São duas realidades opostas no domínio do desporto.
A análise económica e de outras áreas do conhecimento é inequívoca no que a Europa constrói no domínio do desporto e aquilo que Portugal faz.
A Europa é o único elemento que permite construir um horizonte material sólido.
O comportamento dos agentes desportivos nacionais, públicos e privados, contradiz o que a Europa faz e impede o bem-estar europeu da população nacional.
Não há que confundir os elementos nacionais que vogam a estratosfera europeia e aquilo que fazem e trazem para o todo nacional.
A actuação europeia dos especialistas de desporto nacionais faz-se segundo o 'saber-fazer' e a liderança europeia e em Portugal os especialistas de desporto portugueses comportam-se como os operários e os funcionários de base portugueses em qualquer outra função e que os fazem tão apreciados, segundo dizem, dos europeus mesmo dos mais desenvolvidos.
Os especialistas nacionais transferidos para Portugal ou nascidos no solo nacional o seu objecto é a captura de rendas e a externalização de benefícios dos segmentos vitais da produção desportiva, minando a racionalidade peculiar do produto desportivo europeu.
A capacidade de acompanhar os modelos de pensamento desportivo europeus mais avançados não lhes dá a compreensão do que se passa no solo pátrio e querendo impor racionalidades que julgam fundamentais não compreendem, e até que ponto quererão compreender, a diferenciação nacional que faz a riqueza europeia e o mercado desportivo mais competitivo do mundo.
Enquanto na Europa o processo de produção de política desportiva afasta elementos menos significativos em Portugal é possível pelos jogos partidários e corporativos haver elementos que legislatura após legislatura falham objectivos nacionais simples, como a produção de estatísticas e a prestação de contas desportivas, e que impedem a construção de um modelo que internalize as valias e impeça o acumular de erros e singularidades nefastas.
Houve a oportunidade de criar uma realidade com jogadores de grande qualidade existentes no mercado da política desportiva nacional. Porém, escolhem-se jogadores que não fizeram história em campeonatos anteriores e que também fracassaram.
Algumas limitações do programa para a legislatura até não seriam graves havendo agentes capazes de levantar a cabeça dos negócios pequenos em que se envolvem e olhar a totalidade do tabuleiro de jogo.
A magia do desporto de Carlos Lopes a Nelson Évora, de Eusébio, Figo a Cristiano Ronaldo e de tantos outros que noutras modalidades alcançam os mais altos lugares é a sua capacidade de jogarem para além do espaço desportivo em que se defrontam com o adversário directo e do seu conhecimento acima e para além do imediato.
Mas os elementos capazes de levantar a cabeça e pensar o jogo onde estão e quem são?
Porque é que em Portugal esses elementos são preteridos, vilependiados e escorraçados?
Uma coisa é certa: Certa bancarrota e alguns dos limites do desporto português deve-se certamente aos elementos que se vão sentando em cima do pote e principalmente daqueles que justificam o injustificável não percebendo o seu contributo decisivo para o caminho que o desporto trilha e que foi por si escolhido.
A dificuldade de Portugal singrar não se deve à dificuldade dos cargos e à oposição das condições de base nacionais mas sim à clara incapacidade de quem está em cima do pote de lhe dar a aplicação útil para o futuro desportivo nacional.
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