da missão da instituição, de instrumentos capazes de avaliar o cumprimento e o incumprimento dessa missão e de instrumentos de sancionamento dos resultados.

Uma síntese das instituições desportivas nacionais mostra as dificuldades imensas de reerguer um conjunto de activos que ao longo de muitas décadas foram maltratadas.
  1. A Fundação do Desporto criada no tempo de Mirandela da Costa falhou o seu objecto inicial de financiar o desporto. Os seus corpos directivos foram incapazes de levar a sociedade e o Estado, um dos associados, a regular bem a actividade, também foram incapazes de propor com efectividade medidas alternativas, a partir de determinada altura deixaram de ter voz e todos mantiveram as suas funções. Desconhece-se se continuam a receber pelo trabalho desenvolvido.
  2. A Confederação do Desporto criada no tempo de Mirandela da Costa teve lideranças distintas de Luís Santos e de José Manuel Constantino conseguindo receber dinheiros privados e públicos. A sua missão inicial foi alterada e a actual não tem razão de ser no desporto moderno europeu. A incapacidade das suas lideranças actuais é o de reconhecer o que é bom para o desporto e actuar em consonância. A junção com o Comité Olímpico sendo uma solução comum na Europa em Portugal prefere-se a indefinição e o empenhamento dos escassos recursos públicos e a perda de tempo das direcções de federações em reuniões escusadas. A Confederação hoje não conta com a presença das principais federações o que quer dizer que desportivamente está morta, menos para aqueles que não têm o que fazer de competitiva e socialmente útil.
  3. Muitas federações estão falidas, sendo financiadas em grande parte financiadas pelo Estado que não apresenta medidas de reforma destas importantes instituições desportivas nacionais.
  4. Há muitas instalações desportivas que as autarquias não sabem que destino dar na ausência de programas e de missões desportivas que o Estado português nunca definiu transmitindo ao nível local as imagens do seu desnorte e dos maus exemplos centrais.
  5. As autarquias necessitam de exemplos de como gerir, promover o bem estar e projectar o futuro das suas responsabilidades desportivas. O silêncio do Estado sobre esta matéria e os impactos negativos de múltiplos erros centrais nas diferentes facetas da política desportiva é prejudicial às populações locais e ao trabalho das federações e da sua estrutura federada.
  6. O Complexo Estádio Nacional variou entre o projecto de Mirandela da Costa de uma intensidade de capital desportivo e financeiro desmesurada e o completo desnorte de actuar sem verificação de condições mínimas de sustentabilidade desportiva, saneamento básico, ambiental ou de integração no todo da área metropolitana de Lisboa. O Euro2004 ao criar os modernos estádios do Benfica e do Sporting varreu para debaixo do tapete e para o futuro a viabilidade do Estádio Nacional.
  7. O IDP vai ser fundido o que demonstra a existência de um programa alternativo pelo actual governo. Já no passado o PS e o PSD actuaram sobre a orgânica desta agência pública que actualmente atravessa uma crise orgânica e de funcionalidade  profunda.
  8. A SED vai ser fundida o que sugere uma alteração de conceitos que não se percebeu se é por via da modernização do desporto ou do fracasso da juventude que não sendo extinta é fundida com o desporto.
O caso da privatização do Pavilhão Atlântico deveria levar o desporto a abrir um debate qualificado sobre o seu futuro.

Desmantelar o capital acumulado, como privatizar pura e simplesmente mesmo que existam erros significativos, tem um custo desportivo, económico e social superior ao trabalho de reconstrução do desporto nacional.

O silêncio de princípios a par do elogio tradicional ao futebol, independentemente do merecimento de atletas e treinador, augura dificuldades maiores para o desporto português.

Sem comentários: