Luís Marques Mendes no Correio da Manhã de hoje, página 2, ex-líder do PSD, fala da estratégia desastrosa dos maiores clubes nacionais nas suas políticas de contratação de jogadores para a nova época.
As suas últimas palavras são:
«As suas decisões situam-se no mesmo plano das políticas erradas que o país seguiu nos últimos anos. Só que falta saber qual a troika que vai pôr ordem nesta desordem. Do que ninguém duvida é que, pelo andar da carruagem, o desastre é inevitável.»
Pode acrescentar-se que já não é apenas o facto do desastre das políticas dos clubes é também a imagem que LMM capta do que andam a fazer os expoentes do desporto português e dos impactos sobre todo o desporto e das soluções para a crise actual.
6 comentários:
Caro Fernando
O alerta não vem só de quem vem. O que abunda em alertas neste país, como neste blog e no Colect. Desp., excedem em muito as necessidades de alertas, destinados a esbarrar em cegos e em ouvidos moucos.
Nem sei se vale a pena alertar porque o peso de Luís Marques Mendes acaba por ter o mesmo peso dos blogs que se desunham a chamar a atenção, dentro dos moldes moderados, uns, exaltados, outros.
A explicação plausível reside no facto de as visões de quem está por cima, no poder, são diametralmente opostas às dos que alertam e apontam descaminhos.
Os corredores do poder são muito complexos, têm muitos nichos alimentados pela burocracia e, acima de tudo, condicionados pelos velhos e revelhos parcos recursos que ao desporto concedem.
Os parcos recursos são-no intencionalmente, se se considerar que em outros âmbitos até sobram, pelo que aquela velha explicação também não colhe.
Relativamente à esperança de novos dias, não se vislumbra melhoria, pese o ar de seriedade com o novo governo se nos apresenta, porque os corredores do poder continuam a abusar do poder.
Contentemos em continuar a alertar em vão porque vozes de burros, como a minha, não chegam ao céu.
Não basta uma prisão para se ser condenado.
Todos nós somos condenados sem estarmos na prisão, porque a nossa prisão é estarmos atados ao alerta.
Um abraço
Caro João
Tenho a ilusão que mesmo o alerta é uma função social útil e alavancadora de vontades.
A célebre Maioria Silenciosa existe e em múltiplos domínios não só os de nefanda memória.
O desporto tem uma maioria silenciosa que faz o que lhe mandam e sabe que 'se meter com aquele cujo nome não se pode pronunciar, leva'.
Vamos pois alertando
Um abraço
Caro Fernando
A maioria silenciosa, no fundo, continua silenciosa, porque é uma viagem sem retorno nem paragens.
Estamos condenados a permanecermos, e a contentarmo-nos com a, maioria silenciosa.
Repare que ao fim de seis anos de maioria silenciosa, o governo esbanjou fortunas, arruinou-nos, e colocou num canto da sala o desporto, com a permanente e rebarbativa etiqueta "escassos recursos".
Posto este país nas mãos de um troika que vem ensinar como extorquir esmolas aos pobres para manutenção da riqueza dos ricos, faz lembrar a premonição de Eça de Queiroz:
"Eu creio que Portugal acabou. Só o escrever isto faz vir as lágrimas aos olhos, mas para mim é quase certo que a desaparição do reino de Portugal há-de ser a grande tragédia do... século."
E a maioria silenciosa não tem forças para impedir a premonição de Eça.
A premonição é como um cutelo à espera da sua concretização.
Um abraço
Caro João
Vou-lhe dizer um segredo.
Acho que o PSD e o CDS vão cometer erros semelhantes aos que o PS cometeu no desporto.
Mas isto não se pode dizer desde já porque passaram 45 dias, quando se deve esperar por 180 dias para avaliar tudo bem.
Porque é que eu estou pessimista.
Pelo que não foi feito e não foi dito.
Não é pelo que foi feito e foi dito.
A Maioria Silenciosa espera que lhe dêem um oxigeniozinho, por graça do altíssimo ou de outros factores milagreiros.
Paul Krugman, o prémio Nobel da economia, diz que os médicos medievais sangravam as pessoas para lhes curarem as doenças.
Foi isso que aconteceu no desporto de múltiplas formas durante os últimos 6 anos e agora contrataram-se os mesmos doutores da igreja para quê?
Porque é que as pessoas votam se depois se contratam as mesmas pessoas para fazerem o que se fez no passado?
Acontece que a Maioria Silenciosa recusa aceitar que foi sangrada e que vai continuar a sê-lo se os doutores da igreja repetirem aquilo que sabem fazer melhor que é sangrarem o paciente.
um abraço
Caro Fernando
As pessoas votam não é para que o governo faça o que elas desejam, mas para que façam o que é melhor para o país.
É por isso que elas se revoltam: é pelo facto de que os governos afinal fazem o que é melhor para eles.
É uma armadilha de que nunca nos livraremos.
Um abraço
Caro João
A contradição maior é que hoje os técnicos têm um maior capital de conhecimentos do que tinham no passado.
Não vale a pena falar de nomes mas pelo menos na década de 80 havia chamados técnicos no IDP que não sabiam escrever uma linha.
Hoje existe um capital de licenciados, mestrados e doutorados ou doutorandos como nunca houve no passado e veja que os livros que saem têm apenas os nomes do presidente e do secretario de estado os quais coontrolaram cada linha e cada vírgula.
Estes técnicos que são mais valiosos do que no passado não têm uma atribuição de funções e avaliação de desempenho ao nível das suas capacidades e competências.
A pergunta é: e então o desporto necessita dos licenciados ou necessita do IDP que trabalha com funções administrativas simples?
Os resultados desportivos e sociais menores mostram que as funções afectam os resultados e existe a necessidade de actuar sobre as funções.
O erro da liderança pública aqui é que quando necessita de resultados conpra fora, em vez de usar os recursos internos ao IDP e ao desporto.
A liderança pública prefere ou não fazer estudos sociais ou contratar fora ou definir e utilizar funções administrativas que são menores e combater o debate público das políticas desportivas.
O que lhe quero dizer é que é possível analisar bem o que se faz e demonstrar a irrazoabilidade do que se faz.
Os desafios são elevados e não é por isso que não exijam o nosso empenhamento e tentativa de compreensão e alerta.
um abraço
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